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Coisas (des)Interessantes

Coisas (des)Interessantes

16
Nov19

A oportunidade apareceu, a 400km de casa

mudadelinha

Fui atrás dos meus sonhos, a mais de 400km de casa e de tudo o que me é familiar. As palavras custam a sair, ainda pela mistura de emoções que vai aqui dentro. Decidi correr atrás dos meus sonhos, porque os meus me apoiam em tudo, o L. foi comigo numa viagem de 6h de comboio para lá e 6h para casa, na incerteza se uma simples entrevista ia correr bem ou não e a minha mãe nunca largou o telemóvel, ansiosa que a qualquer momento lhe ligasse. Numa quarta-feira ligaram-me, e na quarta-feira seguinte lá estava eu, firme daquilo que quero para a minha vida.

 

Saímos de Campanhã às 5.40h, para chegar ao Algarve às 12.10h. Comboio foi o melhor transporte que consegui, tendo em conta que foi marcado em cima da hora. A entrevista estava marcada para as 15h, pelo que deu tempo de darmos uma voltinha e almoçarmos descansados, sem pressas. Nunca tínhamos ido a Tavira, aliás foi a primeira vez do L. no Algarve e a minha em Tavira. Tivemos sorte com a metereologia. Saímos do Porto com chuva e frio, cheios de roupa, e chegamos ao Algarve com um sol maravilhoso e 20C, como tanto gostamos.

 

Estivemos quase uma hora à espera no café à frente do escritório, e aquele nervosismo irritante começou a fazer das suas. Já não me sentia nervosa para uma entrevista há muito tempo, ao fim de tantas que já fui, aquela era só mais uma, mas a muitos quilómetros longe de casa. Fui tranquila, como sempre tento ir, depois de lá estar, é só uma conversa sobre mim, nada de assustador. E a primeira pergunta não podia deixar de ser o porquê de estar disposta a tamanha mudança e a querer ir trabalhar para Tavira. A resposta é muito simples, assusta-me e sei que assusta todos à minha volta, inclusive o L., gosto de mudanças e de novas experiências, e a minha vida precisa de uma grande reviravolta. Se essa grande mudança está a 400km de casa, assim o será. São feelings que sinto, caso contrário não tinha ido.

 

É uma coisa que quero e que apesar de assustada, porque definitivamente ainda estou em pânico, sinto-me preparada para esta mudança e vão ter a oportunidade de a acompanhar aqui, porque tenho muita necessidade de escrever sobre isto e sobre tudo o resto que se tem passado na minha vida.

 

À partida só irei entre janeiro e fevereiro, e até lá preciso de tratar de muita coisa, inclusive de arranjar casa. A ideia inicial seria um quarto confortável e familiar, para pagar menos e poupar mais, mas a longo prazo iremos os dois (pelo menos a ideia é essa!), e não faz sentido estar a escolher um quarto, quando daqui a uns meses vamos precisar de T0 ou de um T1 para os dois, por isso prefiro já arrendar um apartamento ou uma casa pequenina.

 

Respiro fundo e sinto que é um recomeço, que há muito ansiava sabem? Quem me é próximo sabe disso, e para já só contei mesmo aos mais próximos, família e pouco mais. Estou feliz, porque finalmente vou começar a trabalhar na minha área, vou ter o meu cantinho, e estou feliz porque não vou assim para tão longe. Vou estar dentro do meu país, as pessoas têm a mesma cultura e a mesma língua, e isso é um descanso.

 

A aventura já começou com a procura de casa, mas fica para outra altura.

 

 

31
Out19

Perdidos de amor pela Croácia

mudadelinha

Depois de muitas dúvidas sobre as nossas férias de 2019, lá tomamos a decisão de rumar à Croácia. Foi difícil, tivemos todo um ano para decidir, ainda assim compramos e organizamos tudo em cima da hora (quem nunca não é verdade?).

Queríamos fazer umas férias de praia, sem serem exclusivamente de praia, passar mais alguns dias do que o que tínhamos feito até este ano, sem gastar rios de dinheiro, num país seguro, económico e quente. Pensámos em vários países, visto que este ano o L. conseguiu as duas semanas do meio de setembro, o que ainda nos permitiria apanhar calor sem ir para muito longe. Pensamos na Croácia ou numa viagem completa pelos Balcãs, e aí queríamos passar pela Eslovênia, Croácia, Bósnia, Montenegro, Sérvia, mas recuámos rapidamente nessa ideia, pela logística, seria muito cansativa e dispendiosa, precisaríamos no mínimo de 15/20 dias, ou mais. Em segundo, pensamos só na Eslovênia, mas aí dispensaríamos a praia e não iriamos tantos dias porque não se justificaria. No entanto, os voos para a Eslovênia são um quebra-cabeça e não conseguimos aquilo que queríamos por um bom preço, então desistimos. Queremos muito ir à Eslovênia, mas fica para outra altura. Depois, colocamos a ideia de viajarmos por Portugal, ou pela costa algarvia ou pela costa vicentina, tendo em conta que o L. não conhece nenhuma e eu conheço só o Algarve, porque foram sempre as minhas férias de infância. A par do Algarve pensamos em países e ilhas mais próximas como Tenerife, Gran Canárias, Menorca, Ibiza, porque já fomos a Palma de Maiorca. 

