Comecei a trabalhar quando estava a terminar o 11º ano com o objetivo de pagar a minha carta de condução no ano seguinte. Na época andava à procura de um part-time e surgiu-me a oportunidade de ir trabalhar para um bar de praia, essencialmente conhecido pelas suas noites de quarta e sexta-feira, no horário da noite, porque estavam à procura de alguém para fazer esse horário, das 16h até ao horário do fecho, sem folgas, porque durante o verão não fechavam o bar nenhum dia. Bem, para quem trabalha ou já trabalhou em hotelaria e restauração, sabe que quando se fala em horário de fecho é basicamente dizer que não há hora de fechar, mas eu não sabia disso. Como estava em época de exames nacionais, tinha o exame de geografia A e de MACS para fazer, prometeram que me davam aquela semana para estudar e para ficar em casa, e assim foi. Os meus pais foram comigo à entrevista (ou qualquer parecido com uma entrevista) e apesar de relutantes lá aceitaram a ideia, ficaram de me ir levar e buscar todos os dias porque eu não tinha carta de condução.
Começou assim o meu primeiro trabalho. Comecei em finais de Junho e, supostamente, seria até inícios de setembro, sem qualquer promessa de continuar, porque depois disso não seria preciso. Naquele verão conheci pessoas incríveis, fiz amigos, e o ambiente entre funcionários era realmente muito bom, se não era, eu era tão menina que nem me apercebia disso, eu era tão tímida e tão reservada que mal falava, mal pedia para ir à casa de banho. As minhas funções eram, essencialmente, lavar loiça e servir ao balcão, e assim fazia. Os patrões também eram minimamente simpáticos e sérios, e gostei imenso daquele verão. No final do verão colocaram-me em cima da mesa ficar lá durante os fins-de-semana, nos primeiros tempos só ao sábado, e quando começasse a chegar a época de verão novamente faria os sábados e os domingos, e assim foi, às vezes também ia à sexta, mas foi muito raro.
Ao longo destes quase 9 anos aprendi muita coisa com o meu primeiro trabalho de verão, algumas boas, outras nem por isso, mas cresci imenso e agradeço muitas vezes ter aprendido algumas coisas. Ao longo destes 9 anos, aquele sitio viu-me terminar o ensino secundário, com a média que tanto queria, viu-me conseguir entrar na faculdade e a alegria que foi ter entrado no curso que queria, apesar de ter sido numa faculdade privada, foi um momento feliz. Aquele sitio, onde eu entrei com uma relação, na altura de dois anos, viu os momentos bons e maus dessa relação, apesar de nunca ter mostrado muito e de reservar muitos esses momentos, fiz amigos e esses mesmos amigos e colegas de trabalho acompanharam muito esses momentos. Nesse sitio fiz amigos, não muitos que leve para toda a vida, mas alguns que sei que passe o tempo que passar, estarão sempre lá para celebrar as minhas vitórias, e chorar comigo os meus fracassos. Nos últimos anos passei para o horário da manhã e as funções alteraram-se um bocadinho também, passei a ser empregada de mesa e de balcão (sempre que era necessário!) e adorava ser empregada de meses porque adorava o contacto direto com o público, apesar de não ser nada fácil, bem pelo contrário e das dores de cabeça que nos dão.
Aprendi que há pessoas boas e há pessoas más, que há pessoas falsas e que temos de aprender a analisa-las e observa-las, por mais que pareça difícil, para não cairmos no erro e na tentação. Aprendi que às vezes devemos estar calados e só observar, que mais vale não reclamarmos e não resmungarmos, porque é só uma mais valia e se o fizermos sairemos prejudicados. Estas são lições que levo para a vida toda e para qualquer emprego que vá ter. Aprendi que as amizades devem ser estabelecidas fora do trabalho e que os amigos, grande parte das vezes, são as pessoas com quem mais discutimos a trabalhar, mas que isso não implica não gostarmos da pessoa, bem pelo contrário. Aprendi que amizades são amizades e trabalho é trabalho, e que não devemos misturar as duas.
