Fiz um apanhado dos meus essenciais na gravidez e à medida que o momento se aproxima, e depois de entrarmos no mundo da maternidade, somos inundados com imensa publicidade de coisas e coisinhas, para nós, para o bebé e nem tudo é essencial.
Acho que muita coisa depende de cada dinâmica familiar e muitas outras coisas vão depender do bébe que ainda não nasceu, por isso é um erro precipitarmo-nos. De forma completamente aleatória, mas vou tentar ter uma ordem temporal, vai ser impossível eu sei, vou tentar, o que foi essencial para nós até aos 3/4 meses:
Para aquela primeira fase na maternidade, usamos tudo o que estava nas malas e fez-me falta camisas de dormir/pijamas adequados à temperatura. Na altura que tive o meu bebé estava imenso calor (finais de junho) e eu só tinha 1 camisa de dormir de manga comprida, era impossível sobreviver. Como moramos relativamente perto do hospital, os meus pais acabaram por me levar mais algumas que tínhamos em casa. Lembro-me de pedir comida que me apetecia imenso, porque a comida de hospital é que todos sabemos, e tive imensos desejos de coisas que não pude comer na gravidez.
Não usamos praticamente nada do F. porque ele foi internado e na neonatologia tinham tudo. Ele acabou por usar apenas metade de duas mudas de roupa (usou só os interiores, ou seja, só uma camada de roupa porque estava muito calor lá dentro!), uma para o último dia que lá esteve e outra para virmos embora. Usou uma mantinha e uma toalha de banho.
Era decisão minha amamentar, não sabia que ia ser tão difícil depois de uma cesariana e ele ser internado, mas queria muito e logo na maternidade foram-me úteis os discos absorventes de amamentação e as copinhas de prata. Usei bicos de silicone, mas foi o hospital que deu, se bem que acabamos por comprar até conseguir retirá-los, e compramos uma bomba extratora de urgência porque o F. ficou mais tempo internado que nós. Compramos a primeira que apareceu, dada era a inexperiência, e trouxemos uma da Medela que custou só 166€. Em relação à bomba são decisões que cabem a cada um. Tive uma gravidez muito saudável, nunca contei precisar de bomba de urgência, se quisesse jogar pelo seguro tinha comprado outra ou tinha procurado melhores preços. A bomba continua a ser-me muito útil porque já regressei ao trabalho, mas estive meses a fio sem usar porque o F. pegou muito bem na mama desde que nasceu.
Para os primeiros meses, a nível da higiene do recém-nascido, pouco ou nada usamos, eram só compressas não esterilizadas e água, para a fralda e para o coto umbilical, soro fisiológico às vezes. Foi muito raro darmos banho, mas depois começamos a perceber que o banho o relaxava, então incluímos na rotina, mas a partir do 2º mês, por aí. E a nível de cremes não usamos praticamente nada. No 2º mês, a acne pré-natal teimava em não dar tréguas e comecei a meter um creme para pele atópica da mustela que resolveu de forma muito simples e rápida. Ainda usamos esse creme para tudo. Para a muda de fralda usamos o lineamento da uriage, que apesar de caro, funciona muito bem.
As fraldas, ainda tenho esperança de conseguir fazer a passagem para as fraldas reutilizáveis, mas o F. nunca fez reação a qualquer tipo de fralda, de momento estou a usar as do Continente, que são as nossas preferidas.
A nível de roupa, nas primeiras semanas pelo menos, era o mais prático possível. Babygrows de corpo inteiro, nada de camisolas ou peças que fossem de enfiar pela cabeça, muitos bodies e uma ou duas roupinhas mais bonitas para sair (mas é opcional claro!). A nós não nos fazia muito sentido ter tamanhos 0 porque já sabia que ele nasceu grande, o tamanho 0 serviu-lhe uma semana se tanto, a mesma coisa as fraldas, ele no hospital já usava o tamanho 1 de fraldas. E a nível da roupa queríamos mesmo o mais prático possível. Tivemos sorte porque ele nasceu em cima de muito calor, então pouca roupa usamos, ele estava sempre de fralda, dormia de fralda porque estava mesmo muito calor e para sair era o mais simples possível. No primeiro mês usamos babygrows de corpo inteiro, depois comecei a evitar as partes de baixo com pés cozidos, porque o F. sempre se mexeu imenso e achava que os pés o atrapalhavam, então prefiro calças sem pés e meias.