A nossa decisão tornou-se engraçada, porque já tínhamos afastado de forma quase absoluta a ideia de irmos à Croácia, pela logística que seria necessária, mas em finais de maio tivemos uma daquelas situações inexplicáveis. Estávamos a tomar café no sítio do costume com amigos, um dos quais costuma viajar com frequência, e no outro canto da sala estava um senhor com um ar enigmático, que nenhum de nós conhecia e nunca o tínhamos visto. Estávamos a falar de férias e de viagens, e eu estava a dizer ao L. “L. estive a ver os voos para Menorca e estão em promoção, mas também gostava de fazer o que tínhamos programado para o Algarve,  ou até Tenerife!”.  Quando o senhor decidiu sair do café, diz boa noite educadamente e diz-nos “Olhem, desculpem meter-me na conversa, eu não queria estar a ouvir, mas foi impossível, esqueçam lá Menorca e o Algarve, a Croácia mete esses dois sítios num bolso, principalmente para um casal jovem como vocês!”. Olhamos para o senhor, olhamos um para o outro, e toda a gente se começou a rir, porque naquele preciso momento ninguém tinha referido a Croácia. Lá entramos na conversa com o senhor, mas ficamos hesitantes por causa dos preços dos voos. Mas, naquele dia, tomamos a decisão de procurar melhor e de pensar melhor sobre o assunto.

Andei mais de um mês na busca pelos melhores voos e dentro do nosso orçamento, e no dia que encontrei compramos. Foi difícil, acreditem que foi difícil, pesquisei muito, li muitos blogs, mas lá conseguimos por um preço bastante razoável e dentro do nosso orçamento, e compramos.

Ir à Croácia era um sonho, tanto para mim, como para ele e nunca pensei um dia pousar os pés em terras croatas. Depois de tirarmos os voos, comecei a estruturar todos os dias que lá estaríamos, porque havia sítios que queria obrigatoriamente conhecer, e precisava medir distâncias, perceber qual seria a melhor forma de nos deslocarmos, e coisas afins.

Foi fácil de organizarmos, porque sabíamos bem aquilo que queríamos, queríamos conhecer, mas queríamos descansar, por isso não precisávamos de ir a todos os sítios e mais alguns, porque seria extremamente cansativo. Então, nos 8 dias que fui, dividi todos os dias por manhã e tarde, para perceber qual seria a melhor maneira de nos deslocarmos e as horas mais apropriadas para o fazer, e com isso jogamos com os horários de check-in e check-out dos apartamentos onde ficamos. Ficamos sempre em apartamentos, fizemos as reservas pelo Booking, não confio muito no airnb, e não nos arrependemos, porque cada apartamento era melhor que o outro. Estabelecemos, desde início, um orçamento por noite, porque fomos mudando de apartamento quase todos os dias e anotamos os principais requisitos para as reservas, o mais importante era ter estacionamento gratuito, porque estaríamos sempre de carro. Naturalmente, que uns ficaram mais económicos que os outros, o que nos permitiu investir e gastar noutras coisas.

Aterramos e deslocamos no aeroporto de Split, que fica praticamente a meio de país, alugamos carro no aeroporto e decidimos primeiro subir a costa para norte, para irmos a Zadar e aos parques Plitvice, e depois descer para Dubrovnik.

Ficamos a primeira noite em Split, nos apartamentos Simoni, muito confortável, no centro histórico da cidade, mesmo muito bem localizado, com estacionamento gratuito sujeito a reserva, e o proprietário foi muito simpático e adoramos anfitriões simpáticos, disponíveis e acessíveis. Chegamos a Split perto das 19.00h e gostamos logo da cidade, pelas cores, pela vida, pela música. Estava uma noite quente e as ruas estavam cheias de gente. Saímos para jantar, e ainda tivemos tempo de passear e conhecer as muralhas da cidade. Para uma quarta-feira de setembro, ficamos admirados pela movimentação nas ruas e pela iluminação. Deu para conhecer um bocadinho de Split, ficamos com pena de não ter conhecido mais.

 

 

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(Palácio de Diocleciano - Split)

 

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(Split na noite em que chegamos, estavam 28C e uma noite mesmo muito bonita)

Tiramos o segundo dia para ir à ilha de Brac, a uma das praias mais bonitas da Croácia, Zlatni Rat e assim o fizemos. Não foi dos sítios que mais gostamos, mas foi uma experiência e foi o nosso primeiro impacto com as praias da Croácia. Split é dos melhores pontos de partida para ir às ilhas, só fomos a Brac, mas quem quiser ir a Hvar, Vis, o sítio mais indicado para apanhar os ferrys é em Split, porque há ligação para quase todas as ilhas. Fizemos o check-out e deixamos o carro no estacionamento do apartamento, porque o senhor foi incrivelmente simpático. Do apartamento onde ficamos ao ferry foram cinco minutos a pé, paramos para tomar o pequeno-almoço numa esplanada na avenida principal, mesmo de frente para a marinha. Tirei os bilhetes do ferry online, no site da companhia, mas azar dos azares perdemos o ferry das 9h, e o segundo só partia às 11.15h. Descontraídos como somos, principalmente quando estamos de férias, pensamos logo em passear por Split, e a nossa primeira ideia foi conhecer a praia mais próxima. O nosso melhor amigo foi sempre o google maps, e a praia mais próxima ficava nem a cinco minutos e era espetacular, foi a única praia onde vimos areia, apesar de escura, e a única onde tínhamos pé durante muito tempo.

