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Coisas (des)Interessantes

Coisas (des)Interessantes

18
Mai22

Desabafos de uma grávida

mudadelinha

Entramos no último trimestre de gravidez e tenho um pequeno terrorista aqui, que não para quietinho um minuto, quando para até estranho. Tenho dito muitas vezes que para tudo o que temos vivido tenho tido uma gravidez santa, porque estes últimos meses, principalmente estas últimas semanas, têm sido o reboliço total nas nossas vidas, e não tive complicações nenhumas ao longo da gravidez. Os sustos normais como já contei, gases, uma outra dor estranha para pais de primeira viagem, mas nada que deixasse de cama ou que indicasse um parto prematuro.

Em novembro do ano passado, de 2021, decidimos comprar casa, já depois de sabermos que vinha um bebé a caminho. Vivíamos num apartamento arrendado, a senhoria deixa-nos os cabelos em pé, até tínhamos ideias de ficar com o apartamento porque gostamos especialmente da localização, mas depois começamos a perceber os joguinhos dela, então decidimos que íamos procurar uma casa com algum espaço exterior. Depois de uma semana de descobrirmos que estava grávida, vimos uma casa que preenchia quase todos os nossos critérios, principalmente o preço porque, mas ligeiramente fora da zona que queríamos, mas a casa tinha muitas outras coisas que na zona que queríamos não íamos encontrar. Não àquele valor. Naquele dia viemos embora pensativos, falamos muito pelo caminho, fizemos contas à vida, às nossas poupanças e a tudo e mais alguma coisa, e decidimos que era uma boa oportunidade. Apesar de ser mais afastada, estamos a sensivelmente 20 minutos de carro dos nossos trabalhos, estamos a 10/15 minutos dos nossos familiares, estamos relativamente perto dos principais serviços e acessos que usamos todos os dias. Da forma como está a ficar o mercado imobiliário, decidimos que ou era ali ou podia não ser mais. Fizemos contas de tempo também, mudanças, sair do apartamento, ir para a casa, tenho exame da ordem dos advogados em Faro na primeira de junho, e tinha de me deslocar ao Algarve não sei quantas vezes ao longo destes meses, mas inocentemente achamos que ia dar tempo para tudo. Pois bem, achamos mal, muito mal. Reservamos a casa a 6 de novembro e assinamos a escritura a 6 de abril. Todo o processo demorou 5 meses. 5 meses de stress, 5 meses de vida parada e 5 meses de uma gravidez, quando uma gravidez tem 9/10 meses, e o bebé não tem data e hora marcada para nascer, vem quando ele quiser, apesar de haver uma data prevista, é apenas uma previsão.

Estes meses têm sido cansativos e duros, muito duros, principalmente esta fase final, e se calhar por isso é que me queixo tanto de desconfortos da gravidez, porque sinto-me todos os dias a não poder aproveitá-la. Todos os dias luto para me manter calma e serena, positiva e otimista, mas com energia para fazermos tudo a tempo. Sinto-me constantemente cansada psicologicamente, sinto-me a precisar de ajuda e a não ter tempo de a procurar.

Têm sido tempos de mudanças de casa, de preparar a chegada de um bebé, de viagens Algarve-Porto duas a três vezes por mês, às vezes no mesmo dia, viagens que englobam uma logística e muito estudo também, um trabalho a full-time que adoro, e uma gravidez que tem sido calma, mas de calma não tem tido nada.

Quando vi a compra da casa tão parada, decidimos montar tudo do bebe em casa dos meus pais, pelo sim, pelo não, foi a melhor decisão, porque caso lhe apeteça vir mais cedo, temos tudo preparado, mas nem isso tem sido fácil também, porque sinto que não dedico o meu tempo a 100% a nada.

 

O L. diz-me todos os dias à noite que vai tudo correr bem, e a verdade é que tem corrido, mas sinto-me exausta e sei que estamos os dois exaustos. Ainda esta semana lhe dizia “sinto o meu corpo a pedir-me para parar e não ter tempo sequer para pensar nisso!”. E espero ter tempo para isso antes deste baby lhe apetecer nascer.

