Os últimos tempos têm sido agitados, em relação a tudo. Não estou a conseguir definir uma rotina diária, o tempo que tinha vindo a aproveitar para escrever um bocadinho, tenho-o aproveitado para fazer a tese, pesquisar, tirar apontamentos, procurar bibliografia, ler artigos, noticias e textos sobre o tema. O primeiro projeto de índice que enviei à minha orientadora não foi bem aceite, primeiro porque era enorme e segundo, porque tal como ela mo disse, era demasiado ambicioso, quer a nível de espaço, quer a nível de tempo, pelo que tive de reestrutura-lo e não foi muito fácil. Quando pensei que podia começar a ver os capítulos, tive de pensar no índice todo novamente, o que por um lado foi bom, porque comecei do zero e voltei a analisar o tema, ajudou-me a pensar no que quero e no que não quero falar, naquilo que é fundamental falar e o sentido que lhe quero dar.
As mil e uma tarefas que tenho para cumprir não me dão tempo para muito, nem para pensar muito no que quero fazer. Todos os dias são um novo dia e todos os dias tenho alguma coisa para fazer. Se não é a tese, é a ordem ou o estágio, e tenho tentado dedicar-me totalmente a estas três coisas, vá duas: a tese e o estágio. Mas, à medida que o tempo vai passando, vou pensando nos próximos passos que quero dar na minha vida. Não estou tanto a falar do lado pessoal, mas mais do lado profissional. Há um ponto particular e fulcral que queria mesmo investir este ano, ao que se chama um curso de inglês. O meu inglês é demasiado razoável e básico e sinto que me falta esse ponto no meu currículo. Sinto que depois de o ter as portas e as saídas profissionais serão melhores e que terei mais confiança para arriscar noutras coisas. Já andei a ver cursos, cursos que tenham principalmente um horário flexível e que não sejam muito caros e que possa fazer algumas tarefas em casa, através do computador, sem ter de ir sempre à escola.
Inscrevi-me também numa associação de voluntariado jurídico, se assim lhe posso chamar. É uma instituição que visa ajudar e prestar apoio a pessoas que não tem capacidade financeira de aceder à justiça e que visa promover a solidariedade jurídica, através da colaboração voluntária de alunos, advogados estagiários e advogados. Pareceu-me um conceito muito engraçado e uma boa iniciativa para consolidar conhecimentos e aprender mais. Basicamente, recebemos por email os casos que eles têm em mão, e oferecemos a nossa colaboração, para todos os casos, para alguns ou só para um, e toda a informação inicial é dada via email, depois disso os colaboradores trocam informação entre si. Estou entusiasmada, voluntariei-me para o meu primeiro caso, e quero ver como vai ser.
De uma maneira muito geral, todos os passinhos que quero dar de agora em diante prendem-se com a minha vida profissional. Quero estabelecer metas para conseguir abrir mais portas profissionais e não me conformar ao que tenho ou poderei vir a ter. Não gosto das coisas fáceis e aprendi muito a lutar por aquilo que quero, é isso que quero fazer, quer a nível profissional, quer a nível pessoal.
Tenho saudades de fazer voluntariado. Enquanto estudo e, ando pelo mundo dos blogs, estava a pensar nisso, das saudades que tenho de fazer voluntariado. E, no meio disso, veio-me à memória uma das frases que mais gostei de ouvir até hoje e, que tanto sentido fez na altura. Foi numa formação de voluntariado, o ano passado, com um padre, que todos os meses vinha à faculdade dar-nos umas dicas. Esse mesmo senhor, numa das muitas conversas que teve connosco disse isto:
"Há pessoas que nos fazem bem! Há pessoas que não nos fazem bem. E é com as primeiras que devemos ocupar o nosso tempo e a nossa felicidade!".
Voluntariado é uma arte. Não é preciso muita coisa. É preciso coração, talvez um bocadinho de bagagem emocional, coisa que se pode conseguir com a prática e com a experiência. Nada mais que isso. Deixamos tudo o que somos, tudo o temos e,tudo o que aprendemos até hoje e damos um bocadinho de nós a quem mais precisa. Mas quando fazemos voluntariado, não estamos só a dar um bocadinho de nós, recebemos sempre algo, por mais pequeno e simples que seja.
A minha experiência como voluntária começou à aproximadamente sete anos, quando ainda frequentava o ensino secundário. Experimentei, ao longo desse ano, várias áreas do voluntariado, estive num centro de crianças desfavorecidas, num lar de idosos, numa instituição de animais, passei pela Santa Casa da Misericórdia na secção de pessoas com deficiência, passei um dia a limpar as florestas de Portugal e, com um grupo de colegas fomos passar um dia a Braga com o Habitat, instituição que, através do trabalho dos voluntários, constrói casas para famílias necessitadas. Tive, ainda, contacto com os sem-abrigo nas ruas do Porto e, tive formação com uma das instituições que pertencem à Universidade Católica Portuguesa, o Gas'Africa, cujo objectivo é enviar todos os anos (na altura do verão) um conjunto de voluntários, preparados para tal, para países africanos como Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-Bissau.
