Os últimos tempos
Bonitos foram os anos em que o mês de Agosto era o meu mês preferido, o mês do aniversário da minha irmã, o meu aniversário, o mês das férias grandes, do sol e da praia, e do vento vá, nem sempre o mês de Agosto é o melhor mês de praia, mas para quem cresce abeira mar significa praia o mês todo. Significava ainda que o Setembro se estava a proximar, e também sempre gostamos muito do mês de Setembro, porque era o aniversário do meu avô, os meus pais fazem anos de casados e era o aniversário do meu pai também. Eram dois meses bonitos, e continuam a ser atenção, só tivemos de aprender a lidar com estes dias de uma maneira diferente. Este ano foi mais doloroso, acredito que os próximos serão melhores, porque o tempo amniza a dor.
2019 foi um ano particularmente dificil, o meu avô faleceu em Novembro, e queria muito falar do assunto, sinto mesmo necessidade de escrever sobre o assunto, mas já apaguei o texto umas 10 vezes, e então já desistir. Quando conseguir, assim o farei. 2020 era um ano de esperança, foram os nossos votos para este 2020, mas nada saiu como o esperado. Em Janeiro decidi agarrar a oportunidade de vir sozinha para o Algarve, trabalhar na minha àrea, e foi a minha melhor decisão. Os tempos não foram fáceis, chorei muitas vezes sozinha, liguei muitas vezes ao L., e outras vezes quis chorar e fiz-me de forte. Em Março, volto a casa dos meus pais, porque o país parou, o escritório fechou durante uns largos meses, e passei semanas da minha vida sem saber nada, se voltariamos à normalidade ou não. Fui ficando em casa, porque os tempos foram complicados para todos, até Setembro.
Setembro é mês de voltar a casa, à minha terra, as noticias são boas e trazem esperança, mas fica um rasto de saudade, porque adorei estar no Algarve, e não estava a contar voltar ao Porto, mas o Porto é a minha casa, sempre pronta a receber-me e passar a Ponte da Arrábida é das daqueles sentimentos que não se explicam.
(a imagem é daqui)