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Coisas (des)Interessantes

Coisas (des)Interessantes

20
Jun20

A realidade de ter de ir outra vez

mudadelinha

 

Com toda esta situação que vivemos nos últimos meses, vi-me obrigada a voltar a casa, a casa dos meus pais, à minha família, ao meu namorado e amigos. E se não foi muito difícil para mim desapegar-me da primeira vez, creio que desta vez me vai custar mais. Voltei a casa por muitas razões, mas principalmente porque a possibilidade ficar sozinha tanto tempo me assustou, e porque é sempre bom o aconchego de casa e dos meus.

Estes últimos meses dediquei-me a muita coisa, estudei, trabalhei, aprendi inglês, fiz exercício, cozinhei, vi séries e filmes, mas passei tempo de qualidade com a minha família e com o L. Dediquei-me a coisas que de outro modo não teria tempo para o fazer, e o bem que isso me fez é inexplicável.

Ao fim de quase três meses em casa, tenho de voltar à casa a que me chamo de lar, a minha casa, onde estão todos os meus pertences e todas as minhas coisas, onde já fiz amigos, e aonde já me afeiçoei e onde já aprendi a viver sozinha. E aprecio mesmo muito morar sozinha, já o queria há muito tempo, e já nem sequer entendo que seja uma experiência, porque as experiências são temporárias, e não quero que esta passagem seja temporária. Porque viver sozinha e longe de tudo e de todos ensinou-me muito mais do que alguma vez pensei aprender, e muito mais do que alguma vez conseguirei explicar por palavras.

Nestes momentos mais sensíveis e mais nostálgicos, do ter de ir para longe e sozinha, em que as saudades começam a apertar, descubro que sou forte, e que sou capaz de correr atrás dos meus sonhos e dos meus objetivos, e que tenho as melhores pessoas ao meu lado. Os meus pais e a minha irmã que me apoiam em tudo e nunca me deixam desistir, que têm sempre um abraço à minha espera, e que me abrem a porta quantas vezes forem precisas, e o L. que tem sempre a melhor palavra, no momento certo, que me chama à razão vezes e vezes sem conta, que não se cansa de me ouvir e tem toda a paciência, e às vezes repito a mesma coisa um milhão de vezes. E é muito por eles, não só por mim, que vou, que luto e que aguento o que for preciso, porque foi sempre isso que aprendi, que é possível, não é a sorte que comanda, é o trabalho, a vontade, a persistência e a dedicação.

E as pessoas que nos amam tornam tudo muito mais simples, porque estão ali, à distância de uma chamada e de uma mensagem. Isso não se paga, é amor, e o amor não se conta e muito menos se paga.

A altura em que esta oportunidade apareceu foi das mais complicadas da minha vida, o meu grande pilar e o meu refúgio estava doente, passamos todos um mau bocado, mas senti-me realmente a desfalecer por não poder fazer nada pela pessoa que mais me amou na sua vida, e nessa altura, a possibilidade de embarcar numa aventura para tão longe caiu como uma bomba em minha casa, mas nunca ninguém me disse que não, que não devia, ou que não queriam que fosse. Acho que a certa altura, derivado daquele momento, pensaram que eu fosse voltar atrás na minha vontade e na minha decisão, e lembro-me de uma conversa com o meu pai e de ele me dizer que eu tinha de pensar na minha vida e era eu que tinha de o fazer, porque ninguém o faria por mim. Concordei com ele, e é a verdade, ainda hoje sei que é verdade, é dura e custa, mas é o que é. Foi sempre com aquelas palavras na minha mente que eu soube que estava no caminho certo, e que estava a fazer aquilo que o meu coração me dizia para eu fazer.

Hoje, a dias de ter de regressar, custa-me deixá-los e não saber quando posso voltar, porque os dias de hoje não me permitem vir todos os fins de semana, como vinha há uns meses. Talvez esteja algumas semanas sem os ver, e vai-me custar, de certeza que vai, e vou chorar algumas vezes (muitas de certeza!), mas o longe faz-se perto de forma muito fácil, e a decisão foi e continua a ser minha, e sei que terei sempre uma porta aberta, apesar das nossas discussões e dos nossos conflitos diários, não temos de nos dar sempre bem, também aprendi isso. Há dias felizes e há dias menos felizes, que chocamos mais, não deixamos de gostar uns dos outros.

 

Estes meses de quarentena juntos com os meses que vivi sozinha ensinaram-me muito, e levo essa aprendizagem e ensinamento para a vida, foram tempos que não esqueceremos absolutamente!

 

 

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