sobre as presidenciais*
Parece que lá ganhou o Marcelo... Para mim não é surpresa, já estava francamente à espera. Espero que desempenhe o cargo com dedicação e, que realize um bom trabalho! Vamos lá ver.
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Parece que lá ganhou o Marcelo... Para mim não é surpresa, já estava francamente à espera. Espero que desempenhe o cargo com dedicação e, que realize um bom trabalho! Vamos lá ver.
Tenho 21 anos e, como é óbvio não vivi o 25 de Abril. Mas, em minha casa, quase toda a minha família esteve presente nesse dia que, para mim é um dos dias, se não o dia, mais importante da nossa história. Falei nesse dia várias vezes na disciplina de história e, no curso que estou, posso dizer que a Revolução dos Cravos modificou todo o nosso panorama jurídico, político, económico. Todos sabemos disso.
Mas, estou aqui para dizer, que como curiosa que sou, não me fico só pelos livros ou, pelas aulas. Ás vezes, gosto de perguntar aos meus avós a razão por toda a admiração por António Salazar, quando a nível social, estamos muito melhores agora, podemos falar quando queremos, podemos discutir no meio da rua, não temos de ter medo da polícia, não temos de nos preocupar que vamos ser torturados para confessar algum crime e, coisas afins. A maior parte das vezes, eles não me sabem explicar essas coisas e, dizem-me que só quem lá viveu e, que sabe. E, dizem-me melhor, dizem-me que apesar de na altura se revoltarem, hoje dão muito mais valor a aspectos, que "nós" possivelmente nunca vamos dar.
Eu gostava apenas de deixar aqui a mensagem ou de tentar transmitir pelo menos que é um erro não darmos valor a este dia e, esquecer-mo-nos do valor que ele tem. Não estou a dizer que "nós" não sabemos, mas há muitos que não sabem e, que pior que isso, falam sem saber. Isso revolta-me porque quando este dia chega e, já o disse o ano passado, tento pensar que o que se passou em 1974 só nos facilitou a nós.
Estou à mais de duas horas com este separador aberto, com ideia do que vou escrever, mas sem saber como começar. Parece que já comecei, o segredo está se vou conseguir continuar até ao fim. Desejem-me sorte. À um par de dias que quero escrever sobre isto, que todos os anos, por esta época, me invade os pensamentos, o coração.
Não sei se alguma vez por aqui disse que morei mais de quinze anos perto do mar. Mesmo em frente ao mar, dizendo melhor. Guardo inúmeras recordações de infância, até porque cresci ali, naquele sitío, longe do mundo. Não creio que muitas pessoas possam dizer isto e, ás vezes, não sei até que ponto não fui uma sortuda por isso. Tenho, sobretudo, saudades de ouvir o mar, de adormecer a pensar no mar e, sonhar com isso. Quando era criança era muito imaginativa, adorava histórias, inventava as minhas próprias histórias, vivia na minha própria história.
Todos os anos, desde que tenho memórias, quando chegavam os primeiros raios de sol, o meu pai levava-me ,todos os dias, a molhar os pés, a correr na praia, a jogar bola ou, simplesmente, a apanhar beijinhos e búzios. E, é disso que tenho saudades. Tenho saudades de ter aquele mundo à frente dos meus olhos todos os dias.
Sei que fui uma sortuda, que sou aliás uma felizarda. Mas, não consigo conter as saudades do cheiro, do barulho, das ondas, de tudo. Guardo um respeito e um carinho inagualáveis por aquela força da natureza, vi muita coisa, tive medo muitas vezes, mas sempre soube que se o tratasse bem, ele não me fazia mal. Foi isso que me ensinaram, Na minha ingenuidade infantil, fazia conchinha com as minhas mãos, enchia-as de água, dava-lhes beijinhos e, despejava a água. Dizia-lhe que gostava muito dele e, despedia-me. No dia seguinte, sabia que voltaria a fazer o mesmo.
É este sentimento que falta a muitas pessoas, este respeito, ou até medo, como muitos lhe chamam. Um dia, talvez mais próximo do que aquilo que penso, quero que os meus tenham a mesma sorte. E, quero continuar a minha vida perto dele, porque sei que lá sou feliz, é o ar que respiro e, que tão bem me faz.
Acordei tarde hoje. Possivelmente, será o único domingo do ano de 2014 em que não me encontro a trabalhar. Quando desci as escadas, a primeira coisa que a minha mãe me disse foi "O Eusébio morreu!". Não vou mentir e, dizer que fiquei chocada ou, que fiquei tristíssima. A verdade é que costumo lidar bem com este tipo de notícias, quer dizer principalmente quando respeito as pessoas por qualquer coisa. No entanto, não esperava por ela. Enquanto que, por exemplo, do senhor Nelson Mandela, a notícia era para mim previsível, do Eusébio não era.
Lembro-me do Eusébio ser tema de conversa, nos meus jantares de Natal e de Ano Novo, e todos os janares de família. Porque eu adorava o Figo e, o meu avô idolatrava o Eusébio, apesar de portista. Lembro-me do Eusébio, sentado no banco de Portugal, a apoiar e dar força. Lembro-me do Eusébio, por muita coisa.
O Eusébio não é do meu tempo, eu não assisti aos bons momentos do Eusébio, vi alguns, mas não vibrei com nenhum deles, porque não era nascida. De qualquer das maneiras, é umas das figuras portuguesas mais acarinhadas pelo mundo todo. E, se levou o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo, não tenho mais a dizer que obrigado Eusébio e, descansa em paz! Os portugueses podem ter muitos defeitos, porque têm, mas podes ter a certeza que te estão profundamente agradecidos e, que deixaste o teu marco neste país.
R.I.P Eusébio!
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