O único problema do nosso atraso foi o que veio a seguir. Queríamos ter aproveitado mais a ilha e a praia e não tivemos muito tempo. O ferry era ás 11.15h e demorava cerca de 50m a chegar à ilha, sendo que da ilha até à praia em questão tínhamos de apanhar um autocarro que demorava cerca de 40/50m, e como queríamos ir para Zadar ao final do dia, não podíamos apanhar o ferry das 20h, mas tínhamos de apanhar o ferry das 18.30h, pelo que tínhamos de sair da praia às 16.30h, porque era o horário do autocarro. Então tivemos pouquíssimo tempo na praia, mas nada que nos preocupasse. Gostamos sempre de começar o dia cedo, muito cedo até, para aproveitar tudo com o máximo de tempo e sem pressas, mas também somos muito relaxados quando estamos de férias.

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(o pôr do sol visto do ferry à chegada de Split)

Saímos de Split perto das 19h e rumamos a Zadar, sempre com o google maps. As autoestradas da Croácia são muito boas e muito semelhantes às nossas, mesmo os limites de velocidade, rondam sempre entre os 100 e os 130km/hora. No entanto, se pensam visitar a Croácia, e fazer algo deste género, preparem-se porque as viagens são muito longas e extremamente cansativas, principalmente para quem conduz. Aconselho mesmo a conduzirem duas pessoas se possível, fica mais caro no aluguer do carro, mas há um equilíbrio. A viagem de Split a Zadar foi muito longa, quase 4 horas, e chegamos tarde a Zadar, já rondavam as 22.00h. Ao organizar a viagem percebemos que poderíamos chegar tarde a alguns sítios, então enviamos email a todos os apartamentos a informar dessa questão, para evitar problemas.

Queríamos ir a Zadar ver o órgão do mar, a saudação ao sol, e o tão badalado pôr-do-sol. E valeu muito a pena! No dia que chegamos só conseguimos passear pela marginal e dentro das muralhas, porque chegamos de noite. No dia seguinte, passamos a manhã no centro histórico e, durante a tarde, fomos a uma praia próxima. Ao final do dia voltamos a Zadar para o pôr do sol. Foi dos momentos mais bonitos da nossa viagem! Aliás, um dos momentos mais bonitos da viagem, foi na noite que chegamos a Zadar, a primeira vez que ouvimos o órgão foi inexplicável, porque é mesmo bonito. Não estava ninguém na rua, aqueles momentos muito calmos das cidades turísticas, não passava ninguém na marginal, e o mar estava calmíssimo. Quando começamos a ouvir a música do órgão nem parecia verdade, porque o mar quase que não se mexia. Zadar valeu muito a pena, mas mal sabíamos o que nos esperava! Ficamos apaixonados por Zadar, não sabíamos que cada sítio nos ia roubar o coração de forma tão diferente. Em Zadar, o apartamento já não era tão bem situado, mas era lindo e fomos muito bem recebidos pela anfitriã, que falava melhor francês que croata.

 

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( a "praia" que encontramos em Zadar, com uma piscina natural onde estavam a treinar pólo aquático, desporto muito comum em terras crotas)

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(uma das entradas para o centro histórico de Zadar)

 

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(em Zadar, um dos corta caminhos que nos levou à praia anterior)

 

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(o centro histórico de Zadar)

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(qualquer fotografia é incapaz de mostrar a magia deste lugar e deste pôr-do-sol, porque o que o torna mágico é a música do mar. Mas cá fica uma fotografia do que dizem ser o mais bonito em Zadar, o pôr do sol)

 

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(a saudação ao sol)

Saíamos de Zadar nesse dia, ao final do dia, já rondava as 22h em direção aos tão famosos lagos de Plitvice, e mais uma vez a viagem não foi rápida, demoramos cerca de 3h30m a chegar. A viagem de carro até Plitvice é como entrar num país diferente, porque deixamos de ver o mar ao nosso lado e passamos a ver montanhas. Saímos de Zadar com 29C e chegamos a Plitvice com 8C, foi um choque térmico grande para quem ia de t-shirt, calções e chinelo de dedo. Ficamos num apartamento perto dos lagos, muito confortável e bonito, e na manhã seguinte, bem cedo, lá fomos. Compramos os bilhetes online, e a hora de entrada era entre as 9h e as 10h. Compensa começar os parques bem cedo, para se acabar relativamente cedo. Existem várias rotas, visto que o parque é enorme, e optamos por fazer uma rota intermédia, a Rota C, que passa pelos lagos inferiores e superiores, e ronda os 8/10km. Os lagos Plitvice são paragem obrigatória da Croácia, é só isso que tenho para vos dizer, vale cada centavo do bilhete, que não é propriamente barato, mas é lindo! A natureza no seu estado mais puro e intocável, porque é notória a preservação e conservação do local.

