Profissões #
A minha mãe é professora primária, de criancinhas dos 6 aos 9/10anos de idade. E... não havia melhor profissão para ela! Ela é completamente louca, ela dedica-se a 10000% á escola, aos alunos, aos pais, aos problemas deles. É preciso um bocado de paciência na maior parte do tempo, para ser sincera. Muita paciência mesmo! Ela vibra com aquilo, ela traz os problemas da escola para casa e, depois a família é que sofre. Para piorar, é coordenadora da escola e, não lhe chegam os problemas da turma dela, mas os da escola toda. Quando chegamos a casa, de meia em meia hora o telemóvel vibra: ou é a mãe da Francisca, ou é a mão de não sei quem a perguntar o que são os trabalhos de casa, ou é aquela funcionária que se não gosta daquela, ou é porque a sala não ficou bem limpa. E ela tem sempre de atender! Pode estar a jantar, a almoçar, a dar explicações, até pode estar na casa de banho a fazer as necessidades dela, que se aquele telémovel tocar ela atende logo!
Depois em casa, o meu pai goza revolta-se um bocado, mas esta vida já vai á tanto tempo, que já levamos na brincadeira. Já nem lhe ligamos e, procuramos interessarmo-nos pela profissão dela, porque na minha opinião é uma profissão muito nobre. Se a faz feliz não há nada melhor que sermos felizes com aquilo que fazemos. E, eu acho que a minha mãe foi mesmo feita para isso: dar aulas.
Mas, há situações que só visto mesmo. Ela adora tanto os alunos que até os convida para o aniversário dela (imaginem o que é 20 e tal crianças enfiadas em minha casa), durante as férias convida-os para ir lá dormir (e eles desfazem-se a cadela, porque coitadinho é muito fofinha!), convida-os para ir para a praia connosco (e, eu é que tenho de andar a tomar conta deles!) e, etc etc. Ela já não sabe viver sem crianças, sem aquele stresse, aquela agitação da escola. Ás vezes, digo-lhe que ela acaba por não descansar nada nas férias, porque não está em paz um único dia. E, depois penso para mim, se não posso estar contra ela, devido á sua GRANDE paixão por eles, junto-me a ela. Gosto de passar tempo na escola dela, vou lá almoçar todos os dias, conheço os alunos, que ela um dia mais tarde vai levar até lá a casa e, se estiver bem-disposta até a ajudo. Mas, normalmente opto por estudar na salinha dos professores ou, por estar na internet, como estou agora.
É irritante por um lado, porque ás vezes acho que ela se dedica mais á profissão do que á família e, é aí que o meu pai entra, com toda a força. Mas, depois acabo por compreender, porque a família já está mais que construída e educada, cada um tem as suas coisas para fazer ou estudar e, dedicamo-nos todos áquilo que gostamos de fazer. Claro que ela se preocupa... é ela que vai comigo, com a minha irmã e, o meu pai ao médico, que marca as nossas consultas, que paga as contas da casa, que faz as compras, que limpa a casa e, tudo o resto. Mas já não se preocupa como acontecia há uns anos atrás, porque afinal a filha mais velha já tem 20 anos, a mais nova 15 e, o meu pai trabalha. Mas, é impressionante como ela controlar tudo o que nós fazemos, a nossa saúde, os nossos medicamentos, as nossas notas, os nossos problemas. Fico admirada como é possível.
Temos os nosso problemas, mas acho que sim, que ela é uma grande mulher. Pela profissão, porque consegue ajudar aqueles que mais precisam e, pelos seus príncipios pessoais e, profissionais e, mais ainda, pela educação que me conseguiu dar, a mim e á minha irmã.