Olááàáá... Na minha primeira casa chamavam-me Lolita, mas não gostava muito desse nome e, como sou uma mimalhinha e sei de fonte segura, que sou muito fofinha, porque sou parecida com um panda bébe, agora chamo-me Indie, para nunca me esquecer de um dos meus manos que se chama Indie. Já sou muito grande, mas só de tamanho, porque só tenho um mês e meio e, faço aninhos a 3 de Maio. Sou uma marota, eu sei, os meus dentinhos ainda estão a crescer, então já estraguei algumas coisas, como o carregador do computador portátil, umas meias, um pé da cama da minha dona e, outras coisas assim. Ainda faço chici e cocó dentro de casa, porque a minha companheira Barbie não me deixa fazer chichi e cocó no jardim, mas gosto muito dela na mesma. Andamos sempre a brincar, melhor ando sempre a pegar com ela, só que ela não me liga nenhuma e, depois quando ela quer brincar coomigo, faço de conta que estou a dormir. Sim, porque os meus hobbies preferidos é comer e dormir.
Estou muito feliz porque encontrei uma família onde vou ser muito feliz e que me trata muito bem, tratam-me como família e, mais feliz estou porque todos os meus manos também encontraram famílias espectaculares e, todos os meus amigos espalhados pelo mundo também deviam ter essa sorte!
A minha pequenina já está em casa! A bem ou a mal já está no quentinho do nosso lar... Que corra tudo bem, vamos fazer por isso. Tenho um amor incalculável por este bicho.
Sem palavras é como estou hoje, as lágrimas continuam a cair, involuntariamente. É o peso na consciência a falar mais alto, a minha irresponsabilidade que me está a perseguir e tão cedo não me vai deixar e, o coração pesado coo um saco de batatas.
Já todos conhecem a Barbie por estes lado, a minha princesinha, a minha boneca, tudo de bom que a minha vida tem e a cor dos meus dias. A minha princesa completou o mês passado 5 anos e apesar de tão pequenina já passou por muito. Veio para minha casa com um mês e meio e, como qualquer pessoa, não mastigava ainda, não subia as escadas, nem degraus pequenos como o da porta da entrada, escondia-se com medo das pessoas e dos barulhos estranhos, cabia em qualquer lugar minúsculo (dentro de um chinelo, de um sapato, da bacia da roupa, dentro do piano que temos, o meu piano tem um buraquinho na parte de trás que dá acesso a algumas cordas, e ela enfiava-se lá dentro. Foi muito engraçado vê-la crescer, numa casa composta por quatro adultos, veio aquele ser tão pequenino e fofinho destabilizar a rotina. Comigo foi efeito automático, mal peguei na caixa onde ela vinha, na manhã fria que a fui buscar, apaixonei-me e fiquei completamente babada. Já à muito tempo que queria um cão, porque adoro animais, mas como tinhamos mudado de casa à pouco tempo, os meus pais disseram sempre para esperar mais uns tempos, para nos adaptarmos à casa e às suas manhas.
No dia que ela chegou fui incapaz de a deixar a dormir sozinha, ela chorava tanto que me cortava o coração quando pensava que ia ficar a noite toda sozinha dentro da nossa cozinha, além das asneiras com o jornal das fezes, que ia por os cabelos da minha mãe em pé no dia seguinte. A solução foi fácil, veio dormir comigo naquele e todos os dias seguintes. Era eu para a Barbie e a Barbie para mim. A minha familia apaixonou-se pela Barbie e a Barbie por nós, e adptamo-nos à princesa e, ela à casa e nós. Como é que era possível alguém não se apaixonar por aquele texugo? Os animais são especiais e foram criados para dar amor, é o melhor que eles sabem fazer, retribuir o amor que lhes é oferecido e, muitas vezes nem retribuem, dão de própria vontade.
A Barbie roeu muitos sapatos, muitos chinelos de quarto (quase todos!), muitas sandálias e sapatilhas, já para não se falar de cuecas e meias... Nossa, era de meter as mãos à cabeça! Fez muitas asneirinhas, sobretudo no meu quarto com lenços de papel, algodão de tirar o verniz, folhas de papel, com o balde do lixo, e tudo o que lhe agradasse. Hiperactiva, adorava correr e que corressem atrás dela, parecia uma vassoura voadora, nunca queria parar de brincar, nem à hora de dormir. Dormiu sempre comigo, ouvi-a muitas vezes a ressonar, a espirrar, a suspirar e, enchia-me e enche-me o coração saber que era e é uma cadela feliz!
É a minha princesa! A Barbie tornou-se a minha companheira, a minha melhor amiga... Disse muitas vezes que trocava um namorado por ela e ainda hoje o digo, porque a Barbie por muito que nunca tenha falado, esteve sempre lá. E, bastou muitas vezes ela deitar-se perto de mim, ou procurar-me, quando estava a chorar, ou quando estava mal, para eu saber que teria sempre alguém ao meu lado. Não precisava de me sentir sozinha, a Barbie estava lá! Fez-me companhia em muitas noitadas de estudo, até ás 5h, 6h, 7h da manhã, esperou muitas vezes por mim para dormir, quando chegava tarde a casa, ou quando saía para ir tomar café.
