Já o ano passado sublinhei e este ano repetiu-se, novembro é um mês de esperança. Nunca adorei o mês de novembro, a chegada do inverno e dos dias frios e chuvosos sempre me deprimiu, mas este mês passou a ter outro significado há dois anos, e não pelas melhores razões. Gosto de olhar para as coisas de uma forma positiva, nem sempre é possível, mas faço um esforço, mas as coisas acontecem por alguma razão e acho que o que tem de acontecer tem muita força. Então, novembro, pelas mais diversas razões é um mês especial. Eu sei, já estamos em dezembro, mas faço já entender este disclaimer ao mês de novembro.
Na primeira semana de novembro entramos os dois de férias e já andava desconfiada há uns dias que poderia estar grávida, mas andava a negar. No dia que entrei de férias, a caminho de casa, liguei ao L. e disse-lhe “Vou parar na farmácia, vou comprar um teste, não consigo viver com esta incerteza!” e parei na primeira farmácia de serviço e pedi um teste de gravidez. No auge dos meus níveis de ansiedade, consegui aguardar pela manhã do dia seguinte, pelo primeiro xixi, dizem que é mais preciso. Naquele dia adormeci no sofá tal era a minha ânsia. Acordei perto das 08h00 e foi a primeira coisa que fiz, casa de banho e xixi. Sozinha, na minha mesa da cozinha, enquanto o L. ainda dormia, olhava em pânico para o mini-visor daqueles testes de gravidez da clearblue, até que surgiu “Grávida 3+”. Entrei em pânico. A primeira coisa que fiz foi enviar fotografia do teste à minha irmã, a única pessoa que sabia da possibilidade, juntamente com o L. claro. Logo a seguir, entrei em estado de choque no quarto, sentei-me ao lado do moço e em pânico disse-lhe “L. estou grávida!”. Podia haver aqui alguma lamechice para lhe contar, só que não, porque sabia que ele ia entrar tão em pânico como eu. Enganei-me, acordou histérico com aquilo, abraçou-me mil vezes e disse-me “Tudo se há-de resolver, não estás sozinha!”. Muito sinceramente, aquilo não me descansou continuei em pânico, porque sabia que ele também estava, mas estava feliz, e eu estava só em pânico.
Como já tínhamos passado por um aborto espontâneo um ano antes, a minha primeira reação foi marcar consulta imediata com a minha médica, e consegui consulta logo para aquele dia. Saber que estava tudo bem era a minha prioridade, apesar dos nervos e da ansiedade, não queria e não quero passar pelo mesmo novamente.
O meu pânico… apesar de ser uma coisa que queríamos muito os dois e já andávamos a planear há algum tempo, não era o momento, repetimos vezes sem conta isto nas conversas que tivemos, não estávamos a pensar que fosse agora. Mas passada a fase de choque dos primeiros dias, começamos a habituarmo-nos à ideia e acho que não há mais nada que queiramos na vida.
Os primeiros três meses são dolorosos a todos os níveis, principalmente para quem já passou por uma perda gestacional. Da família só a minha irmã é que sabe, e de amigos só sabe uma amiga porque precisei de ajuda com a questão da toxoplasmose. No trabalho, contei à única colega em quem confio porque podia, eventualmente, precisar de alguma coisa e estava segura que alguém soubesse.
São dolorosos porque, faço lembrar, é muito bom vivermos numa bolha em que só nós sabemos, e começamos a planear tudo sem pressões, mas ninguém sabe a razão da minha redução de cafeína, ou porquê que pergunto constantemente “O que vais fazer para comer?” quando vou comer a casa de alguém, ou porque estou sempre com fome e tenho desejos e enjoos quando vejo e cheiro a comida. Acordo cheia de fome de manhã, infernizo a vida ao homem, porque não me sinto com forças de ir fazer o pequeno almoço, ele faz o pequeno almoço todo bonito, e mal chego à cozinha o cheiro das torradas e do leite deixam-me nauseada. E atenção não me posso queixar de enjoos, não me queixo, não toquei no nausef estes três meses e estes enjoos matinais foram poucas as vezes que aconteceram. A fome matinal sim, a triplicar. Estar constantemente preocupada com o que como e com o que bebo é uma das questões que me causa ansiedade, ou é porque ingeri demasiado açúcar, ou é porque ainda não bebi a dose de água, e mil outras questões. É uma constante preocupação com coisas que nunca me passaram pela cabeça.
Ter de esconder estes três meses, por opção claro, tem sido difícil. Esconder os suplementos sempre que alguém vem cá a casa, ou a capa com os exames que vou fazendo, são pequeninas coisas que tenho de me lembrar e nem sempre é fácil. Ah! Já para não falar o quão dificil é esconder uma barriga que teima em mostrar-se todas as semanas! Sempre tive tendência a ter barriguinha, de inchaço, sei lá, por isso os primeiros tempos não foi dificil, não pensei que ao fim de um mês nenhuma das minhas calças me servisse, e tivesse de andar constantemente com as calças desapertadas e com camisolas abaixo da barriga e largas, para esconder. Bem, é toda uma ginástica!
