Tentei ser menos consumista e mais realista em 2018 e consegui. Objetivo cumprido. O objetivo era comprar menos e poupar mais para tirar umas férias, e consegui tirar dois períodos de férias, ir a alguns concertos e aproveitar outro tipo de coisas. O objetivo era controlar os meus vícios e guilty pleasures, foi difícil, cedi algumas vezes, mas não tantas como costumava fazê-lo, e o principal objetivo foi cumprido com distinção. Venho então partilhar algumas, porque não me lembro de todas, das melhores e piores compras que fiz ao longo de 2018.
Vou começar pelo pior, pelo meu pior dinheiro gasto e que se soubesse não tinha comprado, mas agora não há muito a fazer. Algumas das coisas já pus ao lixo, já dei ou já estão a um canto para reutilizar.
Duas malas que comprei para o meu mini computador. Que erro gigante! A primeira que comprei custou-me quase 40€ na Parfois, ainda estava a loja em saldos de Natal, porque foi mesmo no inicio do ano. Não imaginam a minha desilusão quando, nem passada uma semana, a alça da mala arrebenta por completo e eu já não sabia do talão para trocar ou ir lá, sou sempre a mesma nisso! Ainda tentei compor em casa, levei a uma costureira e, posteriormente, a um sapateiro, mas nada a fazer, além do prejuízo que não seria, porque a mala já me custou, ainda teria de pagar o arranjo. Ou seja, pouco ou nada a usei, acho que a usei 2 ou vezes. Desilusão muito grande, tenho evitado muito ir à Parfois, porque custou-me mesmo! Tentei desenrascar-me com a minha velhinha, que já estava toda rota, mas sempre me safou nas horas mais difíceis e nunca me falhou ao longo de tantos anos. Passados uns meses, numa ida à feira com os meus pais, para comprar fruta, ao sábado de manhã, vi uma tendinha de malas. Decidi dar uma espreitadela e gostei muito de uma mala que lá tinha, que era pequena e jeitosa para andar com o meu computador, que é pequeno e levezinho, não exige uma mala muito grande, fora quando ando cheia de tralha. Perguntei ao senhor o preço, que já não me lembro bem se foi 15/20€, ainda hesitei se a trazia ou não, mas ele lá me convenceu, e o meu pai que estava ao lado também achou que era uma boa aposta, Bem, sempre durou mais que anterior e foi mais barata, mas a vida dela não passou dos 5/6 meses. Também me partiu o coração quando me apercebi que não a podia usar mais, se não aconteceria o mesmo que à outra. Maldito dinheiro gasto em malas para o computador! Mas a da Parfois foi maior. Ando a precisar comprar uma, mas até me custa, porque acho que elas vêm amaldiçoadas para as minhas mãos, e para isso prefiro andar com a minha que está velhinha, mas pronta para mais uns anos.
Logo no inicio do ano também comprei uma garrafa térmica, ou supostamente térmica, na Flying Tyger. Ok, ela custou 4/5 euros, e não explodiu nem nada parecido (sim, porque eu tive uma garrafa que partiu mesmo quando lhe virei água quente), era mesmo gira, e eu apaixonei-me por ela quando fui uma vez com o L. à Tyger ver qualquer coisa que precisávamos. E, vá lá que durou quase 1 ano, é tempo record por estes lados, mas começou a desfazer-se toda. Do género, o plástico separava-se do metal e o metal do plástico, o boneco que era em papel desapareceu, eu sei lá. Cheguei a um ponto que já me custava sair com ela assim de casa, então andei uns meses com ela por casa. Como a nossa cozinha fica no andar de baixo e os quartos no de cima, gosto de beber da garrafa, por exemplo ao domingo à tarde, quando estou em casa, para não andar sempre a subir e a descer. Então, ainda a tentei aproveitar para isso, mas nem para isso ela já estava a servir. Também tenho de comprar uma, ando com uma muito velhinha, que já era do tempo da minha mãe, que nunca me falha, mas já começa a dar sinais de vida.