Usamos bastante o sling e a mochila ergonómica. O sling desde o primeiro dia e a mochila a partir dos 2 meses mais ao menos, até porque eu encomendei-a antes de ele nascer e ela demorou imenso a chegar. Mas o sling foi e continua a ser muito usado. Ajudou muito nos primeiros tempos com as cólicas e com os arrotos de madrugada. Ele adormecia muito rápido e dormíamos todos.
Comprei o next-to-me quando chegamos a casa da maternidade, porque tínhamos berço de grades, mas percebemos que não era o mais prático. Apesar de ele dormir 90% dos dias connosco até hoje, o next-to-me dá outra proximidade quando o queríamos colocar no berço. Foi um bom investimento, se bem que comprei-o usado no OLX, mas está como novo.
Para a hora do banho, comprei uma rede na amazon para me sentir mais segura. Ele vai fazer 8 meses e ainda adora estar na rede e sempre adorou tomar banho. Usamos a banheiro do IKEA que foram os meus pais que ofereceram.
Estes foram os nossos essenciais, posso-me estar a esquecer de alguma coisa certamente.
Apesar de ainda nos acompanharem todos os que referi, a partir dos 3/4 meses começamos a ter um mini adolescente em casa que precisa de outras coisas, e por isso decidi dividir.
É como na gravidez, contam-nos muita coisa, e outras tantas tão importantes ficam por contar. Cada experiência é uma experiência é lógico, cada bebé é um bebé, cada mãe é uma mãe, mas gostava de ter sabido algumas coisas para me preparar de forma diferente.
Tive um pós-parto muito tranquilo, um pós-parto imediato quero dizer. Controlei-me muito para me manter sã, quis logo sair de casa, consultas, almoçar à sogra, receber visitas. Sou uma pessoa que precisa muito de apanhar ar e ver a luz do dia, andar ao ar livre, tomar um café e ver o mar, e o verão de 2022 foi muito sufocante. Já o sabia de antemão, o F. estava previsto nascer em inícios de julho, nasceu em finais de junho, tudo o que fosse noites quentes de verão, praia, cafezinho de final do dia iria ser muito diferente, mas na minha ideia esses momentos podiam existir com os devidos cuidados. Senti falta do Verão confesso, foram uns meses complicados. Senti falta de ver o mar, o pôr-do-sol, da esplanada, do calor e do ar puro. Acho que ter ficado em casa dos meus pais que não ajudou neste processo, o ter-me habituado a ter companhia para tudo (porque a minha mãe esteve de férias) fez-me acomodar para sair sozinha com um bebé.
Para mim, o período crítico no pós-parto imediato veio com a primeira mastite ao fim do primeiro mês, com uma infeção uterina logo a seguir e com fissuras nos mamilos ao mesmo tempo. Isso abanou-me um bocadinho. Quando dei pela mastite resolvida senti-me renovada, porque a recuperação da cesariana até foi tranquila.
O F. sempre foi um bebé muito calmo, de dormir bem e muito tempo seguido. Lembro-me de nas primeiras semanas nenhuma visita o ver com os olhos abertos e mesmo para lhe tirar fotos com os olhos abertos era difícil. Teve algumas passagens de cólicas, tivemos noites agitadas, mas foram duas semanas, descobrimos os segredos dele e lá conseguimos seguir o caminho. Muito babywearing, muita maminha e muito colinho, ele dormia horas seguidas em cima de nós e que bom que foi. Dormia ele e eu adormecia com ele, recuperei muitas horinhas de sono assim. Diria que a nível de sono os primeiros quatro meses foram relativamente fáceis, o pior começou depois. Entre os 2 e os 4 meses ele dormia praticamente a noite inteira, não acordava sequer para comer. A chegar os 4 meses teve a primeira bronquiolite e descambou tudo. Somou a isto a regressão normal dos 4 meses e medicação que tinha de ser dada de madrugada. A partir dali nunca mais conseguimos que ele dormisse a noite toda e, na mesma altura, regressei ao trabalho e ficou o pai de licença. A solução que encontramos foi pedir para ficar em teletrabalho, ir esporadicamente à empresa, e sempre consigo descansar mais alguma coisa.