02
Nov20

Desabafos de 2020

mudadelinha

Nem sei bem que título atribuir a este post, como sempre. O título é sempre um problema.

As últimas semanas não têm disso fáceis, principalmente a última. E este não é de todo um post a queixar-me, não sou de queixar-me muito. O primeiro dia foi mau, o segundo já foi melhor, no terceiro já segui em frente e assim adiante. Não me vale de nada lamentar-me.

Em inícios de setembro rumei ao Algarve, para começar a trabalhar, no fim das férias de verão, e de uma bela temporada no Porto, em casa dos meus pais. Ao longo dos tempos que fui estando pelo Porto, decidi ir enviando alguns currículos e vendo as oportunidades de emprego no norte do país. Primeiro porque nunca fui de estar parada e depois com toda esta situação, sabia perfeitamente que afetaria a minha anterior situação de emprego, que era um estágio em advocacia remunerado. Quando tomei a decisão de ir trabalhar para o Algarve foi uma decisão definitiva, nunca pensei regressar de forma tão breve ao Porto, sabia que se corresse tudo bem, era lá que queria estar. Já falei disso várias vezes aqui pelo blog. Mas, a pandemia afetou a vida e o trabalho de todos, inclusive o meu. Para me precaver, decidi mandar currículos. Em inícios de Agosto, fui a uma entrevista no Porto, para um escritório que já conhecia há muito tempo, para uma vaga que me era familiar, num sitio que também me era familiar, e onde me era possível conciliar trabalhar de forma remunerada, aprender e adquirir outras competências, e terminar o pouco que me falta do meu estágio. A entrevista correu bem, mas nunca obtive resposta.

Em inícios de setembro, rumei ao Algarve, quando me deram feedback positivo de que podia voltar presencialmente para o escritório. As condições eram diferentes, ainda assim satisfatórias, e tinha a oportunidade de voltar ao meu cantinho. Ao longo da viagem, fui-me mentalizando que voltaria ao Algarve, que tão bem me recebeu, que me iria afastar novamente do L., dos meus amigos e família.

Mal estacionei o carro à frente do apartamento, recebo uma chamada, do escritório do Porto, a questionar quando poderia começar a trabalhar, se tinha disponibilidade imediata, ou se já não estava interessada. E aqui começa a saga das más decisões, porque nisso eu sou profissional.

Ainda ponderei aceitar ou não, mas a balança pesou mais para voltar ao Porto, porque estaria mais perto da minha zona de conforto, apesar de adorar o Algarve e de me ver a ficar por lá. A família e o L. apoiavam o regresso, o meu coração dizia-me que devia ficar no Algarve. Mas, não pensei muito. Disseram-me que estaria um mês à experiência e que depois assinaria contrato de trabalho. A remuneração era atrativa, principalmente para quem esteve anos a estagiar sem receber nada. Decidi aceitar a proposta, sem grandes certezas profissionais, e logo naquela semana voltei a casa, para começar a trabalhar na segunda. Senti-me feliz, mas nostálgica, disse a semana toda que ia ter saudades da minha vida no Algarve, apesar de ainda ter de lá voltar muitas vezes para resolver assuntos profissionais e para terminar a parte formal do estágio.

Um mês passou-se, tive 3 dias de formação intensiva, porque fui substituir a pessoa que lá estava naquela função. Familiarizei-me com a função, porque tinha experiência naquelas funções, não me era estranho. Gostei do ambiente, imaginei-me a ficar lá a trabalhar, gostei das pessoas e do ambiente do escritório.

Ao fim de um mês, cortaram-me as asas. O mês de experiência tinha passado rápido, não tinham gostado a 100% de mim, procuravam outro tipo de pessoa, e por isso prescindiam dos meus serviços, sem qualquer tipo de compaixão. Confesso que foi uma valente chapada de luva branca, saí de lá com as lágrimas nos olhos, e mal cheguei ao carro, com toda a minha tralha, fiz a viagem toda a chorar, porque precisava de chorar e de exteriorizar o que estava a sentir. Achei que tinha encontrado a minha oportunidade e morri a chegar ao mar, foi esta a sensação, continua a ser.