A nível de roupa, arrependi-me de comprar duas coisas. Nos saldos de inverno, comprei um blazer na lefties, que me custou 7/8€, até fui com a minha irmã, e ela escolheu outro que não havia o meu tamanho. Qual não é a minha surpresa quando começo a usar o blazer perto da Primavera e ele começa a ganhar imenso borboto. Basicamente, usei-o umas duas ou três vezes, e ele já parece que tem anos de uso. Querer comprar coisas muito baratas dá nisto, falta de qualidade e dinheiro gasto. Mas, já fora dos saldos, já não me lembro bem em que altura foi, comprei umas botas bejes na Pull and Bear outlet, e nem foram muito baratas, o preço delas foi 25€ acho. Foram as botas mais desconfortáveis que comprei até hoje e na hora não me pareceram tão desconfortáveis. Levei-as uma vez para o escritório (quando ainda estava no primeiro estágio) e quase chorava com as dores nos pés. Elas têm a sola de madeira e é mesmo muito desconfortável. Entretanto, passei-as à minha irmã que usa o mesmo número de calçado, mas ela também não deve ter gostado, porque nunca a vi usá-las muito. Enfim, às vezes mais vale gastar mais um bocadinho e comprar com qualidade.
Mas, nem tudo foi mau e consegui fazer algumas compras razoáveis, coisas que me fazia mesmo falta, outras nem tanto mas que acabaram por me dar jeito por uma razão ou outra, e que não me arrependi nada de as comprar.
Começo por falar nas melhores sapatilhas que comprei até hoje, que não as tenho largado por nada e foram as sapatilhas que levei de férias. Até foi por isso que as comprei, porque queria levar mesmo calçado confortável e que me servisse também para trabalhar, quando tenho trabalhos fora do estágio. Foi uma das compras online que decidi fazer, e apesar dos portes que tive de pagar não me arrependi nada, o serviço foi muito eficaz. As sapatilhas são da Adidas, o L. estava sempre a recomendar-me a adidas, apesar de eu ter sido sempre #teamnike, e este ano decidi apostar, e ainda bem. Custaram-me 40€, mais os portes, mas foi das minhas melhores compras e investimentos. Sei que me vão durar imenso tempo e que tenho umas sapatilhas para tudo o que precisar, além de que são lindas, ficam bem com tudo e dão para qualquer ocasião.
Este ano decidi apostar numa agenda Mr. Wonderfull, nunca tinha experimentado e estou a adorar. São super práticas e chamativas, nunca me sinto desmotivada quando a abro e tem sempre coisas novas, frases novas, bonecos e cores novas. Não me arrependo e para o ano vou voltar a usá-la.
Outra das coisas que andava sempre a comprar barato e que não me servia de muito, era tapetes e ratos para o PC. Fartei-me e depois de muito ver e ouvir opiniões do L. e da minha irmã, decidi comprar um ratinho pequeno e um tapete de rato gaming, que são maravilhosos. São instrumentos que me dão imenso jeito e que são de qualidade. Sei que vão durar imenso tempo e que vão valer cada cêntimo. Agora, preciso de comprar um teclado portátil, que será uma das compras do próximo ano.
A nível de roupa também consegui fazer algumas compras, não muito caras, que precisava mesmo muito e que me faziam falta no armário. Aproveitar os saldos e as promoções é sempre uma boa ideia, comprei um casaco de inverno beje na HM nos saldos de inverno, que adoro, e ando sempre com ele. A Pull and bear e a Lefties, apesar de me terem desiludido nalgumas coisas, surpreendera-me noutras, e comprei coisas que não me arrependo tanto, como umas botas pretas que comprei na Lefties, que uso-as mesmo muito e estão em ótimo estado, ou as calças que comprei na Pull, que além de baratas, parecem-me ser de ótima qualidade.
Estas foram as minhas piores e melhores compras do ano que está a acabar.
Este tipo de reflexão sobre aquilo que comprei é mesmo muito útil, consigo entender onde é que gastei o dinheiro e porquê e do que é que me arrependo, ou não, de ter comprado.
Sempre adorei séries e filmes, mas, nos últimos anos, tenho-me dedicado mais às séries, apesar de andar a sentir uma saudadezinha de ver filmes, vou tentar apostar nisso no próximo ano.
Durante este ano fiz o meu top 5 de séries e agora venho listar as minhas preferidas de 2018, o que não é muito difícil, ou mais ao menos vá:
13 Reasons Why, apesar de ter gostado mais da primeira temporada, é sempre bom seguirmos as séries, eu pelo menos gosto quando não tenho mais nada para ver. Mais sobre a minha opinião sobre 13 reasons why podem ver aqui (https://mudadelinha.blogs.sapo.pt/13-reasons-why-172762), falei algumas vezes dela ao longo deste ano. Parece que vem aí a terceira temporada, e já sei que me vou desiludir, mas vamos lá.
This Is Us, como não podia deixar de ser, apesar de, novamente, achar completamente desnecessária a terceira temporada, ou melhor, acho que ao inventarem de mais, o conteúdo principal perde a magia.