Quando faço uma análise de todo este percurso apercebo-me que fui muito feliz, que tive momentos menos bons, mas que sempre que penso naquele sitio que me lembro sempre dos momentos bons, e que o primeiro trabalho, apesar de em nada ser relacionado com a minha área ou com o que me vejo a fazer futuramente, me trouxe muitas lições e me fez crescer muito enquanto pessoa e profissional. Mostrou-me um bocadinho daquilo que é o mundo do trabalho, ainda assim acho aquilo não é nada, comparativamente ao que vejo por aí, mas ainda assim preparou-me para essa triste realidade da arrogância, da falta de humildade, da prepotência e antipatia, da falsidade e da concorrência.
No fim sei que o melhor que trouxe daqueles tempos e daquele sitio foi o L., muito possivelmente se lá não trabalhasse não me teria apaixonado por ele. Conhecer tê-lo-ia conhecido, acho eu, mas não teria hipótese de conviver com ele e de ver a excelente pessoa que é. Por isso, só posso trazer recordações boas e uma certa nostalgia também. E os amigos que trouxe, que apesar de poucos são bons e tenho a certeza que me acompanharão durante alguns anos.
Por aí, histórias dos primeiros trabalhos/empregos?
Não tenho tido tempo de vir aqui e peço imensa desculpa. Não é que tenha muita coisa para fazer porque não tenho, o meu tempo é dedicado ao mestrado e as aulas são sempre em horário pós-laboral (uma coisa que adoro sou sincera!). Mas, quando venho aqui ao meu cantinho e, aos vossos também, gosto de fazê-lo num quadro bem grande de privacidade, e isso nem sempre é possível. Vou lendo algumas coisas, mas nem para isso tenho tido muito tempo, e sinto falta. Sinto muita falta de ler e de escrever. Ando dedicada, também, a ler literatura inglesa, para aperfeiçoar o meu inglês e, ando ocupada à procura de algum trabalho, na minha área ou o mais próximo da minha área possível. Não tem sido fácil, coisa de que já estava á espera, mas não posso ficar parada, alguma coisa há-de aparecer mais tarde ou mais cedo, não desanimo! Para já ainda não posso começar a estagiar, só quando estiver inscrita na ordem dos advogados e, isso só vai poder acontecer em Setembro, porque os cursos só abrem a partir daí. Até lá, preciso de fazer alguma coisa, além de estudar e de ler.
Sinto-me extremamente cansada, a precisar de férias e a precisar de sair da minha zona de conforto, tirar uns dias para sair de casa e fugir um bocadinho, para descansar principalmente o psicológico. Mas tão cedo não há férias, o que me desanima um bocado. Há sempre alternativas, e se não houver arranja-se sempre soluções. O moço faz anos em Abril e, estou a pensar oferecer-lhe (não sei se é bem oferecer-lhe, porque o presente é para mim também!) um pack da Odisseias, com alguma atividade para os dois, ou para uma noite num hotel, ou um dia no SPA. Ainda tenho de estudar e analisar a melhor opção. Por falar nisso, o moço arranjou um novo trabalhinho e, estou hiper-mega feliz por ele, porque apesar de não ser na área dele (ele é massagista e osteopata), acaba por ser na área dele porque já faz tempo que ele já trabalha em restauração e gosta também daquilo que faz. Fico feliz por ele porque consegiu melhor, as condições de trabalhosão muitíssimo melhores, a proposta foi praticamente irrecusável, uma cadeia de restaurantes muito mais organizada (a nível de férias, folgas, aumentos, prémios, progressão) e, o melhor ponto a favor é que esse restaurante encontra-se a menos de 2 minutos a pé de minha casa. Ele também está feliz, ficou certo daquilo que queria depois da entrevista. Inicialmente estava hesitante, a proposta chegou-lhe por um amigo e ele não sabia