Mas, como digo, o primeiro dia foi mau, o segundo também, no terceiro acordei de manhã e pensei que a vida não acabava ali e estive o dia todo a mandar currículos e a procurar soluções.

 

Não sou de baixar os braços, mas faltou pouco para desistir, faltou mesmo muito pouco desta vez. Mas não o vou fazer, porque algo melhor me espera certamente.

12
Mar20

Doente e sozinha

mudadelinha

Este também era um dos meus principais medos. Ficar doente e não saber o que fazer, e estar sozinha. Não tenho grandes amigos nesta zona, com exceção dos meus colegas de trabalho.

Ficar constipada nesta altura foi assustador, primeiro por causa das notícias do COVID-19, depois porque não sou daqui, nunca me dirigi aqui a um hospital ou a um centro de saúde, não tenho médico de família aqui sequer, depois porque tenho toda a minha família numa zona de “risco”, onde já existem alguns casos positivos. Não sou mesmo de alarmismos, estou mais assustada por estarem a fechar tudo, do que com o vírus propriamente dito.

Já estava adoentada há uns dias, as mudanças de temperatura devido ao ar condicionado alteram-me todo o sistema, e o clima também, que é totalmente diferente daquilo que estou habituada. Este também é um dos pontos de adaptação, porque é muito bonito estar sempre calor e sol, mas isso tem outras consequências.

Na segunda cheguei ao escritório mesmo constipada, já tinha comprado medicamentos e parecia-me que seriam alergias. Chamaram-me à atenção que devia ter ficado em casa a recompor-me, mas para mim ficar em casa por causa de uma simples constipação era demais. Mas, lá está, esqueci-me que as pessoas estão todas assustadas por causa do vírus. A meio da tarde, no fim de uma formação, lá me pareceu razoável ficar por casa e recuperar bem. Na terça, não existiam melhorias, decidi dirigir-me a algum sítio que me ajudassem, lá fui ao centro de saúde mais próximo e de lá segui para o Hospital de Faro.

No Hospital de Faro, ao fim de umas horas de espera nas urgências, concluíram que mais não seria do que alergias e uma inflamação leve na garganta. Nada de novidades, portanto. A medicação foi igual à que já estava a tomar, e recomendaram-me os cuidados normais, principalmente por ter as defesas mais frágeis.

A verdade é que fiquei 2 dias e meio sozinha em casa a recuperar e isso era o que me assustava, e não foi muito agradável. Porque, pode parecer estranho, mas companhia nestes dias sabe bem. Mas, tudo se recompôs.

Já estou bem, fiquei bem, e não sou um caso positivo de CODAVID-19, felizmente.  Ao fim destes 3 dias, sinto uma pontinha de orgulho desmedida, porque já não tenho de ter medo de ficar doente e sozinha. Mais um obstáculo superado com sucesso!

 

 

 

28
Fev20

O início da aventura de viver sozinha

mudadelinha

Gostava de começar pelo início, mas nem sei bem como é que isto começou. Há uns dias fez um mês que estou a viver sozinha, a 500km de casa, longe da minha família, namorado e amigos. E, nada melhor que fazer um balanço do primeiro mês e pensar como é que isto começou.

Vim cá em Novembro, ainda o meu avô estava doente (aqueles momentos que nos marcam), e lembro-me de vir no comboio a pensar “E se a resposta for positiva? Largo tudo e venho? Vou ponderar, não vou ponderar?”. Vinha cheia de receios e de medos, mas vinha cheia de vontade de arriscar de mudar tudo, toda a minha vida, todo o meu dia-a-dia. E o L. vinha comigo, embarcou comigo na aventura, de vir ao Algarve umas horas, para uma entrevista, que tanto podia correr bem, como podia correr mal. Se estava preparada para tal, penso que sim.

