Sobre o Natal*
Somos sempre as mesmas seis pessoas sentadas à mesa de Natal: os meus pais, a minha irmã mais nova, eu e os meus avós maternos. Os lugares já estão marcados e mais que marcados, sem ser preciso marcadores em cima da mesa ou nas cadeiras.
Os doces são sempre os mesmos e sempre as mesmas pessoas a fazê-los. A casa da minha avó vai cheirar eternamente a aletria no dia de natal, a farrapo velho, a bacalhau cozido e a pão, que nós, carinhosamente, chamamos de "pão de natal". O tipíco pão-de-ló (que eu não gosto), o bolo rei (que eu também não gosto!), as nozes e os pinhões.
Não abrimos prendas, o pinheirinho nunca tem embrulhos debaixo, porque abrimos tudo à medida que nos vão dando.
A tradição da árvore de natal. É sempre montada no mesmo dia, no feriado do dia 8 de Dezembro, porque foi o dia do meu batizado, da minha irmã e da minha mãe e porque é o antigo dia da mãe.
Já sei o meu Natal de olhos fechados. Os cheiros, os sabores, as pessoas.
Se o trocava por alguma coisa? Não, não o trocava por nada. Nem gosto de pensar no dia que mudar alguma coisa.
Bom natal a todos!