Desabafos de um dia chuvoso
Os últimos meses não têm sido de todo fáceis, e não acho que as mudanças pessoais tenham sido para melhor. O meu crescimento pessoal nos últimos meses tornou-me uma pessoa ainda mais sensata e sincera, mas nunca vou conseguir mudar o coração gigante que tenho, a calma, a inocência e a ingenuidade com que encaro tudo e todos.
A relação com a minha família nunca foi fácil, principalmente com a minha mãe, nunca menti, já passamos juntos por muita coisa, o L. diz que sou a pessoa mais parecida com a minha mãe, daí não nos entendermos. Não concordo, não podia concordar, concordo que a minha mãe é uma inspiração para mim, e tento seguir os passos dela, tento ser diferente, nunca quis ser igual a alguém, seja a minha mãe ou não. Não quero educar um filho meu da mesma forma que fui educada, tiro pontos positivos e tiro pontos negativos, e aos 28 anos acho que levo traumas para a vida toda, traumas esses que têm e devem ser tratados, e acho que é bonito admitir que preciso de ajuda médica. Não acho que seja mais fraca por admiti-lo, pelo contrário, acho que sou mais forte por fazê-lo, porque acho que estou a tempo, e acho que há momentos da vida que devemos parar e pensar se é este o caminho que queremos seguir.
A minha mudança do Algarve para o Porto foi a segunda grande mudança este ano, e sinto que é dar passos atrás. Não estou a saber lidar muito bem com isso, apesar de ser uma coisa que queria muito, nunca pensei que isto fosse acontecer. O L. fica triste quando me ouve, porque sei que ele também prefere cá estar, perto dos amigos e da família, mas o meu coração diz-me que estava melhor lá, mas são decisões. Já tomei muitas decisões erradas ao longo deste pequeno percurso, e tenho receio que seja mais uma delas, mas temos de as saber aceitar, que seja boa ou má, e não posso seguir com esta incerteza.
Estamos a poucas semanas de conseguirmos alcançar um dos nossos maiores desejos, que é arrendarmos um cantinho nosso, e estamos muito felizes com isso. Quero falar mais disto daqui para a frente. Escrever faz-me bem. É a esta decisão que me tenho agarrado, porque a coisa não está mesmo fácil.
Penso que chega um momento da vida que devemos saber separarmo-nos dos pais, e os pais dos filhos consequentemente, sem ninguém se prender, ou magoar. Construirmos o nosso caminho não tem mal nenhum, faz parte do percurso.
Continuação de boa semana (ainda que mais pequenina)!
(esta imagem foi retirada do pinterest)