se devia ir ou não. Acabou por ir, incentivado por mim, não perdemos nada se formos ver o que é e o que têm para nos dizer. E fiquei muito admirada com a atitude dele depois da entrevista. Ainda pensei que ele fosse tremelicar e, ficar de pensar no assunto, pedir uns dias para meditar sobre aqui, mas não! Quando chegou ao pé de mim, disse-me que já tinha marcado um dia á experiência e, que se gostassem dele, ia falar com o atual patrão para o avisar, para denunciar o contrato de trabalho, e cumprir a antecedência obrigatória. Fiquei chocada a olhar para ele, não sabia se me havia de rir ou se havia de chorar, porque não sabia o que lhe dizer. Vocês devem estar a pensar: "Ela está a falar, mas se me lembro ela trabalha no mesmo sitio que ele, e diz que gosta e já trabalha lá há muito tempo". É verdade, mas uma coisa é estar lá a trabalhar a part-time, o que continuo a fazer, outra coisa é estar lá a tempo inteiro. Qualquer pessoa que olhasse para aquele contrato de trabalho ficava estúpida a olhar para ele. Aquilo não tem pés, nem cabeça. E a maneira como são tratados também. Quando vamos comer a um sitio novo, ou quando compramos roupa, costuma-se falar na relação preço-qualidade. Quando falamos em empregos, eu penso na relação triangular trabalho-remuneração-bem estar, e esta relação tal como na primeira, deve ser ponderada e muito bem equilibrada, porque não vamos pôr um trabalhador a trabalhar 40h semanais, de segunda a domingo, com uma folga (quando ela existe!), e durante os três meses de verão sem elas, sem descanso semanal, e a pagarmos quando nos apetece. Se assim, o único fator que perdura da minha relação triangular é o primeiro, é o trabalho. E assim não funciona, para nenhuma das duas partes. E são por estas, e por muitas mais razões que não me cumpre agora citar, que o incentivo a sair o mais rápido possível de lá, porque ninguém merece ser tratado assim no seu local de trabalho, porque por muito que preferisse que ele arranjasse algum trabalho na área dele ficava muito mais feliz, mas já fico muito mais descansada por saber que ele vai sair de lá, e que para o sitio que vai, também vai trabalhar muito (é uma das desvantagens da restauração já sabemos, o trabalho é pesado!), até pode não ter a melhor das afinidades com os colegas (o que duvido que aconteça, porque o L. tem um coração do tamanho do mundo, e toda a gente gosta dele, há mesmo quem abuse da sua inocência e bondade, como este parvo de que acabei de falar), mas pelo menos vai ser mais compensado por isso, porque vai receber bem mais um bocadinho por aquilo que vai fazer. Até lá, procura na sua área, mas vai ganhando o dele! E eu estou super feliz por ele.
Foi o melhor que me aconteceu estes últimos tempos, não me estou a lembrar de mais nada bom que me possa ter acontecido. Há sempre coisas boas claro, mas nenhum acontecimento de maior importância que possa partilhar, tirando que tenho uma entrevista amanhã numa empresa, e façam fisgas por mim para correr bem!
A minha cadela não percebe que, depois de doze horas de trabalho, com 33ºC de temperatura, as três bolachinhas de limão que sobram do pacote são minhas e, não há migalhinhas para ela.
Opáá, ela faz sentir-me egoísta, mas tenho razão, pfff!
Atenção, atenção! Não pretendo criticar, é apenas a realidade portuguesa do meu ponto de vista!
Trabalho a part-time no “Banheiro- Bar, Restaurante”. Estudo Direito, tenho pais, sou filha, tenho uma irmã, avós e, namorado. A minha mãe é professora, o meu pai motorista, a minha irmã estudante e, os meus avós comerciantes. Toco numa banda de percussão, tenho carta de condução e, esta é a minha vida.