Anatomia de Grey, e sim, sou completamente #teamgreysanatomy desde a 1ª temporada. Nunca deixei de ver, e adorava que a Meredith caísse para o lado do deus de orto, o Link acho.
Prision Break. Ok, esperarem tantos anos, para fazerem um final feliz desta série foi o desespero, mas para mim que sempre adorei a série, foi o melhor final que podiam ter dado à série.
Acompanham alguma destas séries ou sou a única crente por estes lados? Admito que This Is Us arrebatou o meu coração este ano, mas por estes lados continuaremos na luta e sempre uma telespectadora presente nestas séries.
Falta pouco para o ano acabar e, como tal, decidi fazer um apanhado do ano que passou e dos últimos 12 meses de 2018. Tenho um conjunto de posts sobre isso, mas todos sobre questões diferentes, que espero publicar ao longo deste mês, sobre 2018.
2018 foi um ano muito positivo, principalmente, se pensar na maneira drástica como ele começou e nos seus primeiros dias caóticos. Comecei o ano com um acidente de carro, no dia 4 de Janeiro (o primeiro dia de estágio oficial e a caminho do mesmo), com culpa ainda por cima. Mas tudo se resolveu pelo melhor, mantive a calma, consegui que a minha mãe também a tivesse e correu tudo bem e tudo se resolveu de forma rápida e positiva. Em inícios de Janeiro de 2018 tive imensos problemas no escritório onde estava a estagiar, nada de novo e nada que eu já não soubesse, só pensei que conseguisse aguentar até ao fim do estágio, o que equivaleria a 18 meses (o tempo todo do estágio), o que se tornou impossível. Foi uma altura mesmo difícil, sinceramente, em que me deixei ir muito abaixo e até ver o assunto resolvido só chorava. Os meus apoios foram os meus pais e o L., que coitados, já não sabiam o que haviam de me fazer.
Depois deste muito pequeno resumo, achei que devia começar este último mês de 2018 por pensar nas minhas melhores decisões de 2018 e refletir sobre isso, saber o que quero levar para 2019 e o que podia ter feito diferente em 2018.
A primeira dessas decisões, se não a mais importante, foi terminar com o sufoco desse estágio. Falei dele aqui e foi esse término e ao mesmo tempo inicio que me fez falar sobre a saga de um estágio em advocacia por estes lados. Foi das minhas melhores decisões, só me fez bem, foi um grande alivio saber que não tinha de ir para lá, e que já podia respirar e sentir-me à vontade noutro sitio.
A segunda dessas decisões foi afastar quem não me faz bem, quem pesa o meu tempo e a minha paciência. Também falei disso aqui , sobre as minhas dúvidas se seria egoísta não querer partilhar o meu tempo e o meu espaço com quem sentia que não me trazia energias positivas. Passei a preferir estar sozinha, do que mal acompanhada, ou acompanhada por quem não quero. E, todos perto de mim se aperceberam dessa mudança e dessa decisão. Cresci nesse sentido, estar sozinha não significa ser solitária, bem pelo contrário.
Destralhar. Posso também afirmar que foi das melhores decisões de 2018, ainda não acabou, mas estou muito feliz com tudo o que consegui até aqui e com o que vou conseguir. Um passinho de cada vez e devagarinho chego ao longe. Mas, esta decisão trouxe muitas coisas à minha vida. Deixei de sentir o ar do meu quarto tão pesado, tão carregado de coisas, de memórias passadas, de objetos que já não me diziam absolutamente nada. Hoje é maravilhoso entrar no meu quarto, encontrar o meu espaço de estudo/trabalho, ter espaço para o que preciso, e não ter tudo sobrecarregado.
Ter mais calma na vida. Nem sempre fui muito calma, tiro isso à minha mãe, que é a pessoa mais stressada que conheço, embora mais calma nos últimos anos, porque o coração assim o exige. Desde que o L. entrou na minha vida, que senti a calma e a descontração dele a se refletir nos meus dias, e isso é maravilhoso. Deixei de me chatear com tudo e com nada, e quando, eventualmente, me chateio com alguma coisa, ninguém precisa saber disso. Além disso, deixar de ter pressa na vida, porque isso só traz problemas e preocupações. As coisas acontecem a seu tempo, e não adianta de nada ter pressa com tudo, porque isso só me vai frustrar.
