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Coisas (des)Interessantes

Coisas (des)Interessantes

12
Mai20

Querida quarentena,

mudadelinha

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(esta imagem foi retirada daqui)

 

Ou isolamento social, Covid-19, o que lhe quiserem chamar, agora que já estás de partida (espero!) tenho a dizer-te que, apesar de todos os inconvenientes e imprevistos que nos trouxeste a todos, tenho muito a agradecer-te, porque neste tempo todo em que estive isolada e “fechada” em casa, tive tempo e mais que tempo de pensar que também me trouxeste coisas boas.

A mais importante de todas, tempo, tempo a mais até, mas obrigado por isso, sabes porquê? Porque não o terei desta maneira tão cedo, nem quando estiver de férias, e vais-me ouvir queixar muitas vezes disso, e ainda me vais ver a implorar por tempos como estes, em que tive tempo de fazer tudo e mais alguma coisa, tudo aquilo que me queixo todo o ano de não ter tempo.

Tentei ser produtiva nestas semanas em que estive em casa. As primeiras semanas custou, deixei-me ser vegetal, porque senti que também o merecia, os últimos meses não tinham sido fáceis, a mudança e o trabalho no novo escritório esgotou-me e sentia-me mesmo muito cansada. Então, passei duas semanas deitada a ver Netflix, a consumir inutilidades das redes sociais e a comer porcarias.

Ao fim de duas semanas já estava cansada de não fazer nada de produtivo e então decidi pôr mãos à obra.

  • Comecei por estudar e trabalhar com o material que tinha à mão. Não trouxe muita coisa comigo, mas decidi deixar de me queixar e desenrascar-me com aquilo que tinha. O meu exame de agregação aproxima-se e não vou gozar de um período como este tão cedo, em que podia dedicar-me tão bem aos estudos.
  • Nesses dias, começaram também as iniciativas das conferências online, não só sobre este período e sobre esta situação excecional, mas de muitos outros assuntos que me interessavam. Então, deixei de consumir tanto redes sociais, para me dedicar mais a isso, ao conhecimento e à cultura geral.
  • Tive oportunidade de aperfeiçoar o inglês, com aulas em canais de Youtube, mas com material disponível na internet, livros que tinha em casa, e ainda com uma amiga australiana que conheci recentemente, que ao contrário de mim, precisava aprender português. Decidi tirar uma hora todos os dias para isso, e que bem que me fez!
  • Inscrevi-me, também, num curso online e gratuito de Cultura e Língua Chinesa, promovido pela Universidade do Porto. Já tinha tido aulas de Mandarim na faculdade, e aproveitei a dica para relembrar alguns conceitos básicos.
  • Além do inglês e do mandarim, aproveitei para ouvir espanhol, com menos intensidade é verdade, mas que sirva pelo menos para me sentir mais à vontade com a língua e para interiorizar algumas coisas.
  • Descobri, entretanto, um gosto que desconhecia completamente, que é desenhar. E que me permitiu descontrair das restantes tarefas mais intelectuais, com o objetivo de decorar os meus cadernos e resumos.
  • O mais importante de tudo e que achei que nunca conseguiria, foi começar a praticar algum exercício físico. Há anos que não fazia nada e que me queixava que devia, porque tenho imensos problemas de coluna e de joelhos que me proporcionam dores horríveis, e que sentia que eram pela falta de dinâmica física. E é verdade, desde que comecei, sinto que melhorei imenso, e ainda consegui levar de arrasto a minha irmã e o L. Todos os dias fazemos 15/20 minutos de exercício, descobrimos aplicações e canais de Youtube, e quando queremos descansar fazemos yoga só para descontrair e alongar os músculos. O importante agora é não parar, mesmo quando voltar a rotina, quero continuar a ter este hábito.
  • Pela primeira vez em cinco anos de namoro, vi quatro séries com o meu namorado, e vou ter muitas saudades disso, porque nunca temos tempo juntos para o fazer. Vimos As Telefonistas, La Casa de Papel, Vis a Vis e estamos a acabar Narcos.
  • Passei tempo de qualidade com a minha família e com o meu namorado. Almocei e jantei todos os dias em casa, cozinhamos algumas coisas, fizemos panquecas várias vezes, jogamos cartas muitas vezes, umas vezes a apostar shots de Licor Beirão, outras tantas só porque gostamos.

