Em 2017 ultrapassei um dos meus maiores medos
Sempre tive muito medo de ir ao dentista, desde miúda, e se calhar nunca tive uma boa experiência. Ganhei este medo quando tinha os meus 10/11 anos e sempre que me falavam numa ida ao dentista esperneava que não queria ir, mas lá era forçada a ir pelos meus pais e que remédio o meu. Também nunca tive muitos problemas dentários, então achei sempre desnecessário estarem a incomodar-me com uma ida ao dentista. Ao contrário da minha irmã que precisou de usar aparelho, eu nunca precisei, sempre tive a boca e os dentes direitos.
Desde que tive um acidente de carro, o airbag abriu-se basicamente em cima da minha cara, e juntamente com o plástico do carro, o resultado não foi muito bonito. Logo na altura desgracei dois dentes e fiquei com as gengivas todas afetadas. Os médicos no hospital aconselharam-me logo a ser seguida por um dentista e se fosse o meu melhor claro, porque podia ter problemas mais graves dali para a frente.
Deixei a coisa andar, meia volta ligava à dentista a marcar uma consulta, mas acabava sempre por arranjar uma desculpa para não ir. Podia até aproveitar as oportunidades em que a minha irmã ia a consultas por causa do aparelho dentário, mas não, nem isso consegui fazer. Deixei a situação chegar a um ponto grave, porque nos últimos tempos já me estava a causar mesmo muitas dores, algumas noites em branco e a injeção de não-sei-quantos analgésicos.
A chegar o fim de 2017 decidi que já chegava de tanta preguiça e de tanto pânico, estava a colocar a minha saúde em perigo, e já não estava a conseguir lidar com tantas dores diárias nos dentes. Lá falei com a minha mãe e supliquei-lhe que me deixasse mudar de dentista, porque não queria continuar a ser seguida pela mesma, porque não gostava e porque o medo que ganhei tinha sido com ela. A minha mãe lá me tentou convencer do contrário, mas acabei por ganhar, e lá mudei de dentista.
A primeira vez que entrei no novo dentista acho que tremia dos pés à cabeça e esse meu medo foi notório, estava mesmo muito nervosa. Lá me tentaram acalmar, naquele dia não iam mesmo fazer-me nada, só exames para estudarem o ponto da situação. O melhor não foi mesmo a primeira vez que lá fui, foi mesmo a segunda quando me disseram que a única solução era mesmo retirarem-me os dentes. Respirei umas mil vezes e convenci-me que tinha mesmo de ser para o meu bem. Mas deixaram-me à vontade e falaram bem comigo do procedimento, as razões de terem de o fazer, e deixaram-me falar um bocadinho sobre o que receio que tinha de o fazer.
A verdade é que custou a primeira vez, isto é, o primeiro dente que tirei custou-me horrores mesmo, na mesma semana fui quatro vezes ao dentista cheia de dores, mas a coisa lá foi ao sitio.
Hoje, no fim de quase 6 semanas de tratamento, o medo evaporou-se e foi a última vez nos próximos tempos que tive de marcar uma próxima consulta. Depois de 6 meses consegui ouvir “Então, hoje nem pisca os olhos! Já merece um rebuçado como as crianças!”. Ri-me, mas ri-me com uma pontinha muito grande orgulho, porque ganhei este medo nem sei como, não o sei explicar. E uma coisa tão estúpida e irrisório tornou-se numa grande coisa, significativa, porque estava a colocar a minha saúde em causa e estava a deixar esse medo tão pequeno tomar conta da minha saúde. Quando somos crianças acho normal e comum até termos medo de ir ao dentista, mas não podemos mesmo deixar esse medo perseguir-nos até uma idade adulta, que foi o que me aconteceu.
Saio destes 6 meses com a certeza que mudei e mudei para melhor, e consegui ultrapassar este medo e pode parecer pequeno, mas é tão grande que tinha de partilhar aqui, porque estou mesmo orgulhosa de mim.
Mais alguém com medo de ir ao dentista? Ou com outro medo qualquer que tenham ultrapassado?