Poupar, ou tentar poupar. Foi um dos meus lemas de 2018. Em 2017 tinha conseguido, mas face a despesas pontuais acabei por precisar mexer no dinheiro das poupanças. Este ano prometi que ia tentar não o fazer, até ser o último recurso. Consegui também convencer o L. a pouparmos juntos, embora isto já tenha começado em 2017. Este ano já conseguimos ir de férias com o dinheiro das poupanças, não todo como é lógico, mas conseguimos pagar uma boa parte com ele, e mantemos essa tradição. Conseguimos ainda poupar um montante fixo por mês, que acordamos os dois, e nesse dinheiro não mexemos para nada, é o nosso pé-de-meia para quando nos quisermos juntar.
Comprar para substituir, comprar só o necessário, não comprar por impulso, e pensar bem quando compro. Este foi um dos passos para as poupanças, foi uma decisão muito bem tomada e que me ajudou ao longo do ano, permitiu-me analisar bem aquilo que compro, e permitiu-me poupar bastante.
Mais tempo com a família, namorado e amigos. Decidi não me preocupar tanto com os problemas da família, deixar de me chatear que aquela ou aquele entrou no meu quarto e pegou numa ou noutra coisa. Claro que me aflige, mas senti que andava constantemente chateada em casa, e isso estava a incomodar-me. Senti que foi uma boa decisão, que me ajudou a manter a calma e melhorou bastante a minha relação com os meus familiares. Depois disso, decidi que, sim, o tempo com eles é importante, daí a minha decisão de ir com os meus pais ao Luxemburgo, porque eles não são muito de sair do país, então ou era ali, ou podia não ser mais.
Estas foram as minhas melhores decisões, entre muitas outras como é claro, mas as principais. Orgulho-me um bocadinho quando penso nelas e quando me apercebo de onde estou e onde cheguei.
Quando comecei a namorar com o L., já o disse aqui várias vezes, ele trabalhava e trabalha à noite. Eu sabia de antemão que não teríamos a vida facilitada em relação a horários e tempo, nem que seríamos um casal comum que ao domingo fica na ronha, e que ao sábado à noite vamos ao cinema ou vamos a um concerto, ou vamos jantar fora porque é uma ocasião especial e porque nos apetece, que vamos passar o fim de semana fora, ou que simplesmente vamos passar ao sábado à tarde. Até nem somos de ir comer fora muitas vezes, mas é um modo de falar. Ainda assim, apaixonei-me, sabendo destas condições e apaixonava-me hoje outra vez, aliás apaixono-me todos os dias pela pessoa que ele é comigo e com os outros.
Nada mudou, neste sentido, desde essa altura, e já lá vão quase 4 anos e cá estamos. E, tão cedo, a curto prazo, sabemos que nada vai mudar, porque as nossas vidas não o permitem. E é mesmo muito raro estarmos juntos mais que 10/15 minutos, muitas vezes só nos falamos por telefone e, muito esporadicamente, por mensagens. O telemóvel connosco é para esquecer, somos muito desligados do telemóvel, e nunca fomos de estar a mandar mensagens constantemente. Inicialmente, os nossos horários permitiam que estivéssemos juntos na folga semanal dele, porque nos meus últimos anos de estudante, só tinha aulas à noite. Ainda assim, nesse dia, nunca conseguíamos jantar juntos, nem em casa, nem na minha, nem sozinhos.
O pouco tempo que passamos juntos nunca nos incomodou, até me incomoda mais a mim do que a ele, porque de vez sinto falta da presença dele nos meus dias, e apesar de saber que ele está sempre lá para mim, nem sempre está fisicamente, ou nem sempre consigo falar com ele à primeira tentativa de chamada. Quem nos conhece e convive diariamente connosco já sabe como a coisa funciona, quem não nos conhece fica muito admirado e chocado como é que nos damos tão bem e quase nunca nos vemos.
Desde o inicio, aprendemos a respeitar o espaço um do outro e a respeitar-nos mutuamente, e a confiar um no outro. Há uns espertinhos que, às vezes, testam a minha paciência e que se tentam intrometer naquilo que não lhes diz respeito e brincam “Ah! Vais deixá-lo ir jantar connosco e não vens? Tens a certeza?”. A resposta depois não é muito simpática, já cheguei mesmo a perder a paciência com alguns, porque o que ele faz e o que eu faço só a nós nos diz respeito. Se ele vai sozinho ou se eu vou sozinha, o problema é nosso e de mais ninguém.