 

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(sempre achei que fosse mentira, mas não é, é muito real e é lindo! Esta fotografia foi a nossa entrada nos parques e ficamos logo fascinados!)

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De Plitvice a ideia inicial era partir para Dubrovnik, mas a viagem de carro eram quase 5h, e como tínhamos de passar a fronteira da Bósnia, e não o queríamos fazer de noite, recuámos na ideia. Procurámos, então, outros sítios agradáveis para ficar uma noite mais perto de Dubrovnik. Encontramos no mapa Markarska, que basicamente se divide em duas zonas muito turisiticas: Brela e Baska Voda. O nosso apartamento era em Brela, o Villa Bose, mesmo em frente ao mar, com uma vista linda e a proprietária foi só espetacular. Foi o sítio que mais gostamos de ficar e se soubéssemos tínhamos lá ficado mais tempo. Quando se leva poucas expectativas, é o que mais nos surpreende. É o sítio que mais recomendo, porque é absolutamente lindo! Em Brela não há muito para conhecer, só as praias, se querem uns dias só de praia, apostem em Markarska! Chegamos novamente de noite, perto das 21h, só tivemos tempo de jantar e voltar para o apartamento. No dia seguinte, tomamos o pequeno almoço na varanda do quarto, e fomos aproveitar o resto do dia na praia.

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(a vista do apartamento)

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(as prais em Brela)

 

De Brela, partimos para Dubrovnik, a viagem de carro já não foi tão longa, e desta vez fizemos a viagem toda pela nacional, que oferece paisagens de cortar a respiração. Saímos de Brela perto das 16.30h, queríamos passar na fronteira de dia, e chegar relativamente cedo a Dubrovnik. Ainda paramos na Bósnia para tomar café e recarregar energias, e chegamos a Dubrovnik ao final do dia, rondava as 20h.

Quando reservámos os apartamentos enganamo-nos nas datas e falhou-nos um dia em Dubrovnik. O primeiro apartamento não era reembolsável e já não dava para alargar uma noite, porque estava esgotado. A única opção foi reservarmos outro e assim o fizemos. Passamos três noites em Dubrovnik, em dois apartamentos diferentes. O primeiro apartamento foi, talvez, o pior em que ficamos. Perdeu por algumas coisas, ganhou por outras, mas se fizer um balanço foi o mais fraquinho. Gostamos muito do segundo apartamento, apesar de longe do centro histórico.

Em Dubrovnik apaixonámo-nos, não tanto pela cidade em si, não somos fãs de GOT, mas pelo pôr-do-sol que vimos. Somos apaixonados pelo sol e pelo mar, e os três dias que passamos em Dubrovnik permitiram-nos ver dos pôr-do-sol mais bonitos da nossa vida. E, gostamos de Dubrovnik, mas não nos roubou o coração como Brela, ou como Zadar, ou até como Split, e sei que somos estranhos por dizer isto. Quem já esteve na Croácia dirá certamente o contrário, mas são os nossos factos, identificamo-nos mais com Split do que com Dubrovnik e as suas multidões. É uma cidade extremamente cara, os preços chegam a ser mesmo exorbitantes.

Para visitar a cidade compramos o DubrovnikCard para um dia, rondou os 30€ por pessoa, o que nos permitiu passear por cima das muralhas e ofereceu-nos descontos nos restaurantes onde almoçamos e jantamos, além de que permitia usufruir de todos os transportes públicos. Aproveitamos o último ponto para voltar para o apartamento. Tinha outros descontos que não usufruímos, como descontos nas lojas de souvenirs, e em museus e tours.

 

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(o pôr do sol na viagem para Dubrovnik)

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(a entrada nas muralhas de Dubrovnik)

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(Para os fãs de Game of Thrones acho que esta imagem vos diz alguma coisa!)

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(o primeiro pôr do sol em Dubrovnik ao som das andorinhas)

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(Dubrovnik à noite)

 

De Dubrovnik, fomos passar a última noite a Trogir, sítio estrategicamente escolhido, nem nós sabíamos disso, por ser muito pertinho do aeroporto. Chegamos a Trogir ao final do dia, vimos o por do sol pelo caminho. Aproveitamos a manhã do último dia para passear por Trogir e comprar as lembranças que nos faltavam, e de Trogir ao aeroporto de Split foram menos de 5 minutos de carro. Trogir fez-nos lembrar em parte Split, mas em menor escala, mas gostamos muito da pequena cidade, das muralhas, do porto.

