Estou a ficar perita em entrevistas de trabalho, à quantidade delas que já fui. Inicialmente, ficava nervosa e toda excitada, quando me ligavam ou mandavam email. Aquele nervoso miudinho, a espera pelo dia e pela hora, sem saber o que me iriam perguntar ou o que iriam querer saber sobre mim. Quase sempre as perguntas são sobre o meu percurso académico e a minha experiência profissional, tão diversificada (vá-se lá saber o porquê!). Deve ser engraçado olhar para o meu currículo, penso nisto de todas as vezes que carrego no botão enviar e me candidato a uma determinada vaga. Hoje, ter uma entrevista de trabalho é igual ao litro, tento ir calma e tranquila e não pensar muito no assunto, aliás não penso no assunto sequer. Vou estar a massacrar-me a pensar para quê? Não me adianta de nada, não me faz ir nem mais nem menos preparada. Sei o meu currículo de trás para a frente e da frente para nós.
Já me perguntaram de tudo nas entrevistas de trabalho e sai-me sempre o tiro ao lado. Se de umas vezes me perguntaram se sei para o que me estou a candidatar, de outras vezes perguntam-me se conheço a empresa ou o escritório, se sei em que áreas trabalham e o que fazem. Já fui entrevistada por uma, por duas, por três e por quatro pessoas. De quase todas as vezes foram entrevistas individuais, mas já me aconteceu ter uma entrevista de grupo e não foi muito agradável. Aliás, saí de lá quase a chorar e com uma vontade gigante de ir a correr para a casa, enfiar-me na cama e não sair mais de lá.
Normalmente, desfiam o meu currículo até dizer chega, até eu estar a repetir o porquê de ter feito aquilo durante x tempo, e não sei o quê noutro período de tempo. E, claro que, como já o disse, o nosso currículo diz muito sobre nós e o meu diz muito sobre mim, porque o nosso percurso diz tudo sobre nós, a nossa experiência profissional reflete muito do que somos, principalmente, como profissionais. Se somos dedicados, se somos dinâmicos e versáteis, entre muitas outras coisas. Enquanto descrevo o meu currículo, do que fiz, porquê que saí de tal sitio, se gostei, se não gostei, sinto-me a falar da minha vida toda até aquele momento.
Para mim o grande segredo de uma entrevista, ou para que ela corra minimamente bem, é tentar perceber o que a outra parte, o(s) entrevistador(es) quer ouvir. Se estou a fazer mil e uma coisa simultaneamente, se tenho um trabalho a tempo inteiro e estou a candidatar-me a uma vaga a tempo inteiro, longe de casa, e me perguntam como penso conciliar tudo, a resposta é simples. É claro que não pondero conciliar tudo, há prioridades e se quero efetivamente aquela vaga devo demonstrar isso, que vou tratar aquele trabalho como prioridade, e que não vou conciliar com tudo e mais alguma coisa que não estão relacionadas com aquele trabalho.
Há coisas que me irritam, particularmente, nas entrevistas, e uma delas é essa mesma, o porquê de me estar a candidatar aquela vaga. Quer dizer, se me candidatei é porque a quero, se não porque haveria de me ter candidatado? Que raios! Outra delas é porque é que conciliei sempre estudos com trabalho? Porque haveria de ser? Um bocadinho de senso comum e chegamos facilmente à resposta.
Isto tudo para dizer que cada entrevista é relativa, porque cada entrevistador também é diferente. Não nos fazem sempre as mesmas perguntas, mas devemos pensar naquilo que vamos responder, naquilo que queremos e nas nossas prioridades.
A minha vida anda virada do contrário há alguns dias e está um bocadinho difícil voltar à minha tão querida rotina. Os dias sem vontade de sorrir tem-se repetido, vezes sem conta, e a vontade de sair da cama também tem sido muito pouca, mas lá tem de ser.
O estágio lá vai correndo, uns dias melhores, outros piores, uns com vontade, outros sem vontade, mas muito melhor que o primeiro, e só por aí já vale tudo e já não custa sair da cama para ir para o escritório, a vontade já é alguma de ir, apesar de muitas vezes o cansaço falar mais alto. E como odeio sentir-me cansada, cansada física e psicologicamente, não gosto de me dar ao cansaço e de passar dias a repetir “Estou cansada!”, as pessoas que me ouvem a dizê-lo devem pensar que ando sempre cansada, porque de facto ando maior parte dos meus dias cansada.