 

E é isso que quero agradecer-te, porque se não fosse todo este tempo nunca teria tempo para me dedicar a alguma destas coisas. Fico com pena de não ter conseguido praticar piano, que tanto quero há tantos anos, mas acabei por não descobrir o carregador do meu teclado. Fica para outra vez.

 

Não vou ter saudades tuas, e espero que tudo se resolva o mais rápido possível, infelizmente foram mais os inconvenientes que trouxeste, mas vou ter saudades de tudo o que fiz, e espero conseguir torná-los hábito e não me desleixar em nenhum.

07
Abr20

Ideias para a quarentena

mudadelinha

Aqui por casa somos cinco pessoas, todos adultos, e duas cadelas. A nossa sorte, digo tantas vezes em tom de brincadeira, são as cadelas, que requerem atenção e mimo, e fazem muita companhia nestes dias, além de que temos de as levar à rua. Andam sempre a saltar de quarto em quarto, porque não estão de todo habituadas a ter toda a gente em casa. São as mais felizes no meio de toda a confusão.

No meio de tudo isto, tenho-me apercebido que há imensas formas de nos distrairmos por casa e coisas bem interessantes para se fazer.

A primeira dessas coisas e que tem deliciado os meus dias, não é a única iniciativa, há muitas mais para todos os gostos, mas é a que tenho acompanhado mais, os diretos noturnos do Miguel Araújo para adormecer a filha. E não, não temos crianças para pôr a dormir, mas ficamos deliciados. Além disso, assistimos a imensos ‘concertos’ caseiros do Festival Eu Fico Em Casa, no instagram, que, entretanto, já acabou, mas adorava ver uma repetição com mais artistas portugueses que ficaram a faltar. Adoramos o concerto do António Zambujo, da Carolina Deslandes, da Bárbara Tinoco, e ouvi o Tiago Nacarato na viagem para o Porto.

A segunda dessas coisas e que tenho aproveitado para fazer, porque há imensas ofertas na internet, não vou dizer que são as melhores, porque não acho que sejam, mas já é um começo, é fazermos um curso online, há imensos gratuitos, e é uma boa forma de aprendermos aquela coisa que tanto queríamos e nunca tínhamos tempo. Tenho aproveitado para praticar inglês (o meu eterno calcanhar de Aquiles!) e comecei há uns dias com espanhol, porque nunca estudei espanhol na escola e nunca pratiquei espanhol durante a minha vida. Senti essa necessidade nos últimos tempos, não só pela nossa proximidade geográfica com terras espanholas, mas porque leio muita coisa escrita em espanhol, e sempre tive dificuldades. Há imensos canais de youtube e sites onde nos podemos inscrever de forma grátis e assistir a algumas aulas e praticar alguma coisa.

Ainda quero descobrir outro curso que me interesse. Sempre quis aprender a costurar, mas não tenho as ferramentas necessárias, por isso terá de ficar para outra altura. Mas, quero pôr em prática as minhas habilidades de DIY, tenho alguns materiais por casa que me podem ajudar.

Uma outra coisa bem interessante e que estou a aproveitar para fazer é ler. Ando a tentar acabar o livro que trouxe na mala, e que ando há tanto tempo para o acabar, O Véu Pintado, e, entretanto, comprei de forma gratuita um E-book na Wook, do José Rodrigues dos Santos, A Fórmula de Deus, e comprei um por 0,50€, O Fim da Inocência, de Francisco Salgueiro

Em relação a outra matéria, temos aproveitado para exercitar o corpo, e a mente também. Já não praticava exercício há uns belos anos (muitos mesmo!), e não sei se posso chamar ao que faço, praticar exercicio, mas conta a intenção. Há canais de youtube, sites e apps que nos ajudam a praticar exercício em casa. Temos tentado de dois em dois dias fazer alguma coisa. Começamos por alongar, para nos custar menos um bocadinho, mas aos bocadinhos queremos fazer exercicio de forma mais frequente.

Além disso, e para profissões mais especificas, têm decorrido imensas conferências online, tanto deste assunto, como de outras matérias atuais. Exemplo disso é a iniciativa de todos os Conselhos Regionais da Ordem dos Advogados, mas não só, também a Ordem dos Solicitadores e dos Contabilistas Certificados têm aderido e têm desenvolvido conferências, muito interessantes. Por aqui, tenho assistido a quase todas, e tenho aprendido muito sobre o assunto.