Quisemos esconder com medo de passar pelo mesmo, e é lógico que é sempre bom ter esse apoio, da primeira vez foi muito bom, mas ás vezes esse apoio torna-se pressão e desta vez decidimos viver os três numa bolhinha, e tem sido bom só nós sabermos e habituarmo-nos à ideia de que daqui a 9 meses seremos mãe e pai e fazermos os nossos planos como família que somos.
Continuo a acreditar que tudo acontece por uma razão, fiz o reminder a novembro, porque foi no dia 2 de novembro que descobrimos, e justamente por isso é mais uma razão para novembro ser um mês especial. Espero muito sinceramente que estes sejam os piores meses a nível de ansiedade, porque tem sido realmente difícil. Acredito que depois de contarmos torna-se-à mais fácil.
Um fim de semana destes andava a fazer uma sobremesa qualquer (sim, adoro fazer e experimentar sobremesas) e peguei na nossa picadora e pensei “Que grande jeito que me vieste dar, mudaste a minha vida nesta cozinha!”. Da mesma forma que pensei isso da picadora, temos outras coisas que optamos e investimos e não me arrependo nada. Coisas essas que vão desde eletrodomésticos a pequenos objetos práticos. São eles:
A picadora claro que está! Quando me mudei para o Algarve comprei uma manual, daquelas com cordinha, que agora se vê muito nas lojas dos chineses e no IKEA também, e gostava, gostava muito até, mas sempre que queria picar alguma coisa em maior quantidade, bastava-me querer fazer um semifrio e precisar de picar bolacha, aquilo era melhor do que fazer musculação. Ao fim de algum uso, partiu a tampa, mas continuava a ser passível de uso. Na altura de um aniversário ou de um jantar de família, vi a mãe do L. a usar uma Moulinex, e pensei “Que jeito que isto me dava, já não precisava fazer musculação de cada vez que quero picar alguma coisa!” Sei que são caras, saiu-nos do bolso, mas foi das melhores compras que fizemos para a cozinha. Tem sido a minha melhor amiga nos últimos meses e estou rendida. Estou até pensar oferecer uma aos meus pais no Natal, porque também andam sempre com a de cordinha.
A máquina do café. Desde que me apercebi que precisava de uma máquina do café tomei automaticamente a decisão que não seria de cápsula, pelas mais diferentes razões, mas principalmente porque raramente gosto do sabor do café de cápsula (mesmo Nespresso! É melhorzito, mas nada comparado ao café moído.) e porque as cápsulas cá em casa não iam compensar monetariamente, tendo em conta os cafés que bebemos diariamente. Então, mal pudemos, compramos uma máquina de café de pó, onde, na nossa opinião, o café sabe muito melhor e sai-nos muito mais barato ao final do mês. Apanhamos uma promoção na Worten e foi um investimento do qual não nos arrependemos nada.
A máquina de lavar e de secar. Quando viemos morar juntos tínhamos uma máquina de lavar que usamos ainda uns meses, mas que começou a dar problemas de uso e de velhice ao fim de pouco tempo. Percebi cedo que íamos precisar de comprar outra. Acredito que as lavandarias self-service compensem até determinado ponto, mas não era opção andar com a roupa todos os fins de semana para trás e para a frente para lavar e secar. A ideia era comprar uma máquina de lavar melhorzinha, mas uns amigos sugeriram-nos uma 2 em 1, e tendo em conta que moramos num apartamento, e torna-se muito complicado secar a roupa durante o inverno, uma 2 em 1 era uma boa opção. Andamos meses à procura da melhor compra e do melhor preço também, até que em setembro decidimos apostar numa LG que lava e seca a roupa. É uma maravilha para quem mora em apartamentos e não tem espaço para ter duas máquinas, que era o nosso caso. O preço compensa, pelo menos achamos que sim, porque não fica muito mais caro que uma máquina de lavar de uma boa marca.
Outra das coisas que nos veio ajudar e muito foram os sacos do lixo da reciclagem. Foi, também, uma das primeiras decisões que tomamos, que queríamos fazer reciclagem. Para mim nem havia de ser uma decisão, devia ser obrigatório mesmo, e cá em casa foi ponto definido desde o início. Queríamos mesmo ter comprado aqueles baldes de reciclagem, mas a cozinha não é enorme, pelo contrário, e os preços também não são amigos. E só os sacos já dão uma ajuda enorme.