A verdadeira aventura começou com a procura de casa! Eu sabia que não ia ser fácil, mas não pensei que fosse tão difícil. Por breves momentos, achei mesmo que seria impossível conseguir um T0/T1 por menos de 500€ e que não me pedissem os rins e os ovários de adiantamento e caução. Mais, que fosse por menos de 500€ e que fosse arrendamento anual, porque no Algarve o pão-nosso-de-cada-dia são os "arrendamentos por temporadas", ou nos meses de Verão. É tão-só ridículo. 

Ao fim de umas semanas de emails, telefonemas e mensagens, lá me caiu do céu um T1, perto de Tavira, por um preço aceitável, mas que não é em Tavira, como eu queria e quero, porque Tavira é uma cidade caríssima para arrendar ou até mesmo comprar. O ramo imobiliário por estes lados está assustador.

Queria um t0/t1 para ter condições, não só para mim, mas para receber a minha família, namorado e amigos, ao invés de ter de partilhar casa e ter um quarto, apesar de ter mais companhia, isso envolve outra logística a que não estou habituada, então coloquei logo essa hipótese de lado.

Quando consegui casa, onde não me pediram balúrdios de caução ou de rendas adiantadas, lá defini um dia para me mudar e as mudanças Porto-Algarve foram outra aventura não é verdade? Estamos a falar de 500km de distância. Fiz duas viagens de comboio e de autocarro, porque podemos trazer toda a bagagem que quisermos, e a última fiz de carro, o que tornou tudo mais fácil, porque alberguei no carro toda a minha casa. Estamos a falar de roupa, calçado, coisas para a casa e livros e tralha de material de estudo. Não foi de todo fácil, mas foi possível, e foi-se fazendo à medida que fui a casa.

Uma nova etapa começou, uma fase nova da minha vida, e por estranho que seja dizer isto, mais em voz alta, estou a gostar. Estou a gostar particularmente de morar sozinha, do silêncio e da solidão, acho que sempre precisei disto. As lágrimas aproximam-se dos olhos na hora da despedida, mas voam na hora que tenho os pés em terras algarvias e sinto que esta agora é a minha vida. E está tudo à distância de um telefonema, de uma chamada via Skype ou via Facebook.

Não me tem custado estar sozinha, fazer as lides de casa, cozinhar para mim, fazer compras para mim, chegar a casa e não ter ninguém e ter a casa como a deixei. Tem sido bom!

 

Esta aventura continua, todos os dias há uma coisa nova para contar.

 

Resultado de imagem para viver sozinho e feliz

(esta imagem foi tirada daqui)

31
Jan20

Um olá com saudades

mudadelinha

Gostava de dizer que estive tanto tempo afastada por boas razões. Nem sei bem por onde começar, mas acho que começar pelas boas noticias é sempre um sinal positivo.

 

Este é o primeiro post de 2020, o primeiro que escrevo sentada na minha mesa de jantar, no Algarve, e o primeiro que vos escrevo depois do meu avô ter falecido em Novembro.

 

É inevitável o aperto no peito quando escrevo e penso nisto, porque ainda não fiz o meu luto, porque a minha dor ainda não curou, a ficha ainda não caiu, nunca vai cair e as lágrimas começam logo a correr, porque a saudade é gigante e a dor é ainda maior.

 

Sair de casa e para tão longe foi a melhor decisão da minha vida, pelo menos para já, não só pela independência pessoal e financeira (creio que essa até foi a razão menos ponderada), mas porque foi a minha forma de fugir, foi o meu refúgio. A ideia de que brevemente esta mudança ia acontecer foi o que me salvou. E é o que me tem salvo! E, muito por isso, ainda não fiz o meu luto, tenho lidado bem com isso, tento não me deixar cair, não me deixar ir muito ao fundo, e aguento-me bem sozinha. 

 

Espero conseguir continuar a partilhar esta grande aventura por aqui, quero mesmo muito, tenho tanto para escrever e para contar, mas hoje não! Hoje as palavras ainda não fluem como eu queria, aos bocadinhos vou conseguir.

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