Ninguém me contou que amamentar em exclusivo é a melhor coisa do mundo, mas a mais difícil também, pela disponibilidade que precisamos ter. Precisei descomplicar muita coisa na minha vida para poder amamentar sem preocupações. Ainda assim, apesar de sempre ter querido muito amamentar, para mim o melhor começou por volta dos 4 meses, quando eles começam a reconhecer-nos e a sentir o cheiro, e andam à nossa procura com as mãos. Essa ligação continua até hoje (vamos quase em 7 meses!) e é deliciosa. Ninguém me preparou para isso. Tem sido um caminho bonito, mas duro. Já ponderei muitas vezes, acho que todos os dias, comprar leite de fórmula, mas lá vamos seguindo caminho sem arrependimentos, e enquanto me for possível, estarei de maminha ao léu.
Ninguém nos contou que as outras pessoas, família e amigos, criam expetativas sobre o nosso filho e sobre nós como pais. Porque raio temos de criar expectativas da forma como vamos lidar com os filhos dos outros, seja neto, afilhado, sobrinho, enteado, o que for. Essa tem sido uma luta diária, precisamos de encontrar o nosso equilíbrio.
Ninguém me contou que ia ser tão bom que chega a doer só de olhar para ele. Que de um momento para o outro as nossas prioridades mudam e que movemos montanhas para os ver bem e felizes.
A minha jornada da maternidade continua noutros capítulos, conforme o senhor meu filho autorize, porque agora é ele que manda.
(algures no pinterest mas nunca fez tanto sentido)
Não sou muito disto, nem paro muito para agradecer a um ano, porque não faz sentido, agradeço todos os dias à vida e faço por merecê-la. Mas 2022 foi um ano muito especial, duro, especial, bonito, foi um ano de muitas e muitas aprendizagens para a vida. Vou enumerar por ordem de acontecimentos:
2022 começou a notícia da minha gravidez. Assustados, mas felizes e preparados, foi assim que nos sentimos até ao F. nascer. Íamos ser pais de um menino.
Em fevereiro apanhei o maldito vírus covida-19, estava de 18 ou 19 semanas de gestação e ainda não sentia movimentos fetais. Desesperei que queria comprar um doppler fetal para ter a certeza que estava tudo bem com o bebé, até que no dia que faço as 19 semanas penso sinto qualquer coisa muito estranha na barriga e chamo o L.. Ficamos ali à espera que se repetisse e o L. diz “Senti! É ele!”. Estávamos encharcados em febre, cheios de dores de cabeça e de corpo, garganta também, entupidos em medicações. Passamos os restantes dias a olhar para a minha barriga, era o nosso passatempo favorito, tendo em conta que a nossa energia não era muita para quase nada.
Em Fevereiro ainda vejo realizado um dos meus principais objetivos: efetividade, um contrato de trabalho a tempo indeterminado! E naquela situação, conhecendo bem o panorama português no que toca a despedimentos de trabalhadoras grávidas, a renovação deu-me um alivio para começar a preparar a chegada de um bebé e para viver a gravidez com mais calma e tranquilidade.
Em Março, começa a cair-nos um bocadinho a ficha que estava a chegar um bebé, que não tínhamos nada pronto e que nem sabíamos em que casa estaríamos à data do nascimento, visto que tínhamos comprado casa em Novembro de 2021 e estava tudo atrasado. Não sabíamos se nos iriamos mudar em Maio, Junho ou Julho, e o F. estava previsto chegar em inícios de Julho. Começamos a stressar com aquele panorama, a minha mãe ia ajudando com o que podia, foi preparando um quarto para nós e para o pequeno caso fosse houvesse alguma emergência, mas nada foi preparado ao nosso gosto e organização (e a nível de organização admito que chorei muitas vezes, mas explico mais à frente).
Todos estes meses até Maio foram relativamente tranquilos, ia quase todos os meses ao Algarve em trabalho e preparar o estágio, mas tive uma gravidez muito tranquila, que me permitiu isso. Ao chegar às 35 semanas de gestação, ali a bater o início de Junho, comecei a stressar com as idas ao Algarve, ainda mais com as noticias do estado das urgências obstétricas no país, mas especialmente no sul. O exame era a 7 e 9 de Junho e o F. estava previsto nascer umas semanas depois, mas fazer o exame implicava ficar uma semana em Faro sem saber o que poderia acontecer. Caso ele decidisse nascer em Faro, não poderíamos voltar ao Porto no dia a seguir, teríamos de aguardar uns dias. Toda essa ponderação obrigou-me a parar e definir prioridades e a minha prioridade foi a minha gravidez e o bebé que estava a gerar.