 

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(Trogir, pequenino, mas charmoso, gostamos muito)

Questões importantes sobre a Croácia:

  1. Alugar carro é importante para este tipo de férias. Só dificulta o estacionamento. Não sentimos dificuldade nenhuma nisso, porque não nos importamos nada de andar mais um bocado. Fizemos um equilíbrio entre deixar o carro longe e os parques de estacionamento, que são caros.
  2. A moeda não é o Euro, e ao contrário do que li, não é muito fácil encontrar sítios que aceitem o euro. Por isso, levem Kunas, a moeda croata, que apesar de desvalorizada, não faz o país ser barato. Pagamos quase sempre com multibanco, aliás preferíamos sítios que aceitassem multibanco, e coisas pequenas fomos pagando com kunas, ainda assim tivemos de levantar dinheiro duas vezes. Porque, por exemplo, para comprar souvenirs, ou água, compras pequenas em minimercados usávamos a kuna.
  3. O país não é barato, apesar de se sentir uma discrepância enorme entre Dubrovnik e o restante país. É, efetivamente, a cidade mais cara.
  4. É um país muito limpo, pelo menos achamos isso, nunca vimos lixo no chão ou nas praias, só nalgumas zonas de Dubrovnik, derivado também do movimento dos barcos.
  5. O café é bom, a cerveja também, a gastronomia é maioritariamente influenciada pela italiana. Até os restaurantes típicos tem pizzas e massas na lista. Se querem comer típico perguntem, foi o que nós fizemos, e assim fomos comendo algumas coisas típicas, mas nada que nos seja muito estranho.
  6. Setembro foi uma ótima altura para irmos, apanhamos calor todos os dias, mas não aquele calor insuportável. O tempo estava agradável. Além disso, não apanhamos aquele turismo em massa.
  7. A Croácia tem muito para oferecer, é um destino de praia, mas não só, tem praias lindíssimas e a temperatura do mar é do melhor, é muito morninha, mas refresca. Mas, também tem muita história para conhecer e descobrir e cada cantinho é melhor que o outro. Já as praias, não esperem encontrar praias como as nossas, com areais enormes e areia branca. O melhor é levar uns aquashoes, para não fazermos figuras de bailarinos, como vimos algumas pessoas.
  8. Conclusão das conclusões, se forem à procura de praia esqueçam os principais pontos turisticos, Brela e Baska Voda são boas opções, zonas calmas, com turismo, mas não em massa. Se gostam de confusão e turismo em grandes massas, apostem em Dubrovnik, ainda assim achei suportável).

 

A Croácia valeu muito a pena, voltaremos um dia de certeza visitar os sítios que nos faltaram! Soube-nos pela vida estas férias, foram mais do que merecidas, uma lufada de ar fresco, e agora é juntar, poupar e pensar nas próximas!

 

Grécia, Israel ou Chipre? Digam de vossa justiça, porque estamos a aceitar todas as opiniões e sugestões!

 

 

"A felicidade é de como se viaja e não do seu destino.”

Roy M. Goodman

 

16
Out19

2019 tem sido um ano duro, muito duro.

mudadelinha

2019 tem sido um ano mesmo duro e difícil. Nem consigo meter em palavras tudo aquilo que se passou até hoje, mas que tem sido cansativo tem.

Queria começar a escrever aqui novamente e de forma mais frequente, começar a criar as minhas rotinas, mas não me sinto capaz, as palavras são fluem e as ideias estão mesmo escassas.

Mas queria mesmo, porque sinto muito falta disso. Às vezes, mesmo que ninguém me venha aqui ler, ou que não se identifique, sabe tão bem exteriorizar para o papel aquilo que não falamos com ninguém, mas nem sei por onde começar. Queria começar por algum lado, mas acho que o meu problema de vida sempre foi esse, achar que aguento as coisas sozinha, e nunca ter desabado fez-me achar que realmente consigo, mas vejo esse dia cada vez mais próximo e não é nada agradável. Tenho o L. que me salva tantas vezes, se não fosse ele muitas vezes a ouvir-me e a ter paciência para mim, não sei onde andaria.

 

Nãovou prometer, mas quero muito começar outra vez.

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(retirada do pinterest)

 

18
Mai19

Não tenho um título para dar

mudadelinha

A minha vida, nos últimos meses, não tem sido fácil, daí o meu desaparecimento por estes lados, porque tem sido mesmo difícil ter tempo para tudo, motivação também confesso, e apesar não ter sido uma coisa que eu quisesse propositadamente, acabei por me distanciar um bocadinho, por muitas razões, mas principalmente para ter tempo para mim e para os meus, para pensar e refletir sobre muita coisa, essencialmente sobre a minha vida e o meu futuro.

A nível profissional, o ano que passou foi um ano de esperança, que as coisas iam começar a encaixar-se e a correr bem. Comecei finalmente o meu estágio da Ordem dos Advogados, não começou da melhor forma, desabafei muito sobre isso, mas lá encontrei o meu lugarzinho, que apesar de não ser o melhor do mundo, identifiquei-me e senti-me mais aliviada. 2018 ensinou-me mesmo muita coisa, ensinou-me que as coisas se vivem com calma, que tudo acontece a seu tempo, não vale a pena ter pressa, porque isso só traz frustração, revolta, desmotivação e desanimo. Com a ajuda do L., consegui esse equilíbrio na minha vida e na minha mente, porque não era uma pessoa assim antes de o conhecer.