 

Espero de alguma forma ter ajudado e ter dado ideias interessantes em prática.

Por aqui, têm sido estes os meus dias, além de estar a aproveitar para estudar.

 

 

04
Abr20

A minha quarentena

mudadelinha

Na semana de 9 de Março fiquei doente, como já expliquei por aqui, desloquei-me ao Hospital, não era nada grave, alergias normais da mudança de estação e, principalmente, de clima. Podem achar engraçado, mas nunca fui dada a alergias, já fiz várias análises e nunca tive alergias, mas desde que vim permanentemente viver para o Algarve, tem sido uma desgraça. E sinto mesmo uma grande diferença quando vou ao Porto e quando volto novamente ao Algarve. A minha mãe queixa-se do mesmo, mas ao contrário de mim a minha mãe é asmática e sobre desse mal o ano todo.

Mas bem, fiquei doente nessa semana, e estive praticamente a semana toda em casa, mal sabia o que estaria para acontecer. Nunca me quis por a par das notícias sobre o COVID-19, os primeiros meses desvalorizei é verdade, acho que todos, de uma maneira geral, o fizemos. Estava sozinha e doente, não foi uma semana fácil, voltar ao trabalho nos últimos dias da semana foi uma lufada de ar fresco, porque estar sozinha tem sido fácil, mas muito se deve ao trabalho e ao local de trabalho, assumo-o.

No início daquela semana, inconsciente e irresponsavelmente, decidi tirar viagem para o Porto, para ir ver os meus, e ia de autocarro. Pensei que não houvesse qualquer problema, até que vejo as notícias de que o COVID-19 tinha sido considerado uma pandemia pela OMS. Fiquei assustada, mas ainda assim convicta de que no fim de semana poderia ir e vir sem quaisquer problemas. Mais tarde, vejo que decidiram fechar todas as escolas do país, e pior, que o norte do país era a zona mais afetada. E foi isso que me assustou. Decidi em segundos que não iria, por mim e pelos meus, sendo a minha mãe e o meu pai pessoas pertencentes a grupos de risco.

No decorrer do fim de semana soube que ‘tão cedo não iríamos para o escritório’ e que faríamos o máximo de trabalho através de casa, até nova informação sobre a suspensão dos prazos processuais, decisão essa que decidiu a vida da profissão nestes próximos tempos. Então a decisão foi simples, sem certezas por quanto tempo duraria esta situação, esperei a decisão do decretamento do estado de emergência, e rumei ao norte do país de carro, porque era a forma mais segura para mim e para os outros, porque não tive contacto com ninguém, só parei para ir à casa de banho e para tomar um café, sempre com as devidas precauções, e decidi fazer a minha quarentena em casa dos meus pais, o meu namorado juntou-se a mim no mesmo dia, o que tornou tudo mais fácil.

Claro que é muito mais confortável estar em casa dos meus pais, só o meu pai é que continua a trabalhar, porque é motorista, até porque posso ajudar mais facilmente a minha mãe, que é de risco, posso trabalhar, estudar, descansar e ainda aproveitar o namorado.

Vivo sozinha há uns meses e tem sido uma experiência muito positiva, mas há sempre saudades de casa, dos pais, da irmã, do namorado, das cadelas. E foi isso que vim aproveitar neste período. As saídas de casa têm sido raríssimas, só para compras essenciais para nós e para as minhas avós, farmácia e trabalho (quando necessário alguma deslocação), porque consigo trabalhar e estudar em casa.

Confesso que não tem sido fácil estar de forma permanente em casa, sou uma pessoa de sol, de esplanadas, que gosta de sair para respirar o ar do mar. Há dias que queria simplesmente sair para ir dar um passeio. Mas não me posso queixar porque tenho espaço ao ar livre em casa e nos dias bons vou para o exterior estudar e ler ao sol, ou só descansar.

Andamos sem horários e rotinas, temos tentado fazer coisas que no dia-a-dia não fazemos porque não temos tempo, como cozinhar (acho que aproveitamos todos para pôr as receitas do papel para a prática, estou sempre a ver bolos e receitas nas redes sociais!), temos tentado fazer algum exercício para exercitar o corpo e a mente, e temos aproveitado a família e as pessoas que amamos.

 

 

Pensamento positivo nestes dias, concordo que vamos dar valor a coisas e a momentos que anteriormente não dávamos.

 

 

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