E a confiança vem mesmo daí, daquilo que conseguimos construir quando estamos juntos, porque não é por não conseguimos ter muito tempo juntos, ou por não sermos o típico casal, que gostamos mais ou menos um do outro, bem pelo contrário. O tempo que passamos juntos não define em nada aquilo que somos, ou como nos damos e tratamos.
E a opinião dos outros passa-nos completamente ao lado, passa-nos tanto ao lado que os chega a incomodar. Estranharam ir a Barcelona sozinha, ir ao Marés Vivas sozinha, estranham quando digo que fui ao cinema sozinha porque me apeteceu. E? Nunca deixei de fazer o que gosto por estar sozinha, e não deixei de gostar de mim por estar sozinha. É uma das coisas que acho que grande parte das pessoas se esquece quando começa ou quando mantém uma relação: o amor próprio é para manter. O amor próprio não é só para se falar quando estamos sozinhas e solteiras. E isso não nos faz gostar nem mais nem menos da pessoa que temos connosco, muito pelo contrário, ensina-nos, sim, a respeitarmo-nos mutuamente e gostarmos de nós. Claro que isto só a minha opinião e o que funciona comigo pode não funcionar com mais ninguém. Mas, quando comecei a namorar com o L. e sabia de todas estas condições, que tínhamos horários completamente incompatíveis, e que não teríamos feriados e fins-de-semanas, sabia que não deixaria de fazer as minhas coisas, porque estava sem ele, ou porque ele não podia.
Claro que, dou sempre preferência a fazer ou a ir com ele, mas não vou deixar de ir ou fazer porque ele não pode, ou porque está a trabalhar. Nesta fase, raramente nos encontramos. Eu tenho um horário normal das 9h às 18h, e não vou para o estágio todos os dias, e ele continua a trabalhar à noite, entra às 17h e sai à 00h, todos os dias, com exceção de quarta-feira que é a folga semanal, e esse dia é sempre um dos dias que vou para o estágio, e que saio tardíssimo, e que me é impossível pedir para sair mais cedo. Ou seja, encontramo-nos ao final do dia, e a meio da semana pouco ou nada temos para fazer. Nunca fazemos nada aliás, porque acordo cedíssimo no dia seguinte.
Se esta incompatibilidade me incomoda? Não vou dizer que não, porque há fases que me incomoda sim, e que me chateio por fazer tudo sozinha. Se adianta de alguma coisa? Não, não adianta. Então, se não adianta, não me adianta de nada perder tempo chateada, faz mal ao coração e ao sistema nervoso, e faz-nos mal a nós, porque estamos a discutir sem sentido e estamos a perder tempo juntos. Quando me acalmo, o que é na grande parte dos dias e das horas, como enquanto escrevo este texto, tenho um orgulho desmedido em nós, porque confiarmos e nos respeitarmos, por raramente nos chatearmos e por termos uma cumplicidade que transparece todo o amor que temos um pelo outro. Isso deve chatear algumas pessoas, mas é o que menos nos importa.
Os meus sonhos são uma lição constante, desde sempre.
Desde que me lembro sempre fui uma pessoa de sonhar muito e de ter sonhos muito concretos. Umas vezes assustadores, outras engraçados e outros sem qualquer sentido ou ligação, mas que depois vou a ver e tinham algum nexo, por muito estúpido que fosse.
Eu até já comentei por aqui . Muitas vezes aparece-me o meu avô, outros a minha mãe, o L. então nem se fala, e noutras vezes aparece-me o meu pai.
Durante uma noite desta semana, sonhei quase a noite toda que o meu pai morria na guerra. Podem-se rir à vontade, porque também me rio quando conto a alguém. É realmente estúpido, mas tem tudo uma lógica de ser. Primeiro, ando a ver a última temporada de This is Us, e esta última temporada está muito centrada no Jack na guerra, segundo o meu pai foi paraquedista há muitos anos, e falamos imensas vezes nisto. Ah! Terceiro, nesses dias tinha visto uma noticia de um paraquedista que morreu na praia da Nazaré porque o paraquedas caiu.
Mas, acordei muito assustada com aquilo, ninguém gosta de ter estes sonhos, e percebi logo que este sonho foi um aviso e uma lição, porque o meu pai é a pessoa de minha casa com quem mais me chateia. Quer dizer, nós andamos sempre chateados, mas depois também nos damos muito bem, mas é mais o tempo que andamos chateados e a discutir e a mandar vir um com o outro. Por esta mesma razão, percebi logo o sentido do sonho, e acordei mais aliviada com isso.
Também sonham muito? Costumam lembrar-se quando acordam?