A tese começa a ganhar cor, depois da primeira reunião, depois da marcação das primeiras datas e depois de alguns dias passados enfiada na biblioteca da faculdade, sinto que fiz uma boa escolha, quer do tema, quer da professora orientadora, e estou a adorar começar a ler mais sobre o tema. Adoro qualquer coisa que me faça aprender mais e ganhar conhecimento. Aqueles dias que saio da biblioteca ou do estágio e sinto que aprendi, que renderam aquelas horas todas a fazer determinada coisa, sinto-me verdadeiramente realizada. Nem sempre acontece, mas quando acontece, respiro de alivio e alegria. A verdade é que fico triste por não puder dedicar-me de forma completa à tese e por ter mil e um compromissos, e por ser tão difícil definir as minhas prioridades, porque é tudo importante, e ter de abdicar de alguma coisa às vezes é tarefa difícil.
As aulas da ordem estão a acabar e estou mesmo ansiosa que terminem, porque o ambiente que se instalou na minha turma é de cortar à faca, parece que voltamos ao secundário e tirando os amigos e colegas conhecidos que já tinha, não consegui estabelecer mais relações, porque as pessoas são realmente difíceis, e sente-se que estamos num mundo de trabalho competitivo, que os colegas olham de lado para todos, como concorrentes e futuros colegas, e não como pessoas que estão a lutar pelo mesmo e pelo mesmo futuro, e que nos podemos ajudar todos.
Fora isso o maior dilema dos meus últimos dias tem sido ponderar e gerir o meu tempo e pensar em fazê-lo nos próximos tempos. A tese tem de ser entregue em finais de outubro (dia 31 mais concretamente, mas posso fazê-lo antes!), e estava a organizar as minhas férias com o L. para finais de setembro, porque é a única altura em que conseguimos fazer férias juntos e este ano estávamos a pensar ir para fora, tirar 5 dias em Malta, para podermos passear e conhecer outro país, porque adoramos viajar e nunca temos oportunidade de o fazer, porque temos horários completamente incompatíveis. Programava também repetir o trabalho do verão do passado, já quero falar disso aqui há imenso tempo, porque foi uma ótima experiência e porque aproveito sempre o verão para fazer alguma coisa, visto que o meu estágio não é remunerado e ainda tenho algumas despesas, com a alimentação, o transporte, o material que vou precisando para trabalhar, como livros, legislação, fotocópias, etc. Este tem sido o meu maior dilema, será que vou conseguir fazer tudo? Que vou conseguir conciliar o trabalho de verão, com a tese e umas férias em setembro? Estamos a ponderar adiar essas férias, mas decidimos ter calma, um dia de cada vez e depois logo vemos. Já tínhamos reservado hotel, podemos cancelar gratuitamente até setembro e estávamos a ponderar comprar a viagem de avião em meados deste mês, o que decidimos atrasar mais uns dias, para eu conseguir ter uma perceção de como a tese vai correr até lá.
A maior lição de tudo tem sido aprender a ver as coisas boas, a pensar sempre de forma positiva e ter calma. Não pensei que o fosse conseguir, mas tenho conseguido e tem sido realmente bom, porque sinto que mesmo depois de um dia mau, sinto-me feliz com alguma coisa, quanto mais não seja porque esteve sol e adoro a luz solar. No meio de tantas coisas, e de alguns problemas que não são meus, surgiu-me uma entrevista de trabalho na próxima semana, de um emprego a sério, num local que eu adorava trabalhar, que já nem me lembrava de ter mandado o meu currículo, e que apesar de ser um bocadinho longe de casa, me fez ter esperança e fé, o que também estava difícil. E não estou ansiosa nem nervosa, como muitas vezes ficava com estas situações, porque já nem esperava que me ligassem, mas estou com um feeling positivo. Disse isto ao L. e ele só me apertou a mão e sorriu, como que me diz “Eu estou aqui, quer corra bem ou mal!”, e sempre que ele estiver eu sei que fica sempre tudo bem. E estou a fazer fisgas que corra bem, mesmo que não corra, vou estar de cabeça erguida e vou ver alguma coisa positiva nisso, ou pelo menos vou tentar. Esta proposta surge porque o meu estágio não é remunerado, e sempre que vejo alguma vaga ou algum trabalho que me interessa, mando o meu currículo, porque se, eventualmente, conseguir algum emprego na minha área, pondero seriamente aceitar, vejo as vantagens e desvantagens, e decido se sim ou se não.
