A lei do positivismo - a maior lição
A minha vida anda virada do contrário há alguns dias e está um bocadinho difícil voltar à minha tão querida rotina. Os dias sem vontade de sorrir tem-se repetido, vezes sem conta, e a vontade de sair da cama também tem sido muito pouca, mas lá tem de ser.
O estágio lá vai correndo, uns dias melhores, outros piores, uns com vontade, outros sem vontade, mas muito melhor que o primeiro, e só por aí já vale tudo e já não custa sair da cama para ir para o escritório, a vontade já é alguma de ir, apesar de muitas vezes o cansaço falar mais alto. E como odeio sentir-me cansada, cansada física e psicologicamente, não gosto de me dar ao cansaço e de passar dias a repetir “Estou cansada!”, as pessoas que me ouvem a dizê-lo devem pensar que ando sempre cansada, porque de facto ando maior parte dos meus dias cansada.
A tese começa a ganhar cor, depois da primeira reunião, depois da marcação das primeiras datas e depois de alguns dias passados enfiada na biblioteca da faculdade, sinto que fiz uma boa escolha, quer do tema, quer da professora orientadora, e estou a adorar começar a ler mais sobre o tema. Adoro qualquer coisa que me faça aprender mais e ganhar conhecimento. Aqueles dias que saio da biblioteca ou do estágio e sinto que aprendi, que renderam aquelas horas todas a fazer determinada coisa, sinto-me verdadeiramente realizada. Nem sempre acontece, mas quando acontece, respiro de alivio e alegria. A verdade é que fico triste por não puder dedicar-me de forma completa à tese e por ter mil e um compromissos, e por ser tão difícil definir as minhas prioridades, porque é tudo importante, e ter de abdicar de alguma coisa às vezes é tarefa difícil.
As aulas da ordem estão a acabar e estou mesmo ansiosa que terminem, porque o ambiente que se instalou na minha turma é de cortar à faca, parece que voltamos ao secundário e tirando os amigos e colegas conhecidos que já tinha, não consegui estabelecer mais relações, porque as pessoas são realmente difíceis, e sente-se que estamos num mundo de trabalho competitivo, que os colegas olham de lado para todos, como concorrentes e futuros colegas, e não como pessoas que estão a lutar pelo mesmo e pelo mesmo futuro, e que nos podemos ajudar todos.
Fora isso o maior dilema dos meus últimos dias tem sido ponderar e gerir o meu tempo e pensar em fazê-lo nos próximos tempos. A tese tem de ser entregue em finais de outubro (dia 31 mais concretamente, mas posso fazê-lo antes!), e estava a organizar as minhas férias com o L. para finais de setembro, porque é a única altura em que conseguimos fazer férias juntos e este ano estávamos a pensar ir para fora, tirar 5 dias em Malta, para podermos passear e conhecer outro país, porque adoramos viajar e nunca temos oportunidade de o fazer, porque temos horários completamente incompatíveis. Programava também repetir o trabalho do verão do passado, já quero falar disso aqui há imenso tempo, porque foi uma ótima experiência e porque aproveito sempre o verão para fazer alguma coisa, visto que o meu estágio não é remunerado e ainda tenho algumas despesas, com a alimentação, o transporte, o material que vou precisando para trabalhar, como livros, legislação, fotocópias, etc. Este tem sido o meu maior dilema, será que vou conseguir fazer tudo? Que vou conseguir conciliar o trabalho de verão, com a tese e umas férias em setembro? Estamos a ponderar adiar essas férias, mas decidimos ter calma, um dia de cada vez e depois logo vemos. Já tínhamos reservado hotel, podemos cancelar gratuitamente até setembro e estávamos a ponderar comprar a viagem de avião em meados deste mês, o que decidimos atrasar mais uns dias, para eu conseguir ter uma perceção de como a tese vai correr até lá.
A maior lição de tudo tem sido aprender a ver as coisas boas, a pensar sempre de forma positiva e ter calma. Não pensei que o fosse conseguir, mas tenho conseguido e tem sido realmente bom, porque sinto que mesmo depois de um dia mau, sinto-me feliz com alguma coisa, quanto mais não seja porque esteve sol e adoro a luz solar. No meio de tantas coisas, e de alguns problemas que não são meus, surgiu-me uma entrevista de trabalho na próxima semana, de um emprego a sério, num local que eu adorava trabalhar, que já nem me lembrava de ter mandado o meu currículo, e que apesar de ser um bocadinho longe de casa, me fez ter esperança e fé, o que também estava difícil. E não estou ansiosa nem nervosa, como muitas vezes ficava com estas situações, porque já nem esperava que me ligassem, mas estou com um feeling positivo. Disse isto ao L. e ele só me apertou a mão e sorriu, como que me diz “Eu estou aqui, quer corra bem ou mal!”, e sempre que ele estiver eu sei que fica sempre tudo bem. E estou a fazer fisgas que corra bem, mesmo que não corra, vou estar de cabeça erguida e vou ver alguma coisa positiva nisso, ou pelo menos vou tentar. Esta proposta surge porque o meu estágio não é remunerado, e sempre que vejo alguma vaga ou algum trabalho que me interessa, mando o meu currículo, porque se, eventualmente, conseguir algum emprego na minha área, pondero seriamente aceitar, vejo as vantagens e desvantagens, e decido se sim ou se não.
No fim do dia sinto-me cansada, tem sido difícil gerir o meu tempo, definir prioridades, estar com quem mais gosto, passar tempo em casa, escrever no blog, passear e fazer o que gosto e me faz feliz, mas no final do dia também me sinto feliz e respiro de alivio e de alegria, porque nem tudo pode correr bem, mas há sempre alguma coisa boa e positiva, que nos ensina a ter calma e a respirar, e nos ensina sobre nós mesmos.
Eu estou aqui e apesar de afastada nestes últimos dias não me tenho esquecido, e tenho sentido mesmo falta de escrever mais, a minha rotina anda a recompor-se novamente. Mas vamos lá ter calma que tudo acontece a seu tempo e às vezes só preciso respirar, nem eu sabia que tinha tanta calma, mas tenho sentido um bocadinho de orgulho nisso, quando penso que há alguns anos já tinha explodido e gritado e mandado tudo ao ar. Não adianta de nada penso eu, concordam?