Ao longo de 2018 criei muitas expectativas para o ano que se aproximava, expectativas pessoais e profissionais, derivados do fim do meu estágio da ordem profissional e com a minha possível aprovação no exame de agregação. Sabia que não seria de todo fácil, nunca o foi, mas também aprendi que tudo o que vale a pena não é fácil, implica muitas horas de esforço e dedicação, muito foco e disciplina, e muita vontade. E, vontade foi coisa que nunca me faltou, às vezes falha-me a força e a fé na humanidade, são coisas diferentes acho.

Em abril terminei o meu estágio, que não foi de todo fácil, nem de mão beijada. Para pensar sequer que podia terminá-lo foram muitas horas, foram dilemas atrás de dilemas, entre terminar e arriscar, ou jogar pelo seguro e pedir prorrogação de 6 meses, como tantos outros colegas o fizeram. Mas, no inicio do estágio eu tinha estabelecido que se tivesse tudo o que era exigido para o terminar assim o faria, nem medos, nem incertezas, e assim foi. Ao longo da segunda fase de estágio, que durou 1 ano, consegui fazer tudo o que o nosso regulamento exige: 20 assistências (10 sozinha e 10 acompanhada pela patrona ou advogado de confiança, das quais 5 em civil e 5 em penal), 5 intervenções em audiências de julgamento e 6 peças subscritas por mim, estagiária, e pela minha patrona. Custou muito, mas consegui, e em abril assim o fiz, entreguei todos os relatórios, que muitas horas de sono me tiraram, no dia 18 de abril no dia anterior ao aniversário do L., porque não quis agendar para depois, porque era o fim de semana da páscoa.

 

Depois de entregar tudo o que tinha para entregar consegui respirar um bocadinho de alivio, senti uma pontinha de orgulho, por todo o percurso até ali e pensei “falta tão pouco!”. O exame era a meta final, e setembro era o inicio de tudo, se consegui a tão esperada aprovação podia-me considerar advogada. Comecei a preparar o exame em janeiro, logo depois do Natal, a juntar e atualizar a legislação todo, comprar códigos e material, imprimir todos os exames de anos anteriores, e todo o material de apoio que iria precisar, para começar a estudar com antecedência e não deixar tudo para última da hora.

E esse foi um dos meus grandes erros, ter criado dentro de mim e dos meus, tantas expectativas para setembro de 2019, porque nunca, mas nunca, ao longo destes dois, equacionei que alguma coisa fosse correr, não deixei de dar o meu melhor, de me esforçar e fazer T-U-D-O o que estava ao meu alcance para não desiludir novamente os que gostam e fazem tudo por mim.

 

Mas, aconteceu. Esta semana recebi a noticia que os meus relatórios de estágio não serão aceites, por uma simples peça não subscrita, e que não serei admitida, nem à entrevista, nem ao exame final. Entrei em choque, e voltei a tentar o tudo por tudo, fazer tudo o que estava ao meu alcance para que tal não pudesse acontecer, mas logo de seguida recebo um email que ainda realça mais esse aviso. E não posso pedir a prorrogação, porque ou era uma coisa, ou outra.

Estes dias não têm sido mesmo fáceis, nem para mim, nem para os que me são mais próximos, e como não os quero massacrar com o assunto, porque sei que eles estão tão desanimados como eu, preferi escrever sobre o assunto. Pelo menos desse lado ninguém me conhece, e posso falar à vontade sobre isto. Sinto-me desanimada, desmotivada, os meus dias não têm nada para eu fazer, não me sinto de férias, porque o ‘botão’ do exame já estava ligado, e já estava a estudar arduamente para o exame. Cortaram-me as pernas antes de sequer chegar à praia. E sinto-me perdida, mesmo muito perdida, porque não sei o que vou fazer à minha vida daqui para a frente. Voltar a estagiar 18 é uma opção, a opção mais próxima até, porque cancelam-me inscrição e posso voltar a inscrever-me sem setembro deste ano. Sinto-me sem objetivos, sem metas, e tem sido muito difícil lidar com isso, olhar para um lado e não ter nada para fazer, e olhar para o outro e ver um estágio não remunerado de 18 meses à minha frente.

 

Eu quero só passar a mensagem, e é mesmo só isto que quero transmitir, além do desabafo é claro, de que tudo é possível, e apesar de desiludida, continuo a acreditar que as coisas acontecem a seu tempo, e não vale a pena ter pressa. Estou preparada que os próximos dias vão ser difíceis, não estava preparada para isto, não me preparei para esta hipótese, ainda assim, creio que ter-me preparado para esta hipótese não era uma opção viável, nunca nos metemos numa coisa a ponderar que vai correr mal, eu pelo menos não sou assim. Acredito que daqui a uma semana me vou sentir melhor, tenho pensado tirar uma semana para mim, possivelmente viajar sozinha até um sitio relativamente perto, para puder pensar e cuidar da minha mente, criar objetivos, recarregar forças e energias, e colocar novamente cartas em cima da mesa.

 

 

E, acreditem, não se desiste, mesmo quando tudo nos empurra para essa mísera opção!