O verão passado, em Agosto de 2015, tivemos de correr com ela para o veterinário porque estava com uma gastroenterite e, só vomitava em casa. Naquele dia a médica detectou algo estranho numa das maminhas da Barbie e definiu tal situação como uma hérnia, mas nada de grave. Naquele momento não justificava intervenção cirúrgica porque era uma coisa muita pequenina, que nem tinha a certeza se iria crescer mais ou não. A verdade é que aquilo que a médica definiu como uma hérnia nunca parou de crescer (e não quero aqui, nesta situação, desvalorizar os conhecimentos de um estagiário, porque também o serei, mas a médica veterinária em questão era estagiária) e cresceu, cresceu, cresceu, até estar completamente assustador. Não aconselhou qualquer medicamento, não deu qualquer género de conselho ou se a Barbie precisaria de acompanhamento médico regular ou de forma mais frequente, uma vez que só vou com a Barbie ao veterinário para vacinar, ou seja uma vez por ano.
Hoje à noite, a Barbie veio para o meu quarto e, gemia... Não subiu a cama como sempre faz, para procurar o sitío dela. Simplesmente, andava às voltas, muito devagarinho, no meu quarto, até que veio ter comigo à cama. Peguei nela e deitei-a perto de mim mas, como muitas e muitas vezes faz, a Barbie queria atenção, queria só um bocadinho de atenção para me dizer que estava a doer, que estava a doer muito e, que estava a sofrer, a sofrer muito. Deitou-se em cima de mim, em cima do meu peito e, ali ficou durante uns minutos, como se de um bébé se tratasse. Caiu-me o coração quando, sem reparar, toco na dita hérnia. O meu coração disparou e, as lágrimas ainda não pararam desde aí! Posso-vos dizer que parecia um bolinha anti-stresse dentro da barriga da Barbie, perto das últimas maminhas. Foi assustador e, senti-la encostada a mim a sofrer e, pensar no quanto lhe estaria a doer foi aterrador. O sentimento de culpa tomou conta de mim.
Hoje levei-a ao veterinário, eram 17.30h e, ela ficou lá. Foi operada de urgência a uma hérnia que lhe "sugou" dois órgãos, o útero e, 10 cm do intestino delgado. A veterinária pensou que podesse ser a bexiga, então a cirurgia seria muito mais fácil. Mas, quando abriram a minha princesa, a minha menina, a minha boneca, estava naquele maldito buraco, naquele maldito "papo" gigante, o útero e, um pedaço já morto do intestino delgado. Não queria tê-la deixado lá, o medo de ser a última vez que a estava a ver foi duro e cruel. A doutora disse que me ligavam no fim da cirurgia a dar-me todas as notícias e, quando falou comigo, depois de ter sido eu a ligar, as primeiras palavras foram poucas mas entendíveis "Ainda bem que trouxe a Barbie hoje e que a operámos agora, a Barbie no estado que estava e, no sofrimento pelo qual estava a passar, não passava madrugada de hoje." O meu mundo caiu, estavamos todos nervosos como é lógico, mas fui eu que ouvi aquilo e, que tive de lidar com aquilo. Novamente, pensei que o meu coração me ia sair disparado pela boca.
Não fui criada nem educada para amar os outros. A minha família paterna é egoísta e, a minha família materna ajuda quem os ajuda, simples e, não mais que isso. Mas, desde pequena, que adoro dar amor, àqueles que me ajudam, àqueles que não me ajudam e, aos que precisam. Quando amo, amo com tudo aquilo que tenho e, faço com tudo aquilo que posso, dou tudo aquilo que tenho e, apesar do feitio e da personalidade complicada, não sei fazer ao contrário. Da mesma maneira que me dedico às pessoas que amo, que dou oportunidade às que não conheço, sou assim com tudo... Adoro ver as pessoas felizes, como se a minha função essa, porque não é. A minha função devia ser procurar a minha felicidade e, também o faço da melhor maneira que sei, mas sou bem capaz de abdicar da minha, para dar aos outros. Não sei não amar a Barbie, nem não sofrer por ela, nem não chorar por ela... Esta dor é indescritível, este sofrimento é cruel! Sei que um dia a vou perder, mas que esse tenha de ser porque sim, que não seja por um acto irresponsável meu, porque ela não tem culpa disso. Se ela me dá tudo aquilo que tem, porque não merecerá o mesmo da minha parte?
A Barbie pode ficar bem ou não, tudo dependerá da recuperação... Está neste momento em observação, supostamente teria alta amanhã, mas como a cirurgia foi mais complicada do que aquilo que esperavam, se calhar não virá amanhã! Mas a Barbie é uma guerreira, uma lutadora e não vai desistir, eu sei que não!
Se tiverem uma reacção parecida com a da minha avó por eu estar assim só pensei por favor, a Barbir é nossa, faz mesmo parte da familia e, para mim considero-a mais familía que muitas pessoas que usufruem dessa qualidade!
Uma criança com 7 ou 8 ter medo de animais. Sou a única que não percebo. Não me entra na cabeça. Será que ninguém diz à santa que os animais são o melhor deste mundo para ela saber o que está a perder. Não? Ainda para mais da minha cadela que é a coisa mais pachorrenta e meiga que conheço.