Comigo a trabalhar todas as chávenas cabem dentro do cesto, para lavar. Comigo a trabalhar, não há contas de cabeça, há contas em pé. Pode faltar um 1.50€, ao fim do dia, na caixa, pois eu acrescento-o dos meus extras diários. Se cair pedras de gelo ao chão, chuto-as para debaixo das arcas (ninguém vê e todos fazem!). Quando parto um copo, não o coloco no caixote de metal (apropriado para vidros), meto-o no primeiro balde de lixo que encontrar, porque o caixote de metal está á frente do escritório do patrão! Comigo a trabalhar os clientes ficam satisfeitos, os cafés vão compridos quando deviam ser curtos, levo-lhes o jornal á mesa e, faço-lhes a vontade, converso um bocadinho. Faço-lhes a vontade a eles, não aos meus colegas certamente. Quando não gosto do almoço, não peço outra coisa, sem ninguém ver, como salada de fruta. Digo que vou á casa de banho, durante a tarde e, vou mandar mensagens a alguém. Vou comprar os jornais e, vou tomar café á minha avó rapidinho. Digo sempre que não fui eu que fiz a asneira, mas fui, ou melhor, às vezes fui, outras não.
E, esta sou eu a fazer um exame final na faculdade. Se tiver escolha-múltipla ou, verdadeiros e falsos, arranjo sempre maneira de ver por alguém, ou ao meu lado, ou á minha frente, quem tiver mais próximo. Caso não consiga, faço duas cruzes e, faço verdadeiros que parecem falsos e, vice-versa. Caso o professor não perceba, vai-me perguntar depois de saírem as notas e, aí depois de já saber a resposta vou responder correctamente. Sei que a minha letra é ilegível, no fim de cada exame, mas nem por isso escrevo com calma. O professor vira costas e, troco as folhas de rascunho com a rapariga que estiver ao meu lado. Não uso o telemóvel para ver as horas, para isso levava um relógio.
Estou numa actuação, muito importante e, engano-me enquanto estou a tocar. Parar fica mal, continuo a tocar, como se nada fosse, até acertar os passos. Tenho um instrumento em casa, o qual adoro tocar, apesar do barulho. Já me perguntaram imensas vezes por ele, mas em casa eu não tenho nada.
Diariamente. Com a família e amigos. A minha mãe e o meu pai perguntam quanto recebi do mês de Dezembro, digo 100€, mas foram 200€. Perguntam se fui às compras e, eu nunca vou às compras, mas aparece imensa roupa nova, nas minhas gavetas. Foi sempre a Mariana que me deu, até botas e sapatilhas. A minha avó pergunta-me se já fiz o que ela pediu e, é claro que sim, fiz de imediato.
Isto tudo para dizer que em tudo que faço, sou uma aldrabona! Ainda não matei ninguém, mas os meus exemplos políticos ensinam-me a ser assim. Quando for advogada, vou enviar uma carta ao Sr. Presidente da República para inovar os princípios da nossa Constituição. Está-nos a faltar o “Princípio da Aldrabice” e, é bem português, por isso acho injusto não estar consagrado, não me peçam exemplos, porque dava para escrever um livro e, daqueles com muitas páginas.
Comprei o meu portátil! Finalmente, andava há 4 anos para o fazer e, consegui-o agora.
Comprei alguns livros, que me fazem brilhar os olhos só de olhar para eles: A Ilha Terera de Richard Zimler, a Trilogia Grey de E L James, No Teu Deserto e o Rio das Flores de Miguel Sousa Tavares, um da Nora Roberts(que não estou a recordar o nome dele) e mais alguns que me ofereceram.
Passei a comprar e a ler a revista Happy, que por mais insignificante que possa parecer, faz-me bem.
AAHH, deixei de trabalhar á noite! É uma coisa que por mais cómica que seja, é muito cansativo e, não era vida para mim. Prefiro como estou agora.
Mudei de quarto com a minha irmã. E esta última coisa tem as suas coisas boas e más, visto que o quarto é maior em tamanho, tem uma ecretária que me dá imenso jeito, tem mais um guarda-vestidos que me dá um jeitão, mas não tem tanta luz como o outro, porque não apanha sol, e disso eu tenho saudades. O meu outro quarto é a divisão mais quente da casa, mesmo durante o inverno.