Ah! E estou de volta 

 

 

 

 

06
Fev19

A continuação da saga de ser uma advogada estagiária

mudadelinha

Ando nesta vida há um ano e um mês, e confesso-vos, que depois de muitos desabafos, a coisa não melhorou, bem pelo contrário e acreditem que a necessidade de exteriorizar estes últimos meses é muita, caso contrário não o faria, porque tenho todo um exame para preparar e organizar e muitas outras coisas por fazer, porque a vida anda atarefada.

Não sei se já o disse por aqui, mas quando decidi ingressar no curso de direito, a minha verdadeira paixão era direito internacional, e continua a ser, e quando escolhi direito fui muito influenciada pelos meus pais. Não que não o quisesse, bem pelo contrário, mas se não os tivesse ouvido, certamente andaria por aí à procura de emprego com uma licenciatura em história ou em educação, qualquer coisa parecida, porque o meu sonho sempre foi ser professora. De maneira alguma não me arrependo da decisão, ainda hoje a minha mãe fala disso, e apesar de todas as dificuldades que me apareceram em direito, nunca equacionei mudar de curso, nem nunca me senti arrependida de lá estar. Senti-me cansada, frustrada, desmotivada, mas arrependida nunca. A ideia de direito internacional foi desaparecendo ao longo dos anos a estudar direito, não por não ter gostado, mas pelo grau de dificuldade e, mais tarde, a ideia de fazer os exames para o CEJ (Centro de Estudos Judiciários) também, porque essa sempre foi a segunda opção. Senti-me tão cansada no fim da licenciatura e do mestrado, que foi impensável estudar arduamente mais não-sei-quantos meses para um exame dificílimo, em que a probabilidade de ser admitida era minúscula. Eu até sou pessoa que gosto de arriscar e sei que com muito esforço, estudo e dedicação, muito foco, se consegue tudo aquilo que queremos, mas quando a vontade não é muito, é melhor nem tentar, porque é tempo e dinheiro gasto, e é melhor admitirmos isso imediatamente.

       Quando dei por terminada a licenciatura, parei uns tempos para pensar e refletir, e decidi afastar-me substancialmente das minhas ideias iniciais. Ser advogada não é um sonho, nunca o foi, mas é uma profissão onde me imagino, ou imaginava pelo menos. Tive seis meses a ponderar esta hipótese, e mais outras quantas, como se me inscrevia no centro regional do Porto ou no Pólo de Guimarães, se optava pelo horário de pós-laboral, que pessoalmente, sempre gostei mais, e muitas outras questões. Fui muito influenciada, e quando digo muito foi muito mesmo. Tomei todas estas decisões baseada em conselhos, ora dos meus pais, ora da minha antiga patrona e respetiva estagiária, e nunca ouvi o meu coração. Quer dizer, ouvir eu ouvi, só nunca lhe prestei a devida atenção. E tomar decisões baseada nos conselhos dos outros, porque me achava inexperiente, foi a morte do artista e eu nunca tive muito jeito para ser artista.

O meu estágio em advocacia começou mal, com a minha primeira patrona, e não me quero alongar muito neste primeiro tópico, porque foram tempos maus, que às vezes ainda me sobressaltam com uns pesadelos de vez em quando, tal foi a importância que dei ao assunto. Mudei de escritório, e mudei para melhor, nalgumas coisas, para piores noutras. Quer dizer, para pior acho que nunca posso dizer que mudei, porque pior que aquilo era impossível. Digamos que não fui para muito melhor.

Não vou poupar palavras, nem vou esconder, que em direito e em advocacia a média é das coisas mais importantes para o nosso currículo. A média e as línguas, e não é só no mundo do direito, em quase todos os cursos superiores e no mercado de trabalho em geral. É pelo menos a minha opinião. Quando não tens uma média simpática, que é o meu caso, ou tens outros pontos do currículo a teu favor, para conseguires um estágio/emprego razoável, numa empresa ou numa sociedade de advogados, ou vais ter de te sujeitar aos estágios medíocres de advocacia que há por aí, que é o que mais há, e lutar muito por um estágio/emprego equilibrado. E as condições que esses estágios apresentam ainda são mais medíocres que o próprio estágio.

A grande maioria dos estágios não são remunerados, não se ganha nada, se não tivermos nós de pagar para nos deixarem estagiar. E digo-vos, quando saíamos da licenciatura em direito, não estamos preparados para estagiar ao mais alto nível, ou para sermos completamente autónomos e independentes, porque na prática tudo é diferente da teórica, e se na faculdade não fazemos nada sem o apoio da legislação, na prática não precisamos da legislação para quase nada. Aliás, estou a fazer todo um estágio de 18 meses que só pego na legislação para a atualizar, e conto pelos dedos quantas vezes precisei dela para resolver alguma coisa.