Reparem que quase tudo se enquadra na cozinha e na “lavandaria”, mas a nossa melhor compra para a casa, a nível de mobília, foi mesmo a mesa da sala. Não foi um investimento por ser caro, foi mais por ser “fora da caixa”, mas não fazia sentido de outra maneira. A sala é grande, mas não é gigante, e queríamos muito uma mesa redonda, porque não tem pontas e o não ter pontas não limita os lugares das esquinas, que acontece nas mesas tradicionais retangulares e que eu tanto abomino. Havia poucas ofertas, vimos uma no Ikea que adoramos e era mesmo essa que íamos comprar não tivesse esgotado no tempo em que tomamos a decisão. Não havia muitas mais ofertas dentro dos valores que queríamos, até que fiz uma pesquisa rápida no OLX e, pertinho da nossa zona, encontrei uma mesa redonda, extensível, da cor do resto da sala, com o conjunto das cadeiras, e a um preço simpático. Antes de comprar, pedi para ver (faço quase sempre isto quando compro coisas maiores!), vimos, gostamos, compramos! E que bela compra, adoro a mesa, abrimos quando recebemos visitas, fechamos quando somos só os dois.
Das coisas que compramos para a casa, estas são as principais, aquelas que não nos arrependemos nadinha do dinheiro que gastamos. Devem faltar algumas, é verdade, mas se não me lembrei delas até aqui é porque não são tão importantes quanto estas.
Os primeiros meses de uma vida em casal foram a adaptação um ao outro, aos nossos hábitos e às nossas rotinas. Se bem que aqui em casa não há muita rotina, principalmente, nos meses de verão, em que o L. trabalha sem folgas e faz sempre mais horas do que as do período normal de trabalho. Então, os meses de verão é sempre um stress para manter as coisas em dia e termos a casa como deve ser. Já eu, meto-me em mil e uma coisas ao mesmo tempo, habituada desde sempre a ter dois e três trabalhos, a estar disponível para tudo e para todos, com uma casa para organizar não foi fácil. Sou uma pessoa extremamente metódica e organizada, daquelas que organiza o armário quase por ordem alfabética e por cores, e aponta tudo e mais alguma coisa. Depois de ter a minha, a nossa casa, comecei a organizar algumas coisas de maneira diferente ao fim de alguns meses e a encontrar formas de nos organizarmos melhor, vou partilhar algumas delas, algumas relacionadas com poupança, mas quase todas com poupança de tempo:
- Basicamente, mesmo para resumir, temos um inventário da dispensa, do congelador e do frigorifico. Vivemos num apartamento pequeno, onde a cozinha é minúscula, tivemos de nos adaptar e “inventar” uma dispensa. Temos noção que nem sempre o tempo para ir às compras é muito, é quase nenhum até, principalmente a dois, então temos de nos organizar. Desta maneira, temos afixado no frigorifico e no congelador, um íman que é uma lista (compro na primark e dá imenso jeito), onde tudo o que entra e tudo o que acaba é automaticamente apontado. Isso facilita-nos imenso a ida às compras. Para a dispensa também tenho uma lista de tudo, porque perco-me nas compras de algumas secções, como das sobremesas, porque adoro fazer sobremesas. Aproveito as listas para apontar as validades de cada coisa, o que me ajuda imenso a organizar os produtos e ter noção das validades a expirar. O próximo passo é definir um “stock” mínimo e máximo de algumas coisas, vai ser uma tarefa difícil, mas possível. Temos inventário de tudo, não só da cozinha, de produtos de limpeza e das coisas de casa de banho.
- Ainda relacionado com o ponto anterior, temos tudo etiquetado e tentamos ter tudo à nossa vista, para nos facilitar. Tenho mesmo na cozinha um saquinho com etiquetas, fita-cola, esferográficas e marcadores permanentes que é para não nos falhar nada.
- Todas as semanas programo as refeições. Nós só almoçamos, mas eu levo jantar todos os dias para o trabalho. Aproveito o fim de semana para organizar a comida de todos os dias, quer os almoços, quer os meus jantares. Claro que fugimos há regra algumas vezes, e isso não tem problema nenhum, mas se não fizer aquele almoço em x dia, faço no seguinte.
- Da mesma forma que programo as refeições, faço uma programação da roupa que vou levar praticamente todos os dias. Tenho um espaço no roupeiro onde coloco a roupa que quero usar naquela semana. Eu sei que é de mais, e muitas vezes fujo à regra, mas permite-me chegar a casa e não estar preocupada em preparar tudo para o dia seguinte, porque sei que já está preparado, mesmo que no dia seguinte não me apeteça usar nada daquilo, sei que chego, e se chegar muito cansada, posso deitar-me no sofá descansada, que metade das tarefas mais demorosas já estão adiantadas.
- Por norma, com exceção de semanas mais preenchidas, faço uma lista de tarefas domésticas semanais, porque nem sempre conseguimos ter um dia para fazer limpezas a fundo há casa, então é mais fácil estar fixado no frigorifico o que é preciso fazer e vamos fazendo e riscando conforme fazemos.
Assim no geral é isto, muito provavelmente há coisas que me estou a esquecer, há outras que quero colocar em prática, mas ainda não conseguimos. Aceitamos sugestões, pesquisamos bastante outras formas de nos organizarmos, porque nem sempre corre bem alguma coisa, ou porque não nos é prático daquela forma, então estamos sempre de mente aberta em relação a organização doméstica.