Os finais de Maio e inicio de Junho ficaram marcados por estas decisões, nada fáceis, e pela mudança de casa. Não tivemos tempo de preparar nada da nossa casa, então ficamos temporariamente em casa dos meus pais, até termos tudo em ordem. No meio das mudanças, recebemos a notícia que estava com muito pouco líquido amniótico, que provavelmente teriam de induzir, mas aparentemente estava tudo bem comigo e com o bebé. Durante duas semanas, fomos dia sim, dia não ao hospital para ser vigiada e às quase 39 semanas decidiram induzir.
Junho foi o mês mais marcante do ano, dia 22 nasceu o F., de um parto induzido que terminou numa cesariana. Um momento respeitado para todos, mas que ainda não o resolvi bem, mas que aos bocadinhos lá vamos. Em junho, começou a maior aventura das nossas vidas, anda fácil, muito desafiadora, mas que vale totalmente a pena! Costumo dizer que a maternidade é uma lufada de humildade e é verdade.
Estar em casa dos meus pais, deu-nos uma suporte e apoio que dificilmente teríamos em nossa casa, mas foi difícil encontramos o nosso lugar enquanto pais, foi muito difícil, acho que continua a ser, mas vamos tentando e vamos conseguindo, com amor e respeito. Nem sempre é fácil, mas acho que a base é sempre o diálogo e a comunicação.
Em finais de Setembro, na consulta dos 3 meses, descobrimos que o F. tem um problema cardíaco genético e caiu-nos um bocadinho o mundo. Os primeiros dias foram complicados, mas procuramos ajuda e no meio da confusão encontramos a nossa calma, é resolvível, será feito cateterismo, é um procedimento simples e não invasivo, mas que assusta de qualquer das formas. Vamos sendo otimistas e positivos, porque é isso que temos de ser pelo pequeno, ele não merece o contrário.
Estes 6 meses foram de amamentação exclusiva e que orgulhosa me sinto por dizer isso, porque tem sido uma luta a contar noutra publicação. Era uma coisa que queria muito e que conseguimos, e está para manter o tempo que quisermos.
Dezembro fez 6 meses que o F. nasceu e uma semana antes começamos a tão esperada introdução alimentar, que falarei mais à frente também.
Em modo de resumo, 2022 foi um desafio que nos deu o nosso melhor presente. Sabia que era bom, não estava preparada para isto.
Entramos no último trimestre de gravidez e tenho um pequeno terrorista aqui, que não para quietinho um minuto, quando para até estranho. Tenho dito muitas vezes que para tudo o que temos vivido tenho tido uma gravidez santa, porque estes últimos meses, principalmente estas últimas semanas, têm sido o reboliço total nas nossas vidas, e não tive complicações nenhumas ao longo da gravidez. Os sustos normais como já contei, gases, uma outra dor estranha para pais de primeira viagem, mas nada que deixasse de cama ou que indicasse um parto prematuro.
Em novembro do ano passado, de 2021, decidimos comprar casa, já depois de sabermos que vinha um bebé a caminho. Vivíamos num apartamento arrendado, a senhoria deixa-nos os cabelos em pé, até tínhamos ideias de ficar com o apartamento porque gostamos especialmente da localização, mas depois começamos a perceber os joguinhos dela, então decidimos que íamos procurar uma casa com algum espaço exterior. Depois de uma semana de descobrirmos que estava grávida, vimos uma casa que preenchia quase todos os nossos critérios, principalmente o preço porque, mas ligeiramente fora da zona que queríamos, mas a casa tinha muitas outras coisas que na zona que queríamos não íamos encontrar. Não àquele valor. Naquele dia viemos embora pensativos, falamos muito pelo caminho, fizemos contas à vida, às nossas poupanças e a tudo e mais alguma coisa, e decidimos que era uma boa oportunidade. Apesar de ser mais afastada, estamos a sensivelmente 20 minutos de carro dos nossos trabalhos, estamos a 10/15 minutos dos nossos familiares, estamos relativamente perto dos principais serviços e acessos que usamos todos os dias. Da forma como está a ficar o mercado imobiliário, decidimos que ou era ali ou podia não ser mais. Fizemos contas de tempo também, mudanças, sair do apartamento, ir para a casa, tenho exame da ordem dos advogados em Faro na primeira de junho, e tinha de me deslocar ao Algarve não sei quantas vezes ao longo destes meses, mas inocentemente achamos que ia dar tempo para tudo. Pois bem, achamos mal, muito mal. Reservamos a casa a 6 de novembro e assinamos a escritura a 6 de abril. Todo o processo demorou 5 meses. 5 meses de stress, 5 meses de vida parada e 5 meses de uma gravidez, quando uma gravidez tem 9/10 meses, e o bebé não tem data e hora marcada para nascer, vem quando ele quiser, apesar de haver uma data prevista, é apenas uma previsão.