É muito desmotivante começarmos numa profissão em que não recebemos nenhuma retribuição, nem nenhuma ajuda para transportes, alimentação, fotocopias, e todas as nossas despesas. É suposto andarmos até ao fim a pedir dinheiro aos nossos pais, como se eles já não nos tivessem pago toda uma licenciatura, na esperança que fossemos gente? É desmotivante, acreditem que é. No meu caso, tento compensar com trabalhos ao fim-de-semana, e até à semana, sempre que posso. Trabalhar nunca fez mal a ninguém, e não tenho medo de trabalhar seja no que for. A mim não me incomoda fazer umas horas no café e ter de sujar as mãos a lavar loiça, ou a varrer, ou a limpar casas de banho. É a única forma que tenho de ajudar os meus pais e de me ajudar a mim, é a trabalhar, e dá muita bagagem para trabalhar com pessoas e conhecer um pouco que seja o mundo de trabalho.

Mas, o mais revoltante, foi o que já disse, mais medíocres são os estágios que nos oferecem, e aqui podia falar por muitos colegas meus, mas falo pela minha experiência. No primeiro escritório, onde estive seis meses, nada aprendi porque nada fiz. O que eu fazia no escritório era estudar para os trabalhos e exames do mestrado. E podem ficar a pensar que a culpa é minha, é completamente legitimo que assim pensem, que fosse falta de vontade de aprender e de trabalhar, mas quando não nos dão trabalho, é preferível estudar do que ficarmos a olhar para as paredes, como muitas vezes me aconteceu. E odeio tempo perdido no Facebook e na internet, digo muitas vezes que tempo é dinheiro, e é uma grande verdade. Os tempos nesse escritório foram horríveis e pesados, o escritório era gelado, cheguei a ficar mesmo doente, e quando mudei, o ambiente e a minha disposição melhoraram.

A verdade é que aceitam estagiários e não têm condições para isso, nem trabalho para lhes oferecer, e muito menos vontade de os ensinar devidamente, e isso é muito mau, porque afinal o que estamos lá a fazer? Ninguém nasce ensinado lamento, todos começaram da mesma forma e alguém teve de os ensinar. Faltam 2 meses para acabar o meu estágio, e quando penso no que aprendi até aqui, desanimo. Quando penso que em Maio posso vir a ter a minha entrevista (entrevista sobre o estágio), e em junho o meu exame final, fico em choque, porque não me sinto preparada. E sabem o pior de tudo? O pior de tudo, para mim, é estarmos dependentes de outra pessoa para concluir o estágio e sermos admitidos ao exame. Digo isto inúmeras vezes, o exame é responsabilidade minha, sou eu que tenho de estudar e sou eu que vou lá estar com a caneta na mão com os meus conhecimentos, o estágio não, estou dependente da vontade alheia, e não tem sido muito agradável estar à espera que os outros me ensinem e me deixem fazer. É muito ingrato, porque ser advogado passa muito por lidar com os problemas dos clientes, e eu compreendo que transferir isso para as mãos de um estagiário sem experiência é perigoso, mas com apoio e acompanhamento tudo se faz, para isso é que estamos lá. Mas digo-vos que, num ano e meio que cá estou, nunca assisti a uma reunião e pouco ou nada falei com algum cliente.

Se nos primeiros meses até acordava bem-disposta para ir para o escritório, hoje já não acontece. Estou muito cansada do escritório, do ambiente, da porcaria do lugar e cadeira de estagiária que me dá cabo das costas e me estraga sempre as meias de vidro (se as levar, que já nem as levo!), de ter de dividir um lugarzinho na secretária do meu patrono, porque nem têm uma secretária, ou um lugar como deve ser. Estou muito cansada dos pormenores e das continhas de tudo: dos clipes, das folhas, do carimbo, se as impressões são a cores ou a preto, do café, de tudo! E, chega ao fim, e somos sempre os mocinhos dos recados, dos arquivos, das fotocópias, do café, das cartas de pagamento dos condomínios, que não nos servem de rigorosamente nada, da pesquisa de jurisprudência e afins.

E o acompanhamento devido que nos deviam dar para sermos capazes de terminar descansados isto, esse nem está previsto no nosso regulamento, é completamente aldrabado, e sabem porquê?  Porque quem paga somos nós, e não é pouco acreditem, se tivermos de prorrogar o estágio pagamos, se reprovarmos pagamos, e pagamos desde o inicio e a responsabilidade é sempre nossa quando estamos dependentes de outros

 

É desmotivante, na maior parte dos dias penso que já faltou mais, que está quase, mas depois paro e penso: e em setembro? O que vou fazer da minha vida? Para onde vou? Vou trabalhar sozinha, abro o meu escritório? Ainda sou uma menina, que não aprendeu nada durante o estágio, como é que vou trabalhar sozinha? Isto ainda mais assustador, tento manter a calma e pensar só nas férias em setembro, se as tiver. A partir de setembro a minha vida está em branco, não consigo ver absolutamente nada a partir dali, e é muito assustador não conseguimos ver o nosso futuro.

 

Tento depositar as minhas energias nos trabalhinhos que vou arranjando, que é o que me vai salvando, e penso que é um dia de cada vez e que não me vale de nada ter pressa, porque no fim tudo se compõe e tudo fica bem. Nem sempre é fácil admito, mas é isto.

 

 

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(daqui)

 

 

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