A oportunidade apareceu, a 400km de casa
Fui atrás dos meus sonhos, a mais de 400km de casa e de tudo o que me é familiar. As palavras custam a sair, ainda pela mistura de emoções que vai aqui dentro. Decidi correr atrás dos meus sonhos, porque os meus me apoiam em tudo, o L. foi comigo numa viagem de 6h de comboio para lá e 6h para casa, na incerteza se uma simples entrevista ia correr bem ou não e a minha mãe nunca largou o telemóvel, ansiosa que a qualquer momento lhe ligasse. Numa quarta-feira ligaram-me, e na quarta-feira seguinte lá estava eu, firme daquilo que quero para a minha vida.
Saímos de Campanhã às 5.40h, para chegar ao Algarve às 12.10h. Comboio foi o melhor transporte que consegui, tendo em conta que foi marcado em cima da hora. A entrevista estava marcada para as 15h, pelo que deu tempo de darmos uma voltinha e almoçarmos descansados, sem pressas. Nunca tínhamos ido a Tavira, aliás foi a primeira vez do L. no Algarve e a minha em Tavira. Tivemos sorte com a metereologia. Saímos do Porto com chuva e frio, cheios de roupa, e chegamos ao Algarve com um sol maravilhoso e 20C, como tanto gostamos.
Estivemos quase uma hora à espera no café à frente do escritório, e aquele nervosismo irritante começou a fazer das suas. Já não me sentia nervosa para uma entrevista há muito tempo, ao fim de tantas que já fui, aquela era só mais uma, mas a muitos quilómetros longe de casa. Fui tranquila, como sempre tento ir, depois de lá estar, é só uma conversa sobre mim, nada de assustador. E a primeira pergunta não podia deixar de ser o porquê de estar disposta a tamanha mudança e a querer ir trabalhar para Tavira. A resposta é muito simples, assusta-me e sei que assusta todos à minha volta, inclusive o L., gosto de mudanças e de novas experiências, e a minha vida precisa de uma grande reviravolta. Se essa grande mudança está a 400km de casa, assim o será. São feelings que sinto, caso contrário não tinha ido.
É uma coisa que quero e que apesar de assustada, porque definitivamente ainda estou em pânico, sinto-me preparada para esta mudança e vão ter a oportunidade de a acompanhar aqui, porque tenho muita necessidade de escrever sobre isto e sobre tudo o resto que se tem passado na minha vida.
À partida só irei entre janeiro e fevereiro, e até lá preciso de tratar de muita coisa, inclusive de arranjar casa. A ideia inicial seria um quarto confortável e familiar, para pagar menos e poupar mais, mas a longo prazo iremos os dois (pelo menos a ideia é essa!), e não faz sentido estar a escolher um quarto, quando daqui a uns meses vamos precisar de T0 ou de um T1 para os dois, por isso prefiro já arrendar um apartamento ou uma casa pequenina.
Respiro fundo e sinto que é um recomeço, que há muito ansiava sabem? Quem me é próximo sabe disso, e para já só contei mesmo aos mais próximos, família e pouco mais. Estou feliz, porque finalmente vou começar a trabalhar na minha área, vou ter o meu cantinho, e estou feliz porque não vou assim para tão longe. Vou estar dentro do meu país, as pessoas têm a mesma cultura e a mesma língua, e isso é um descanso.
A aventura já começou com a procura de casa, mas fica para outra altura.