Nesse ano a minha experiência não foi muito positiva. Muitas vezes, as pessoas que lideram esses "movimentos" e instituições não são muito fáceis e preferem ser chefes a ser líderes, esquecendo-se dos pilares fundamentais que constituem o voluntariado. A verdade é uma, temos de saber lidar com estas pessoas, se o que queremos realmente fazer é ajudar os outros.Acabei por desistir no fim de todas as experiências e, procurar algo com que me identificasse mais e, com o qual sentisse uma ligação emocional. Mantive contacto com algumas pessoas que conheci e, com quem vivenciei essas experiências, mas não voltei mais às instituições ou aos locais onde estive.
No inicio do ano lectivo de 2014, ou seja em setembro, a Católica (faculdade que frequento) estava a fazer publicidade à CASO, núcleo de Voluntariado Nacional da Universidade Católica- Porto. Passo a explicar melhor, a CASO é um núcleo de voluntariado que permite aos alunos, antigos alunos, docentes e funcionários serem voluntários. E, depois as áreas são as mais diversificadas, cujos requisitos são os clássicos, sendo mais restritos para aquelas pessoas que querem fazer voluntariado nos hospitais, com crianças e adultos em fases terminais de cancro e outras doenças, porque nesses casos depende da admissão do hospital ou da instituição em causa. A CASO envolve-se todos os anos com um conjunto de instituições das mais diversas áreas e, dividem os voluntários inscritos por essas.
Não era recente a minha vontade de fazer voluntariado, bem pelo contrário. Quando entrei na Universidade Católica lembrei-me automaticamente do Gás'Àfrica, mas optei por não me envolver logo porque não sabia como ia correr a adaptação do primeiro ano de faculdade. Influenciada por alguns colegas, decidi mais tarde ir assistir a uma das apresentações da CASO, onde os seus elementos e responsáveis falaram das diversas áreas e das sus experiências. Envolvida por aquela emoção e, com saudades de dar mais um bocadinho aos outros, àquele que realmente precisam da nossa ajuda, lá me inscrevi. A CASO é antes um núcleo certificado, que no fim oferecem um diploma que podemos adicionar ao nosso currículo e, como é um núcleo principalmente constituído por estudantes, só é necessário ir à respctiva instuição uma hora e meia por semana, o que não é rigorosamente nada. Ao contrário de muitas pessoas que conheci não foram essas as razões que me levaram a inscrever-me.
Tenho a dizer que foi o melhor que fiz até hoje desde que entrei para a faculdade. Na maior parte das vezes é muito complicado gerir com os testes, com as avaliações, com o tempo para estudar e, com todas as outras tarefas diárias. Mas depois de sair de lá, muitas vezes cansada, ou cheia de fome, ou cheia de dores de cabeça, porque tomar conta de uma sala com vinte e duas crianças com três anos não é tão fácil como parece. Crianças com três anos estão aprender todas as regras que conhecemos, a manterem-se sentados, calados, quietos, com as perninhas cruzadas, a pedir para fazer xixi e cócó ao invés de fazerem na fralda. Aliás, muitas delas estão a largar nessa idade a fralda e a chupeta. Estão a aprender a falar e, a distinguir as cores e, no fundo só querem brincar, são crianças. Mas, é delicioso lidar com elas, a maior parte das vezes fico lá duas horas ou mais, conforme as actividades.
Na altura, optei por inscrever-me na àrea das crianças, que estão no infantário, porque adoro crianças e, infelizmente não tinha grande contacto com crianças. Na minha familía mais chegada não à crianças e, tinha vontade de lidar com elas. O que se aprende com elas é maravilhoso e, ganho o meu dia só porque elas sabem o meu nome e, ficam todas contentes quando chego lá, muitas chegam e dizem "Olá Rute, bom dia!", ou quando elas dizem "Rutjiii podes desenhar uma casa grande aqui para eu pintar?" ou quando pedem para lhes fazer uma pizza na plasticina porque eles não conseguem. E quando eles nos querem contar tudo e mais alguma coisa, "Oh Rute sabes onde eu fui ontem?", "Olhaaaa a minha mana ontem foi para o hospital, e levou uma pica grande!".
É tão bom recordar as minhas brincadeiras de infância e, sentir-me criança com eles, esquecer durante umas horas os problemas da vida!
No fundo tive sorte na instituição onde fiquei, porque tanto as educadoras como as funcionárias são brilhantes e, depois identifiquei-me com o método de educação, com as actividades que oferecem às crianças que lá estão, umas mais desfavorecidas que outras, porque é um centro social. E sinto-me realizada, sinto-me mais preenchida de cada vez que lá vou, porque se podesse ia todos os dias. A vontade de o fazer é muita e, é tão bom receber um sorriso como forma de obrigado, ou saber que fiz o da daquelas crianças feliz.
Um dos próximos passos é cortar o cabelo no IPO ou no Hospital S.João, porque doar sangue ou medula infelizmente não posso, devido ao peso, mas um dia que possa irei fazê-lo certamente.
Se ajudar está ao nosso dispor, porque não?
"Divida o pouco que tem, por quem nem pouco tem, pois não há alegria maior, que a alegria de fazer o bem"