Estes meses têm sido cansativos e duros, muito duros, principalmente esta fase final, e se calhar por isso é que me queixo tanto de desconfortos da gravidez, porque sinto-me todos os dias a não poder aproveitá-la. Todos os dias luto para me manter calma e serena, positiva e otimista, mas com energia para fazermos tudo a tempo. Sinto-me constantemente cansada psicologicamente, sinto-me a precisar de ajuda e a não ter tempo de a procurar.
Têm sido tempos de mudanças de casa, de preparar a chegada de um bebé, de viagens Algarve-Porto duas a três vezes por mês, às vezes no mesmo dia, viagens que englobam uma logística e muito estudo também, um trabalho a full-time que adoro, e uma gravidez que tem sido calma, mas de calma não tem tido nada.
Quando vi a compra da casa tão parada, decidimos montar tudo do bebe em casa dos meus pais, pelo sim, pelo não, foi a melhor decisão, porque caso lhe apeteça vir mais cedo, temos tudo preparado, mas nem isso tem sido fácil também, porque sinto que não dedico o meu tempo a 100% a nada.
O L. diz-me todos os dias à noite que vai tudo correr bem, e a verdade é que tem corrido, mas sinto-me exausta e sei que estamos os dois exaustos. Ainda esta semana lhe dizia “sinto o meu corpo a pedir-me para parar e não ter tempo sequer para pensar nisso!”. E espero ter tempo para isso antes deste baby lhe apetecer nascer.
Não acho que a gravidez seja o estado de graça que se faz parecer, aliás achei sempre que ia gostar muito mais de estar grávida. Tem um ‘quê’ de magia e tem um ‘quê’ de desconforto e adaptação. Acho que há assuntos que ninguém aborda na gravidez e há outros quantos que ninguém aborda no pós-parto, daí nunca estarmos preparados para a aventura que vai ser. Claro, cada caso é um caso e cada experiência é uma experiência, mas se falarmos abertamente dos assuntos, estamos mais preparados. Daí que, na minha opinião, seja tão importante a procura de informação, quanto mais melhor e a partilha de experiências também.
Estamos a meio do terceiro trimestre e houve alguns pormenores que ninguém me contou:
- Incontinência, se assim lhe posso chamar, nem sei bem o que é. A sensação de espirrar ou fazer algum movimento brusco e ficar constantemente molhada. É uma sensação horrível, pensei que terminava no máximo quando somos adolescentes, só que não.
- A vontade constante de ir a correr à casa de banho é muito constrangedora. Nesta fase, deixamos manias de lado como “Ai só vou à casa de banho em casa.!” Ou “Casas de banho públicas nunca na vida!”. Eu era uma destas e já calei a boca muitas vezes, quando vejo uma casa de banho vejo vida literalmente.
- Que a barriga é muito fofinha, mas que também vai ser incomodativa quando vamos fazer as nossas necessidades, e sim, isto fez-me muita confusão, desculpem o desabafo, não estava preparada.
- A barriga é toda uma coisa muito fofinha, mas o peso que lá está, incomoda, pesa. Ando 10 minutos e sinto-me com duas toneladas de acréscimo em cima do corpo, sinto-me literalmente a arrastar, não só os pés, mas o corpo.
- Os pontapés e o bebé a mexer é mágico, é efetivamente mágico e único, mas quando lhes apetece enfiar os pezinhos, as mãozinhas, o que quer que seja, nas costelas, não é lá uma coisa muito agradável. E este terrorista deve gostar de fazer conchinha tão pequenino, porque sinto-o a encolher-se todo num lado da barriga. Sim, dói, é verdade, e desconcentra.
Muito provavelmente há coisas que me estou a esquecer e amanhã vou pensar “Fogo, podia ter falado disto.”. Mas é isto, um mero desabafo de uma fase que tem tanto de bom, como de novo.