No fim do dia sinto-me cansada, tem sido difícil gerir o meu tempo, definir prioridades, estar com quem mais gosto, passar tempo em casa, escrever no blog, passear e fazer o que gosto e me faz feliz, mas no final do dia também me sinto feliz e respiro de alivio e de alegria, porque nem tudo pode correr bem, mas há sempre alguma coisa boa e positiva, que nos ensina a ter calma e a respirar, e nos ensina sobre nós mesmos.
Eu estou aqui e apesar de afastada nestes últimos dias não me tenho esquecido, e tenho sentido mesmo falta de escrever mais, a minha rotina anda a recompor-se novamente. Mas vamos lá ter calma que tudo acontece a seu tempo e às vezes só preciso respirar, nem eu sabia que tinha tanta calma, mas tenho sentido um bocadinho de orgulho nisso, quando penso que há alguns anos já tinha explodido e gritado e mandado tudo ao ar. Não adianta de nada penso eu, concordam?
Uma entrevista, numa empresa filiada no Porto, concretamente na Boavista. O cargo era atrativo, muito atrativo até, fiquei apaixonada por ele mal me candidatei. Gestão de clientes pós venda, num departamento, dos muitos daquela empresa, relacionado com a educação e a formação de jovens, e não só. O horário flexível, das 09.00h ás 17.00h, com folgas ao Domingo e à segunda, consegiu a minha atenção. Possibilidade de muitas deslocações a Lisboa, principalmente ao sábado, mas com carro da empresa. Uma manhã de sol poderoso, ligeiramente atrasada, porque o despertador só toca quando lhe apetece, lá fui.
Uma entrevista que tinha tudo para correu bem. Dois avaliadores: o diretor de recursos humanos e o membro dos recursos humanos que trata do intercâmbio da empresa na Itália. O choque inicial: era uma entrevista de grupo, com uma dinâmica de grupo. A minha primeira vez numa entrevista de grupo, e as poucas dinâmicas de grupo que fiz foram a brincar, nas poucas simulações de processos de recrutamento que assisti ao longo do curso. Sem medos e grandes receios, temos de confiar nas nossas capacidades e nas nossas qualificações. Éramos seis, todos os outros eram de uma faixa etária bem superior á minha. Quando chegou o momento da dinâmica de grupo, tinhamos de chegar a um consenso sobre dois casos que nos forneceram. Três senhoras, com idades próximas, começaram a expor as suas ideias, e não deixaram falar mais ninguém. Bem tentava, não era a única, sem qualquer tipo de sucesso. A linha que separa uma boa maneira de te impores neste ambiente é muito ténue, e a proximidade é muito grande entre a boa educação e o 'ficar mal'. Sem quaisquer regras de bom senso ou de boa educação, sem qualquer noção de cooperação ou de solidariedade, porque quem é mesmo bom naquilo que está a fazer, é bom de qualquer das formas e não precisa de passar por cima de ninguém. Ali, quem fosse bom, seria bom a falar na sua vez, se falasse bem, expusesse as suas ideias de forma coesa e organizada e melhor que os outros. Ali e em qualquer lado. E, claro, debater implica ouvir os outros. Se ficou mal? Para mim ficou. Se para os avaliadores ficou mal, não me pareceu. Se fosse eu que estivesse a avaliar, nenhuma dessas pessoas passava para a segunda fase de recrutamento. Não me consegui identificar, sempre me ensinaram a falar na minha vez e, a deixar falar os outros, porque quando quero sou muito participativa, principalmente se estiver na minha área de conforto, que era o caso. Fui algo que massacrada durante muitos anos relativamente a este último ponto, de deixar os outros falar na sua, e esperar pela minha vez, principalmente nos tempos do secundário, que fiz várias formações com várias instituições e associações de voluntariado. E as pessoas deviam ter consciência disso. Mas são sete cães atrás de um osso, como a minha mãe sempre me disse, e ou lutamos afincadamente por isso, ou se nos deixarmos ficar a oportunidade já está nas mãos de outro. Foi isso que aconteceu.
Não era para ser, quando tiver de ser será. Fiquei triste, fiquei muito chateada, algo desiludida comigo, mas depois passou.